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% * headers % (find-angg "quadradinho/quadradinho-texto.tex") % (find-estring (ee-latex-header "quadradinho/" "quadradinho-texto")) % (insert (ee-latex-header "quadradinho/" "quadradinho-texto")) % (defun c () (interactive) (find-zsh "cd ~/quadradinho/ && pdflatex quadradinho-a5.tex")) % (defun cp () (interactive) (find-zsh "cd ~/quadradinho/ && pdflatex quadradinho-print.tex")) % (defun d () (interactive) (find-xpdfpage "~/quadradinho/quadradinho-a5.pdf")) % (defun dp () (interactive) (find-evincepage "~/quadradinho/quadradinho-print.pdf")) % (defun m () (interactive) (find-sh "cd ~/quadradinho/ && makeindex quadradinho-a5")) % (defun cl () (interactive) (find-zsh "rm -v ~/quadradinho/quadradinho-a5.{aux,idx,ilg,ind,log,out,toc}")) % (find-xpdfpage "~/quadradinho/quadradinho-a5.pdf") % (find-evincepage "~/quadradinho/quadradinho-a5.pdf") % (find-evincepage "~/quadradinho/quadradinho-print.pdf") % (find-fline "~/quadradinho/quadradinho-print.tex" "signature=") % (find-fline "~/quadradinho/quadradinho-a5.tex" "defun subsec" "\n)") % http://angg.twu.net/quadradinho/quadradinho-texto.tex % http://angg.twu.net/quadradinho/quadradinho-texto.tex.html % http://angg.twu.net/quadradinho/quadradinho-a5.pdf % http://angg.twu.net/quadradinho/quadradinho-print.pdf % Dar cópias para: % Rodrigo Cazes % Vandinha % Helena % João Alberto da Costa Pinto \def\mysection #1#2{\section {#1}\label{#2}} \def\mysubsection#1#2{\subsection{#1}\label{#2}} \def\mysection #1#2{\section {#1}\label{#2}\hypertarget{#2}{}} \def\mysubsection#1#2{\subsection{#1}\label{#2}\hypertarget{#2}{}} \def\Index#1{\index{#1}#1} % (find-hyperrefmanualpage 12 "\\href{URL}{text}") \def\fnhreff #1#2{#2\footnote{\burl{#1}}} \def\fnhref #1#2{{\sl #2}\footnote{\burl{#1}}} \def\fnhreft#1#2#3{{\sl #3}\footnote{\burl{#1}#2}} \def\fnmailto#1{\footnote{\tt{#1}}} % (find-es "tex") % (find-es "tex" "psnfss-avant-garde") % * Quick index: % «.capa» (to "capa") % «.toc» (to "toc") % «.introducao» (to "introducao") % «.introducao-2» (to "introducao-2") % «.porque» (to "porque") % «.a-favor-da-greve» (to "a-favor-da-greve") % «.contra-a-greve» (to "contra-a-greve") % «.discurso-majoritario» (to "discurso-majoritario") % «.como-se-propagam» (to "como-se-propagam") % «.a-greve-em-si» (to "a-greve-em-si") % «.diagrama-da-greve» (to "diagrama-da-greve") % «.alem-das-bolas» (to "alem-das-bolas") % «.tecnocracia» (to "tecnocracia") % «.greve-impossivel» (to "greve-impossivel") % «.votou-agora-aguenta» (to "votou-agora-aguenta") % «.desperdicios» (to "desperdicios") % «.burn-out» (to "burn-out") % «.impossivel» (to "impossivel") % «.esperar-melhoras» (to "esperar-melhoras") % «.filtros» (to "filtros") % «.abandonados» (to "abandonados") % «.votocracia» (to "votocracia") % «.apoios» (to "apoios") % «.contos-de-fadas» (to "contos-de-fadas") % «.chomsky» (to "chomsky") % «.contagio» (to "contagio") % «.visibilidade» (to "visibilidade") % % Parte 2: % «.garrafa-dagua» (to "garrafa-dagua") % «.quimica» (to "quimica") % «.reestruturacao» (to "reestruturacao") % «.comissao-local» (to "comissao-local") % «.atas-e-gravacoes» (to "atas-e-gravacoes") % «.regimento-ict» (to "regimento-ict") % % «.como-eu» (to "como-eu") % «.carrano» (to "carrano") % «.e-so-assinar» (to "e-so-assinar") % «.anvisa» (to "anvisa") % «.conseq» (to "conseq") % «.esclarecimentos» (to "esclarecimentos") % «.queremos» (to "queremos") % «.chapa1» (to "chapa1") % «.debate» (to "debate") % «.debate-apagado» (to "debate-apagado") % «.telefonia» (to "telefonia") % «.atas-conpuro» (to "atas-conpuro") % «.sindicancia» (to "sindicancia") % «.reefer» (to "reefer") % «.fuga-dos-zumbis» (to "fuga-dos-zumbis") % «.cabo-frio» (to "cabo-frio") % «.nunca-tivemos» (to "nunca-tivemos") % «.fabricas-de-projetos» (to "fabricas-de-projetos") % «.sinergia» (to "sinergia") % «.femass» (to "femass") % «.divisao-das-salas» (to "divisao-das-salas") % % «.ideias-e-argumentos» (to "ideias-e-argumentos") % «.passa-o-sal» (to "passa-o-sal") % «.facas» (to "facas") % «.nao-disjuntas» (to "nao-disjuntas") % «.tempo-e-energia» (to "tempo-e-energia") % «.farra-das-diarias» (to "farra-das-diarias") % % Apêndices: % «.delpupo» (to "delpupo") % «.safatle» (to "safatle") % «capa» (to ".capa") \phantom{a} \vskip 1.5cm $$\includegraphics[scale=0.6]{front.pdf}$$ \vskip 0.5cm %\centerline{\color{Firebrick4}Versão 0.8} \centerline{\color{Firebrick4}Versão 0.8f} \centerline{29/julho/2013} %\centerline{7/fevereiro/2013} %\centerline{[email protected]} \centerline{eduardoochs@} \centerline{gmail.com} \msk {\footnotesize \centerline{Apêndices:} \centerline{Rodrigo Delpupo} \centerline{Vladimir Safatle} } \thispagestyle{empty} % ---------------------------------------- % ** «toc» (to ".toc") \newpage % (find-es "tex" "mytoc") % (find-angg ".emacs.papers" "kopkadaly") % (find-kopkadaly4page (+ 12 530) "\\contentsline") % (find-kopkadaly4text (+ 12 530) "\\contentsline") % (find-LATEXfile "2010unilog-current.tex" "\\tocline") % (find-fline "~/quadradinho/quadradinho-a5.toc") % (find-kopkadaly4page (+ 12 59) "3.4.3 Additional entries") % (find-kopkadaly4text (+ 12 59) "3.4.3 Additional entries") \def\anchortargettext#1#2#3{\hypertarget{#1}{\href{\##2}{#3}}} \def\tocline#1#2{\par \anchortargettext{.#2}{#2}{#1} \dotfill #2} \def\tocline#1#2{\par #1 \dotfill #2} \def\numberline#1{{\bf #1}. } \long\def\contentsline#1#2#3#4{\par[#1][#2][#3]} % (find-texbookpage (+ 11 282) "Summary of Horizontal Mode") % (find-texbooktext (+ 11 282) "Summary of Horizontal Mode") % (find-texbookpage (+ 11 314) "\\leavevmode") % (find-texbooktext (+ 11 314) "\\leavevmode") % (find-efunction 'find-pdf-text) % (find-efunction 'ee-goto-position-page) \def\toclineforsection {} \def\toclineforsubsection{} \long\def\contentsline#1#2#3#4{\csname foo#1\endcsname[#2][#3]} \long\def\contentsline#1#2#3#4{\par\csname foo#1\endcsname\tocline{#2}{#3}} \long\def\contentsline#1#2#3#4{ \par\noindent \csname toclinefor#1\endcsname \tocline{\href{\##4}{#2}}{#3} % \tocline{#2}{#3} } % (find-classespage 39 "\\newcommand\\tableofcontents") % (find-classestext 39 "\\newcommand\\tableofcontents") { \def\contentsname{} \footnotesize \tableofcontents } % ---------------------------------------- \newpage \phantom{a} %\vskip 2cm \vskip 1.5cm % -------------------- % ** «introducao» (to ".introducao") % (sec "Introdução" "introducao") %\mysection {Introdução} {introducao} {\bf Introdução.} Em 1º de junho de 2012, pouco antes da greve na UFF começar, já era claro pra mim que nós precisávamos de uma greve de ocupação e que nós precisávamos aprender a fazer mais ações ``políticas'' juntos, e eu mandei pra lista de discussão da Computação do \fnhref{http://angg.twu.net/blergh.html}{PURO} uma proposta: que a gente reunisse um grupo de alunos interessados em redes e começássemos a nos preparar pra tomar conta da internet do Pólo nós mesmos caso os técnicos decidissem desaparecer durante a greve. Só recebi {\sl uma} resposta - e foi de um técnico, e dizia isto aqui: \begin{quote} Sugiro que se o senhor e seus alunos não tenham nada mais importante para fazer, procurem! Atenha-se aos assuntos de sua alçada e não nos que dizem respeito aos técnicos. Imagine se todos os professores tivessem ``carta branca'' para acesso e manuseio da rede - fala sério! Vamos colocar os técnicos para aplicar as provas, vamos todos trocar de lugar... o senhor mesmo pode ir pra Informática consertar os PCs! Entendeu o caos agora? Com todo respeito, Professor, cada um no seu quadrado! \end{quote} \msk A minha idéia de {\sl mobilização} não era nada óbvia. Eu precisava escrever sobre ela. {\it Alguns argumentos aqui são simplificados.} Isto é de propósito - encontre os furos, discuta, faça a sua própria versão, acrescentando as suas idéias. A versão online deste texto - a mais atual, e na qual que os links funcionam - está em \burl{http://angg.twu.net/\#quadradinho} - você pode usá-la e modificá-la à vontade, mas por favor ponha um link para o original (quando possível). \msk Note que várias seções são só primeiros esboços e vão mudar no futuro!... mas os dois apêndices, o do Rodrigo Delpupo e o do Vladimir Safatle, já estão em forma definitiva. % \msk % % {\sl Pedaços diferentes deste texto foram escritos em épocas % diferentes}. Expressões como ``ontem'', ``semana passada'' % \begin{quote} % Rio de Janeiro / Rio das Ostras, 5 de agosto de 2012. % \end{quote} \newpage % -------------------- % ** «introducao-2» (to ".introducao-2") % (sec "Outra introdução" "introducao-2") %\mysection {Outra introdução} {introducao-2} {\bf Outra introdução} % (Pólo Universitário de Rio das Ostras) Quando a gente quer chamar a atenção pras condições precárias do PURO a gente sempre começa falando dos containers (veja fotos \fnhref{http://angg.twu.net/blergh.html}{aqui}), que já viraram nossa marca registrada. Os 16 containers brancos são alugados da firma XXX por R\$\,35\,000 por mês, e são quase metade das nossas salas de aula e todas as nossas salas de professores. Eles são ``fotogênicos'': é fácil fotografá-los, dizer ``eu dou aulas/estudo na universidade de lata'', e aí partir de algumas imagens memoráveis pra atrair a atenção para os nossos {\sl outros} problemas \fnhreff{http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/04/24/uff-ufrj-e-unb-participam-de-paralisacao-dos-servidores-publicos-federais-convocada-para-amanha.htm}{}... % ``isolamento acústico, ar condicionado e piso amadeirado'' Algo um pouco menos evidente, mas que pode ser mostrado em números e gráficos - embora não em fotografias - é a nossa falta de professors e nossas péssimas condições ``concretas'', ``mensuráveis'' de trabalho; o texto do Rodrigo Delpupo no primeiro apêndice (seção \ref{delpupo}) fala estes problemas, que se repetem em praticamente todo campus no interior, de forma brilhante. A greve foi principalmente por estes problemas ``mensuráveis'' - a seção \ref{diagrama-da-greve} discute um pouco as várias pautas de reivindicações da greve. Descobrimos que certos problema ``não-mensuráveis'', bastante interligados entre si, se repetem em muitas universidades. Algumas palavras-chave pra começar a falar sobre eles: ``vergonha'', ``ditadura dos editais'', ``destruição dos espaços democráticos''. A parte da ``vergonha'' é tratada em Psicologia do Trabalho (procure por Christophe Dejours e adoecimento docente); para ``ditadura dos editais'', procure por ``produtivismo'' - acho que sobre a ``destruição dos espaços democráticos'' há menos material por aí. \msk \msk Em uma das atividades de greve que organizamos no PURO - ``Memória e Luta pela Democracia'', organizada pela Kátia Marro e pelo Edson Teixeira - nós a cada semana começávamos vendo algo sobre ditaduras na América Latina e debatíamos depois. Duas destas discussões foram especialmente marcantes pra mim: uma depois de um documentário chamado \fnhreff{http://www.labutaca.net/52sansebastian/nietos.htm}{``Nietos: Identidad y Memoria''}, sobre a luta pra localizar as (ex-)crianças filhas de desaparecidos políticos que tinham sido dadas pra adoção pelos militares na Argentina, e recuperar suas identidades; outra a partir de um livro de uma fotógrafa que começou o seu trabalho com um pequeno anúncio: ``tiro fotos suas com os seus pais desaparecidos''. A idéia original dela era {\sl tecnicamente} muito simples: as pessoas traziam suas fotos antigas com os pais, ela projetava na parede, a pessoa se punha na frente da projeção, e tiravam uma foto disso - % Uma questão importante é a seguinte. Me parece que {\sl % muitas} pessoas acreditam que os ``winners'' vão sempre em % frente, e nunca remóem problemas passados - então como % justificar que {\sl em algum sentido} vale mais a pena podermos % olhar pra nossa história do que ignorá-la, distorcê-la, % mantê-la cheia de buracos escuros? {\sl Que tipo de ``inteireza psicológica'' conquistamos à medida que nos tornamos capazes de lidar abertamente com vergonhas, erros e problemas?} Ou seja, o que é que os ``winners'', que vão sempre em frente, e nunca remóem problemas passados, {\sl não} têm? {\sl E quais são as consequências de incentivarmos uma sociedade na qual o passado está sempre sendo apagado?} \msk As seções da Parte 1 foram escritas durante a greve ou logo depois, pra tentar complementar certas discussões de durante a greve. Como todos sabem, a grande mídia não tem como noticiar fidedignamente uma greve (seção \ref{chomsky}), mas mesmo na mídia alternativa e nos blogs e grupos de discussão\fnhref{http://angg.twu.net/2012-greve-fontes-primarias.html}{} certos argumentos não-usuais e que não cabem em poucas frases quase não apareciam... e este zine é uma tentativa de coletar um monte deles. A Parte 2 (p.\pageref{garrafa-dagua} em diante) é meio que uma tentativa de reconstruir partes da nossa história recente, meio estudo de caso, meio associação livre. É melhor ter um nome mais curto pra ``destruição dos espaços democráticos'', então vamos chamar isto de {\sl o problema dos Fontainers}. % Nossos containers só são necessários porque os nossos % prédios extras, que eram pra ter ficado prontos há anos % atrás, ainda estão só {\sl quase} prontos. % % Esses prédios estavam previstos no convênio com a Prefeitura de % Rio das Ostras, que criou o pólo % (seção \ref{farra-das-diarias}), e atrasaram principalmente % porque certas prestações de contas pendentes com a Prefeitura % eram quase impossíveis de terminar. Até ???/20?? a Prefeitura % pagava o aluguel dos containers [linkar: relatório da direção % Walter/Magini]. % http://angg.twu.net/PURO/relatorio_wm/relatorio_gestao_introd.pdf % http://angg.twu.net/PURO/relatorio_wm/relatorio_gestao_tabela.pdf \msk % (to "farra-das-diarias") % aug 25 2012 % _fontainers_ % Acho que a gente tem que dar mais visibilidade ao que está % acontecendo, e já vimos que os nossos representantes nas instâncias % superiores não nos representam... acho que esses 2 abaixo assinados % que a gente mandou pro GT de resstruturação - um do RHS, um do RFM - % foram uma ferramenta fantásstica pra isso; agora a gente pode % esfregar eles no nariz de todo mundo, e podemos até postá-los na % internet - nao só pra denunciar, mas também pra descobrir vários % outros campi no país que passam por coisas parecidas. % Por enquanto nós somos conhecidos como o campus cujo problema % principal são os containers, mas daqui a pouco nós podemos ser % conhecidos - NACIONALMENTE - como o campus dos _Fontainers_. % Várias da pendência que fizeram esses % % além do prédio que era originalmente uma escola pública -, % % O que eu posso pôr na minha homepage? % % Não consigo nem mais produzir artigos - me sinto traindo os meus % colegas, os alunos e o próprio cargo pro qual eu fui contratado % quando me refugio na minha pesquisa e omito e \newpage % -------------------- % ** «porque» (to ".porque") % (sec "Porque melhorar - ou não..." "porque") \mysection {Visões contra e a favor da greve} {porque} Vamos começar comparando uma argumentação contra o atendimento das reivindicações dos professores, alunos e técnicos das universidades federais em greve - pra resumir: ``contra a greve'' - com uma argumentação ``a favor da greve''. % ;; (find-kopkadaly4page (+ 12 607) "Index") % ;; (find-kopkadaly4page (+ 12 637) "Index") % ;; (find-kopkadaly4page (+ 12 67) "Index") % ;; (find-kopkadaly4text) \begin{quotation} % -------------------- % *** «contra-a-greve» (to ".contra-a-greve") % (subsec "Contra a greve" "contra-a-greve") \mysubsection {Contra a greve} {contra-a-greve} Porque todo mundo está apertando o cinto; porque o prazo para definir o orçamento do próximo ano está quase acabando; porque os professores mais competentes já têm como atingir condições melhores publicando mais, se juntando a programas de pós-gra\-dua\-ção, e liderando grupos de pesquisa; porque as universidades têm que se tornar mais eficientes. {\it Porque a negociação já está encerrada: o governo já assinou um acordo} (com o PROIFES) {\it e diz que não dá pra fazer mais nada.} % -------------------- % *** «a-favor-da-greve» (to ".a-favor-da-greve") % (subsec "A favor da greve" "a-favor-da-greve") \mysubsection {A favor da greve} {a-favor-da-greve} Praticamente todo mundo quer proporcionar a melhor educação pos\-sí\-vel para os seus filhos. Já nos conformamos com a idéia de que as escolas públicas são péssimas, e que então temos que pagar para os nossos filhos as melhores escolas particulares possíveis - ou, mais precisamente, as com os melhores índices possíveis de aprovação no vestibular - pra que aí eles passem para as melhores universidades possíveis. {\it Nós nos conformamos com a idéia de que a educação que realmente importa começa na universidade}. As universidades particulares são ruins - com poucas exceções, como as PUCs, e algumas semi-exceções - exatamente porque elas {\it têm} que ser economicamente eficientes, com professores dando aulas pra muitos alunos, e mesmo assim os alunos têm que ficar satisfeitos... e as conseqüências disto são: provas de múltipla escolha, índice obrigatoriamente baixo de reprovações, cumprimento superficial das ementas - os alunos ficam satisfeitos, mas num certo sentido eles são enganados. Eles recebem um diplominha no final - e talvez até tenham tido uma certa experiência com laboratórios bem-equipados e estágios - mas e daí? Podemos pensar também de modo mais amplo: queremos que nossos filhos sejam as melhores pessoas possíveis, tenham as melhores profissões possíveis, eduquem os seus filhos (nossos netos) da melhor forma possível etc. \msk Sabemos que nem todas as melhores pessoas possíveis vão ter trabalhos que paguem muito (\fnhref{http://www.cracked.com/blog/6-things-rich-people-need-to-stop-saying/}{6 Things Rich People Need to Stop Saying}, itens \#4 e \#3) - nem todas serão juízes ou empresários, e sabemos inclusive que há juízes e empresários canalhas, que têm filhos que são delinquentes ricos, que podem fazer praticamente o que quiserem que ficarão impunes. Ou seja, sabemos que nossos filhos ``serem as melhores pessoas possíveis'' e ``ganharem muito'' são coisas {\sl independentes}. Note que estou, de propósito, falando de dois sentidos diferentes de ``educação'': a educação que gera caráter (``boas pessoas'') e a que dá diplomas, empregos, e dinheiro. Mas estes dois tipos de ``educação'' não são totalmente independentes. Imagine a seguinte historinha: um pai quer dar a melhor educação possível pro seu filho; ele se mata de tanto trabalhar pra pagá-la - daí esse filho acaba tendo pouco contato com o pai, e boa parte do seu caráter - no sentido de ``como ele vai lidar com as situações'' - acaba sendo formado na escola e na universidade, através de coisas que ele lê, vê, pensa, discute. Ou seja: é comum nós delegarmos uma parte da educação ``do caráter'' para a escola e a universidade, até porque não temos tempo de dá-la nós mesmos! Só que a escola e a universidade que são obrigadas a serem as mais eficientes possíveis, funcionando com menos recursos e preparando pro vestibular - no caso da escola - e diplomando e gerando profissionais - no caso da universidade - não têm como fazer isto! \end{quotation} % [# *** % % [P (Claro que eu concordo com o "Por que melhorar..." - os motivos % para comparar estes dois pontos de vista opostos ficarão claros nas % próximas seções).] % % [P O que estou querendo dizer com isto é: educação é prioridade [IT % sim]. O mundo pode estar passando por uma crise, e será necessário que % a população pense no que considera prioridade, e exija que o governo % cuide das prioridades corretas.] % % [P [IT Porque a gente se acostumou a não pensar e não exigir?] Isto é % uma questão importantíssima, que tem bastante a ver com a sensação de % que nada adianta. Isto é o tema da próxima seção.] % % *** #] % -------------------- % ** «discurso-majoritario» (to ".discurso-majoritario") % (sec "O discurso majoritário" "discurso-majoritario") \mysection {O discurso majoritário} {discurso-majoritario} Eu notei que eu às vezes penso em algo que é absurdo como está, e que há mil argumentos para que seja mudado - por exemplo, que precisamos de mais professores nas universidades federais, porque os que estão nelas estão muito sobrecarregados - mas aí eu imagino o tom da resposta do governo: ``{\it não temos recursos, vão trabalhar, parem de reclamar, se virem}''! Aí eu fico repetindo, pra mim e pras outras pessoas em torno de mim, a resposta que eu {\it prevejo} que o governo dará - fico procurando algum modo de desmontar com argumentos esse tom de impossibilidade do governo, e não encontro... {\it Acho que eu acabo me sentindo idiota, ingênuo e otário quando tento discutir com pessoas} - em especial ``autoridades'' - {\it que não aceitam nem os melhores argumentos. E quando eu consigo prever como essas pessoas vão reagir eu pelo menos me sinto menos ingênuo.} Uma alternativa é desistir de encontrar uma argumentação única, impecável, que certamente prevalecerá sobre as outras; reconhecer que estamos lidando com gente rígida, irredutível, que não é lógica e nem razoável, e que nem se importa em ser coerente. Estas pessoas - no caso, o governo - repetem uma linha de raciocínio como se fosse a única possível, e como a mídia também repete só esta linha de raciocínio (vou chamá-la de ``discurso majoritário'') a gente acaba acreditando que esta é a única possível, e que a nossa não faz sentido, que a nossa nunca vai ser reconhecida, que a nossa {\sl não existe}. % -------------------- % ** «como-se-propagam» (to ".como-se-propagam") % (sec "Como as idéias se propagam" "como-se-propagam") \mysection {Como as idéias se propagam} {como-se-propagam} Antes de discutir como uma idéia como ``as universidades federais precisam de mais professores e melhores condições de trabalho'' pode se tornar ``majoritária", vou preparar o terreno falando de três outras coisas: \begin{itemize} \item No Chile vários movimentos de protesto, que no início tinham reclama\-ções e demandas totalmente diferentes, foram se juntando, e bem aos poucos, à medida que a população se envolvia, todos discutiam, e certas idéias iam se tornando familiares ("majoritárias"), foi possível surgir uma exigência principal em comum: \fnhref{http://www.ft-ci.org/article.php3?id_article=5500?lang=es}{``educação gratuita para todos''}. \item No ato em Macaé no dia 14/junho/2012 eu vi um estudante num carro de som dizendo algo que naquele momento soou óbvio e natural: que o governo é eleito pra nos representar e pra cuidar do país da melhor forma possível; eles não podem desmantelar a educação, e {\it muito menos fazer isto em nosso nome}. Naquele momento eu vi uma idéia ``nada familiar'' se transformar numa idéia ``óbvia'' - até poucos dias antes eu achava que esta idéia do ``não em nosso nome'' era tão alienígena para brasileiros que eu não conseguiria imaginar ela sendo dita numa praça pública e sendo ouvida e reconhecida por uma multidão. \item No \fnhref{http://www.amazon.com/The-Back-Napkin-Expanded-Edition/dp/1591843065/}{``The Back of the Napkin''} \index{Back of the Napkin} tem este este trecho (pp.113-114): \begin{quotation} Regardless of who he is talking to, Jeff gives essentially the same speech, but how he succeeds in getting his various audiences engaged is that he varies the level of simplicity versus elaboration to match the expertise of his listeners. Jeff begins his talks by showing one of two drawings of how the brain works, one for lay audiences and one for the experts. The simple picture is composed of two boxes, thirteen arrows, and eleven words, and describes conceptually how our brains process incoming information. Hawkins's second drawing is also composed of boxes, arrows, and text... just a lot more of them. This version is the one that Jeff shows when talking to neuroscientists, PhD's, and other experts. Although conceptually the same as the first drawing - the same components, the same relationships, even the same shapes - this drawing scares off anyone not already an expert in brain science. At the same time, Jeff needs this drawing as his introduction when addressing the experts because if he doesn't show something this elaborate, they won't believe that he knows what he's talking about. The most interesting part of this whole story is that by the time his presentation is over, Jeff has shown both audiences - experts and newbies - both pictures. For the lay audience, seeing the wildly complex drawing after they understand the basics of how the brain works is amazing. And the neurobiologists and PhD's get really excited by Jeff's simple drawing because once they believe he knows what he is talking about, they find the drawing refreshing. \end{quotation} Repare que boa parte do trabalho desse cara consiste em pegar uma área do conhecimento muito difícil - {\it e que ainda está sendo construída} - e torná-la acessível. \end{itemize} Uma das principais funções da universidade - é bem evidente que professores fazem isto o tempo todo, e que pesquisadores fazem isto em apresentações, mas os alunos também aprendem a fazer isto - é pegar assuntos difíceis e complicados e construir ``portas de entrada'' pra eles, pra que outras pessoas tenham acesso a primeiro uma versão simplificada deles, depois à versão completa, com todas as sutilezas... O que está acontecendo agora é que o governo e a mídia nos empurram uma visão de mundo ``majoritária'' em que só importam a economia e a formação ``eficiente'' de profissionais ``eficientes'' pro mercado de trabalho. É preciso fazer com que as outras ``visões de mundo", em especial as sobre a educação, se tornem mais coerentes, mais familiares, e, aos poucos, ``majoritárias'' - quando isto acontecer vai pegar muito mal o governo continuar deixando a edu\-ca\-ção à míngua, e {\it é aí que poderemos considerar que o governo estará sendo efetivamente pressionado}. (Quando eu falo sobre as ``outras visões de mundo'' se tornarem ``mais coerentes'' e ``mais familiares'' eu estou querendo dizer algo que pra mim é bem preciso. Quando eu fico só repetindo o ``discurso majoritário", como na seção \ref{discurso-majoritario}, eu não consigo pensar sobre a alternativa - e portanto não consigo detalhá-la, nem me\-lho\-rar o modo de expô-la (como no terceiro item acima)... a alternativa escorre do meu pensamento, não se fixa, não consigo repetí-la nem pra mim nem para outros, e daí não consigo nem melhorá-la nem torná-la familiar - ela se esvai.) Repare que na terminologia do capítulo 13 d'\fnhref{http://angg.twu.net/zamm-13.html\#vu}{``O Zen e a arte da manu\-ten\-ção de motocicletas''} o trabalho de entender, discutir e transformar idéias é feito pelo ``espírito da universidade'' - em contraposição ao ``prédio da universidade'' -, e ele pode acontecer entre pessoas quaisquer, em qualquer lugar. Aliás, agora que o governo tem tentado reduzir as universidades a fábricas de diplomas (e a pesquisa a fábricas de artigos cientificamente irrelevantes, mas que contam o máximo de pontos no currículo Lattes\footnote{Isto foi discutido durante meses na Lista Brasileira de Lógica; um link: \burl{http://www.dimap.ufrn.br/pipermail/logica-l/2012-July/008246.html}} as universidades em funcionamento normal se reduziriam ao ``prédio da universidade"; a universidade ``real'' acontece principalmente durante a greve, e principalmente durante as atividades de greve. {\it Obs:} muitos alunos e professores só se ausentam durante a greve por não saberem participar de nenhum modo mais efetivo do que simplesmente \index{voto} ``votando a favor''. Mas a idéia de {\it participação ativa} é mais uma das que só estão se tornando familiares aos poucos. % -------------------- % ** «a-greve-em-si» (to ".a-greve-em-si") % (sec "O objetivo da greve é a greve em si" "a-greve-em-si") \mysection {``O objetivo da greve é a greve em si''} {a-greve-em-si} Isto {\it poderia} ser um slogan contra as visões imediatistas da greve - se fosse fácil de entender. % Voltando: é por isto que neste momento eu considero que ``{\bf o % objetivo da greve é a greve em si}'' - O governo está numa posição tão viciada que ele não tem nem como entender nem como atender a pauta de exigências para melhoria das condições da educação; o único modo de transformar concretamente as condições passa por mudar a mentalidade de boa parte do Brasil, {\sl e isto é feito na greve}. Se nenhuma reivindicação nossa for atendida, {\sl ótimo} - continuaremos aproveitando cada segundo desta greve (e da próxima, se tivermos que interromper temporariamente esta) para trabalhar para criar as condições para uma mudança real. % -------------------- % ** «diagrama-da-greve» (to ".diagrama-da-greve") % (sec "Um diagrama para a greve" "diagrama-da-greve") \mysection {Um diagrama para a greve} {diagrama-da-greve} No início da greve muita gente a via como este diagrama aqui: $$\includegraphics[scale=0.6]{greve-simplificado.pdf}$$ % \vskip 4cm Os negociadores dos professores (NP), falando em nome de todos os professores, negociam com um negociador do governo (NG), que fala em nome da Dilma (D) e do governo em geral. Os professores cruzam os braços, o governo fica incomodado, o NP diz ``queremos melhores salários!", ou ``queremos que vocês nos tratem melhor!", e algo acontece. Mas pra uma descrição minimamente realista precisamos de um diagrama bem mais complicado. $$\includegraphics[scale=0.6]{greve-full.pdf}$$ % \vskip 5cm O principal NG, Mercadante, negocia com representes do ANDES, que é um sindicato grande, e do PROIFES, que é pequeno. Cada sindicato tem membros muito ativos, que acompanham as negociações em detalhes, e membros menos ativos; além disso o ANDES ``representa'' todos os professores de certas universidades, e o PROIFES todos os de outras. Nas assembléias de greve nas universidades todos os professores que comparecem podem \index{voto} votar, não só os sindicalizados. Alguns professores não vão nas assembléias mas discutem com os que vão e os influenciam; outros professores só vão para as suas casas durante a greve, e desaparecem. Os negociadores dos sindicatos repassam muitas informações para as assembléias, e eles se guiam pelo que acontece nas assembléias pra negociar. Isso é só o que acontece na bola ``professores". Na bola ``governo" também entram o MEC, o MPOG, juristas, etc. E, na interface entre as bolas, as negociações são baseadas numa \fnhref{http://portal.andes.org.br/imprensa/noticias/imp-ult-1539784043.pdf}{\Index{pauta de revindicações} enorme} dos professores, e em documentos detalhados produzidos por um lado e pelo outro. Quando o diagrama é MUITO simplificado a pauta de reivindicações é resumida a um item só: ``salários". O segundo item da pauta, ``plano de carreira", não é tão distante de ``salários'' assim; resumir ``salários e plano de carreira'' a ``salários'' numa reportagem obrigada a ser muito curta não é tão enganoso. Mas o terceiro item da pauta é ``condições de trabalho e estudo". {\it Neste momento - início de agosto/2012 - as ``condições de trabalho e estudo'' desapareceram da grande mídia.} Porquê? Porque o governo apresentou uma propostas ``puramente econômicas'' que só falavam de salário e plano de carreira, o PROIFES propôs que a segunda estas propostas fosse aceita, a aí pergunta urgente passou a ser: ``será que a greve vai acabar?''... o ANDES preparou análises detalhadas, ``técnicas'', destas propostas e as divulgou - ``técnicas'' no sentido de que mesmo quem reduz tudo a contas do modo mais míope possível, vendo só salários, vai reconhecer estas análises como algo totalmente ``objetivo'' - e mostrou que as propostas são péssimas. % -------------------- % ** «alem-das-bolas» (to ".alem-das-bolas") % (sec "Além das bolas ``governo'' e ``professores''" "alem-das-bolas") \mysection {Além das bolas ``governo'' e ``professores''} {alem-das-bolas} Já vimos, na seção ``A favor da greve'', que ``queremos universidades melhores'' é (ou: pode ser) uma demanda da população como um todo; ``queremos melhores salários para os professores das IFES'' é uma demanda que só interessa realmente aos professores das IFES. Vou chamar de a ``pauta real'' a \fnhref{http://portal.andes.org.br/imprensa/noticias/imp-ult-1539784043.pdf}{pauta de reivindicações completa}, e de ``pauta resumida'' a que só tem salários e plano de carreira, ou só salários. Como dizia um amigo meu, ``resumiu tanto que ficou errado''. A ``pauta real'' não é só da bola ``professores''. Ela importa a uma bola maior: a bola ``universitários'', que inclui estudantes e professores, e também a uma bola maior ainda: a ``população''. É difícil defender a ``pauta resumida''. Os professores das IFES já são vistos como os primos ricos dos professores de ensino médio, que a população já se acostumou a manter paupérrimos como monges fransciscanos, então algumas pessoas vão ver os professores das IFES como marajás pedindo aumento. % -------------------- % ** «tecnocracia» (to ".tecnocracia") % (sec "Tecnocracia" "tecnocracia") \mysection {Tecnocracia} {tecnocracia} Um {\it \Index{tecnocrata}} é uma pessoa que toma suas decisões baseando-se somente em informações técnicas, ignorando todas as questões ``humanas''. {\catcode`\_=11 Na seção \ref{desperdicios} eu explico porque eu acredito que os ``investimentos'' que são necessários para melhorar a Educação não podem ser só financeiros; mas o governo está tentando responder às demandas dos professores só de modos econômicos e técnicos - e de forma inconsistente (procure no Google por ``educação não é gasto, é investimento'' - esta idéia foi ignorada), e manipulativa (veja \fnhref{http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed703_o_jornalismo_cego_as_armadilhas_do_discurso_oficial}{esta análise} da proposta dos 45\%), mas isto não vem ao caso agora. } {\it Porque não conseguimos pôr no governo pessoas que saberiam fazer os ``investimentos não-financeiros'' necessários?} Pra facilitar a exposição das próximas idéias deixa eu improvisar uns termos: \begin{itemize} \item {\it (Fazer) política ``no bom sentido"} é fazer com que as pessoas dialoguem, troquem idéias, se entendam, e cheguem perto o suficiente de consensos pra que consigam trabalhar juntas - e daí consigam realizar coisas juntas mesmo que os recursos financeiros disponíveis sejam mínimos; \item {\it (Fazer) política ``no mau sentido"} consiste em fazer alianças, promessas e trocas de favores, pra ganhar \index{voto} votações, aprovar projetos e mudanças de regras daninhos à sociedade em geral (\fnhref{http://www.youtube.com/watch?v=2eL6zAz_LaQ}{nesta entrevista do Marcelo Freixo} ele fala brilhantemente sobre os problemas de se fazer certos tipos de alianças); \item vou chamar de {\it \Index{aliançocrata}} alguém que só faz ``política no mau sentido''. \end{itemize} % [# (find-LATEX "chaui-hch.tex") % #] \fnhref{http://angg.twu.net/LATEX/chaui-hch.pdf}{Este artigo} da \Index{Marilena Chauí}, interessantíssimo, analisa a redução da Po\-lí\-tica às Finanças - ou seja, a exclusão do que eu estou chamando de ``política no bom sentido'' do que é reconhecido socialmente como ``política". Acho que é bem claro que temos um governo de tecnocratas (ou: "finan\-ço\-cratas") e aliançocratas. O que é intrigante é {\it porque} é tão difícil pôr em posições de poder pessoas que não são nem tecnocratas nem aliançocratas - os candidatos que nos parecem nossas melhoras apostas ou não são eleitos, ou se transformam no oposto do que esperávamos que eles fossem (vide \fnhref{http://www.youtube.com/watch?v=5ThtUMN39K8}{Dilma} e \fnhref{http://outrorisco.wordpress.com/2012/07/10/a-greve-o-feijao-e-o-sonho-por-aloizio-mercadante-oliva/}{Mercadante}). Ao invés de ficarmos discutindo o porquê disto vou enunciar o seguinte, como uma premissa ou um fato, \begin{quotation} {\it A estrutura de governo atual, e o sistema eleitoral atual, fazem com que só tecnocratas e aliançocratas possam chegar a posições importantes.} \end{quotation} \noindent e vamos discutir como lidar com isto, já que mudar esta estrutura não será algo rápido. % -------------------- % ** «greve-impossivel» (to ".greve-impossivel") % (sec "A greve aparentemente impossível" "greve-impossivel") \mysection {A greve aparentemente impossível} {greve-impossivel} Um governo de tecnocratas e aliançocratas não tem como fazer os "investimentos não-financeiros'' - na verdade só ``menos financeiros'' - necessários para a melhora das condi\-ções de trabalho e estudo, que são (na minha opinião!) a parte mais importante das reivindicações dos professores, alunos e técnicos... mas um governo tem poderes e, em certo sentido, responsabilidades; um governo completamente disfuncional tem só poderes e a age como dono (irresponsável) do país... {\catcode`\_=11 {\it Esta greve não tem como funcionar}, mas ao mesmo tempo {\it não podemos deixar a situação correr como está}, isto é, com o ensino superior, {\it sob nossa responsabilidade}, se desmantelando a olhos vistos; então a greve é urgente, tão ``definitiva'' quanto a ``\fnhref{http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed703_o_jornalismo_cego_as_armadilhas_do_discurso_oficial}{proposta definitiva}'' do governo, e o nosso objetivo real nesta greve é {\it descobrir algum modo de fazer a greve que ``funcione''}! Uma visão pequena desta greve - como um embate entre um sindicato e um governo, principalmente por reajustes salariais - não faz sentido, mas uma visão maior, na qual a greve nas universidades federais brasileiras é um pedaço de (uma tendência a) uma greve geral no Brasil e um pedacinho de um movimento mundial, isto faz sentido sim. Há relativamente pouco material em Português sobre este movimento mundial - eu gosto do texto do Vladimir Safatle na seção \ref{safatle} como uma boa introdução curta - e, como eu já mencionei na seção \ref{como-se-propagam}, eu considero que quem está nas universidades, por ter mais prática com certas habilidades específicas, tem também certas res\-pon\-sa\-bi\-li\-dades, e deve assumir o papel correspondente a estas habilidades. Como está super bem dito no item \#2 do \fnhref{http://www.cracked.com/blog/6-things-rich-people-need-to-stop-saying/}{6 Things Rich People Need to Stop Saying}, ``eu estou pedindo pra você pegar coisas na prateleira de cima porque você é mais alto, não porque eu sou mau"!... } % -------------------- % ** «votou-agora-aguenta» (to ".votou-agora-aguenta") % (sec "Votou na Dilma, agora aguenta" "votou-agora-aguenta") \mysection {Votou na Dilma, agora aguenta} {votou-agora-aguenta} \index{voto} É frequente as pessoas comuns ficarem se culpando umas às outras: ``a culpa é sua, você votou na Dilma''! Ora, eu não votei nesta Dilma atual, votei na que eu vi nos debates - e num momento em que só haviam duas opções, e a outra era o Serra... Será que todo mundo é obrigado a adivinhar no que cada candidato vai se transformar? Como a resposta ``{\it não}'' é sem graça, digamos que {\it sim}. Será que é melhor votar num candidato que começa bom mas que vai estragar e virar um monstro? Ou será que é melhor votar no que já começa um monstro - e que depois pode até virar rapidamente um monstro ainda pior? Será que é muito ridículo a gente ter uma esperança, votar numa aposta - e depois a gente se decepcionar? Qual é o melhor uso pro nosso voto e pra nossa energia? Quando ampliamos o diagrama da seção \ref{diagrama-da-greve} vimos que as reivindicações dos professores são uma tentativa de concretizar o desejo de educação de qualidade da população em geral; assumindo um tom um pouco mecanicista por um momento, {\it professores que se sentem responsáveis por uma educação de qualidade são impelidos à greve}. Mas - vamos tentar entender o que acontece de correspondente na bola ``Governo'' - o que é que impele o governo a agir como age? Quais são as pressões que quem está no governo sofre? Se entendermos estas pressões entenderemos o que é que faz com que mesmo os candidatos idealistas mais lúcidos e íntegros estraguem quando chegam ao poder. [Citar o ``Opção Brasileira'' - as notícias reduzidas a números - o lado ``macroeconômico'' do Brasil é tão grande que as pressões da população civil se tornam ínfimas em comparação] Como alguém no governo pensa - e decide para quais pressões dar prioridade? Acho que o pensamento tende a ser quantitativo: pensa-se em termos de custos - financeiros, políticos, para si mesmo, para o partido, para um grupo de lobistas ou aliados, para a população, a curto prazo, a médio prazo, a longo prazo - e acho que vale a pena a gente pensar em termos de custos também. A população vê a greve como {\sl desperdício}. % -------------------- % ** «desperdicios» (to ".desperdicios") % (sec "Desperdícios" "desperdicios") \mysection {Desperdícios} {desperdicios} Acho que uma idéia que {\it deveria} ser central na discussão sobre quanto os professores devem ganhar e o quanto se deve investir na educação é a idéia de {\it desperdício}. Posso começar mencionando brevemente algumas conexões: \begin{itemize} \item O dinheiro que já está sendo investido em educação está sendo desperdiçado? Como? \item Se houverem mais investimentos em educação este dinheiro vai ser desperdiçado? Por exemplo, será que ele irá todo para a construção de prédios faraônicos que não serão bem utilizados, para a corrupção, e para a manu\-ten\-ção de uma casta de pesquisadores ``top" que aparecem como co-autores de todos os artigos publicados por seus grupos de pesquisa mas que perderam o contato com a realidade - e que acreditam que qualquer coisa que fizerem ou disserem é ``pesquisa de ponta"? \item Muitos dos doutores formados nos últimos anos - e muitos destes aprenderam a fazer pesquisas brilhantes apesar de term pouquíssimos recursos, já que tiveram bolsas de estudo muito menores que as de dez anos antes - agora são professores nos {\it campi} do interior, e têm que lidar com uma sobrecarga de trabalho: muitas horas em sala de aula, turmas grandes e formadas por alunos que saíram do ensino médio sem saberem escrever bem o suficiente; obrigação de assumirem cargos administrativos além das suas tarefas de ensino/pesquisa/extensão, expectativa de que produzam coisas que lhes valham muitas linhas nos seus currículos Lattes. Será que o investimento feito na formação destes professores está sendo desperdiçado? Ou será que isto é natural - como estes professores não passaram pela peneira que só deixa os melhores passarem para os grandes centros é porque estes do interior são incompetentes, e merecem as condições de trabalho que têm? \item Será que o tempo e o investimento dos alunos que passam para as universidades brasileiras hoje em dia está sendo desperdiçado? \item As regras dos funcionalismo público brasileiro dão a professores que já terminaram o estágio probatório (de 3 anos) bastante estabilidade. Mesmo em países desenvolvidos, que têm algo correspondente (``{\it tenure}''), os prós e contras desta estabilidade são discutidos. As condições atuais na maioria das universidades brasileiras expõem estes professores a um risco de burn-out muito grande. \item Será que estamos discutindo greves, relações de poder e relações de trabalho dos modos certos? Ou será que estamos só repetindo fórmulas antigas que perderam a pertinência? Continuamos à mercê de pessoas com discursos produtivistas e de pessoas que acham que qualquer passo fora do nosso quadradinho é uma desculpa pra não trabalhar, e é inveja, fofoca, é se meter na vida dos outros e ser anti-profissional... \end{itemize} % [P (...) apesar de que temos o hábito de comparar dados numéricos do % Brasil com os de outros países, são relativamente raras as % comparações entre certos {\it modos de funcionar] brasileiros e os % de outros países. Vou desenvolver isto na próxima seção.] % [P (Algumas pessoas reagem às notícias da greve com o discurso do "vai % trabalhar, vagabundo"...)] % -------------------- % ** «burn-out» (to ".burn-out") % (sec "Burn-out, desistência e depressão" "burn-out") \mysection {Burn-out, desistência e depressão} {burn-out} Num encontro que reuniu professores dos vários campi (precarizados) da UFF no interior do estado do RJ, para discutirem seus problemas e possíveis soluções, um professor de \Index{Angra dos Reis} disse uma coisa corajosa e genial: que no campus dele, que funciona no prédio de uma escola pública, (aproximadamente) 25\% dos professores se mudaram de mala e cuia pra Angra\footnote{Correção: os que se mudaram de mala e cuia são só 4\%, aproximadamente (Andréa Pavão)}; outros 50\% passam só alguns dias por semana em Angra, mas, como os primeiros 25\%, conseguem se virar bem com a falta de infra-estrutura do campus e da cidade e conseguem dar aulas bem e fazer pesquisa; os outros 25\% não conseguem lidar direito com a situação do campus, ficam esmagados pelos problemas, dão a carga horária mínima de aulas mas não conseguem assumir tarefas extras, suas aulas são mais ou menos, sua pesquisa pouca ou inexistente. $$\includegraphics[scale=0.5]{25-50-25.pdf}$$ % \vskip 3cm Não acho que seja possível eliminar completamente esta fração de 25\% de ``\Index{improdutivos}'' - mas há vários modo de tentar reduzí-la. Um modo - que eu associo com o ``discurso majoritário'' atual - é punindo estes 25\%, talvez até demitindo-os; e as punições seriam determinadas ou pelos professores em cargos de direção, ou pelos colegiados de curso, ou por todos os professores, ou por gestores profissionais, ou por regras absolutas que medem a produtividade de cada um de forma homogênea no país inteiro. Cada uma destas alternativas para estabelecer punições é péssima; os argumentos são bem conhecidos e não vou reproduzí-los aqui. O outro modo é dar mais condições para que estes 75\% que querem trabalhar bem resolvam os problemas das suas universidades. Quando as condições de trabalho são ruins e as tentativas de consertá-las não dão em nada mais gente dos 75\% ``bons'' acaba com burn-out e depressão e vai parar nos 25\% improdutivos. Apesar de que as idéias sobre o que está ruim e como consertar podem vir de todos os professores, alguns professores são mais responsáveis por pôr estas soluções em prática (e até por criar as condições para que elas sejam debatidas nas reuniões): os que assumem cargos de direção e de coordenação de cursos. Estes diretores podem vir dos 75\% ou dos 25\%, e podem favorecer os 75\% ou os 25\%. No meu campus um grupo de professores que fazem política ``no mau sentido'' (alian\-ço\-cratas) tomou um certo número de cargos de direção, e garantiu uma via permanente de acesso a uma boa fração dos recursos do campus para os seus aliados... mas isto é a minha visão, claro - {\it eu vejo eles como vilões} - e na visão deles acho que sou um baderneiro subversivo, que não respeita regras nem hierarquia e semeia a fofoca e o caos. Mas a visão deles não é divulgada publicamente, o que torna o diálogo difícil - quase só sei que pra eles os professores ``mais produtivos'' são os que têm mais contratos com empresas. Ou seja, a própria noção de ``produtividade'' deles é diferente. % -------------------- % ** «impossivel» (to ".impossivel") % (sec "O ``impossível'' do governo" "impossivel") \mysection {O ``impossível'' do governo} {impossivel} Duas das disciplinas que eu costumo dar - Geometria Analítica e Matemática Discreta - são disciplinas de 1º período muito difíceis, e costumam ter cerca de 80\% de reprovação, porque elas exigem o que a gente chama de ``maturidade matemática'' - e alunos que cursaram o ensino médio que temos hoje em dia chegam na universidade sem nunca terem visto direito um teorema, e não têm como aprender o conteúdo destas disciplinas num semestre só... Então nós estruturamos estas disciplinas para que os alunos possam cursá-las 2 ou 3 vezes sem ficarem nem desanimados nem entediados - mas da primeira vez eles acham tudo impossível, e acham que nunca vão conseguir pensar e escrever do jeito que se exige deles. O governo diz que é ``impossível'' atender as reivindicações dos professores, e faz propostas com erros primários, que ignoram que ``gastos'' em educação são na verdade investimentos (diz-se que cada R\$100 investidos na educação viram R\$185 no PIB), e que praticamente só falam de remuneração e plano de carreira, ignorando as condições de trabalho - e eu não consigo deixar de associar este ``impossível'' do governo com o dos alunos dizendo que é ``impossível'' aprender algo difícil (mas que milhares de pessoas antes deles já aprenderam). É comum ver em discussões na internet as pessoas dizendo coisas como ``a solução é na próxima eleição 100 milhões de pessoas \index{voto} votarem da forma {\it X}'', e uma vez eu fiquei muito puto com um colega meu - e passei dias procurando uma resposta - quando ele mandou uma mensagem para a lista de discussão de Lógica cujo subtexto era ``se você não está satisfeito com o país em que você está, mude de país''. Ora, trocar o governo de um país ou trocar de país não são coisas fáceis como trocar de sabão em pó, que se você não está satisfeito com o que você está usando você da próxima vez que for no supermercado compra um de outra marca; não, tirar um governo incompetente é bem mais difícil que demitir um professor improdutivo de uma universidade federal precária - mas tem muita coisa que podemos fazer além de escolhermos outra marca da próxima vez que formos ao supermercado das urnas. {\it (Pôr aqui uma citação do Martin Luther King (?) em que ele mostra que a nossa participação ``política'' numa ``democracia'' não se restringe ao voto.)} % -------------------- % ** «esperar-melhoras» (to ".esperar-melhoras") % (sec "Esperar melhoras é ingenuidade?" "esperar-melhoras") \mysection {Esperar melhoras é ingenuidade?} {esperar-melhoras} {\it Esperar um aumento de salário ou melhores condições de trabalho e estudo não é ingênuo?} Ou: {\sl será que não estamos sendo ingênuos em achar que uma greve pode melhorar as condições dos professores, alunos e técnicos nas universidades federais?} Afinal, o governo já mostrou que pode fazer o que quiser impunemente - veja os vídeos \fnhref{http://www.youtube.com/watch?v=091GM9g2jGk}{Belo Monte - anúncio de uma guerra} e \fnhref{http://www.youtube.com/watch?v=YXI6LHGFGxg}{Audiência Pública Sobre o Pinheirinho - Defensor Jairo Salvador}... Então porque ele melhoraria as universidades ao invés de ignorar os professores, ou puní-los, ou demití-los? Vamos pensar sob outro ponto de vista. Nós, que estamos escrevendo este texto, somos professores de universidades federais, dos {\it campi} precarizados. Quais são nossas alternativas? Nós podemos: \begin{itemize} \item continuar trabalhando dentro das condições de trabalho atuais - dando 16 horas de aula por semana para turmas grandes demais e feitas de alunos que saíram do ensino médio com muito menos base do que deveriam - e além disso podemos fazer pesquisa à beça, orientar alunos e ainda assumirmos cargos de coordenação e de direção... ou podemos: \item lutar pra mudar as nossas condições de trabalho. \end{itemize} Um dos objetivos deste texto é mostrar que as duas alternativas acima não são excludentes; aliás, é inerente à condição de professor universitário fazer três coisas ao mesmo tempo: \begin{itemize} \item encontrar o melhor modo de de ensinar, pesquisar, etc, dentro das condições atuais, \item encontrar o melhor modo de mudar as condições atuais, \item decidir, a cada momento, quanta energia dedicar a funcionar dentro das condições atuais e quanta energia dedicar a mudá-las. \end{itemize} Talvez a palavra ``lutar'', em ``lutar por melhores condições'', tenha adqui\-rido uma conotação muito estrita, de algo incompatível com o trabalho e a vida cotidiana normal - ``luta'' sugere ``luta armada'', ou pessoas em greve na rua, gritando com punhos erguidos; como apontado \fnhreft{http://empresasjuniores.com.br/site/item/198-panorama-abril-acontecenomej}{: ``Tempos Atuais. Os pensamentos mudaram. Já não temos mais ditadura militar ou não precisamos mais lutar pela democracia no país. Já fizeram isso por nós. Agora é momento de ver o Brasil crescer, de se desenvolver.''}{aqui} e na seção \ref{safatle} é como se hoje em dia isto não fizesse mais sentido, e só o que faz sentido é tentarmos ser os mais {\it eficientes} e {\it produtivos} possíveis... Mas toda vez que nos impomos uma tarefa e temos alguma autonomia para decidir como realizá-la uma parte do nosso trabalho consiste em {\it mudar as condições em torno de nós}. (...) % -------------------- % ** «filtros» (to ".filtros") % (sec "Filtros" "filtros") \mysection {Filtros} {filtros} Os filtros que fazem com que poucos tipos de fatos possam aparecer como notícias em jornais são bem conhecidos. Uma série parecida de filtros age entre o ``mundo real'' e qualquer pessoa no governo, fazendo com que quem chega ao governo passe a ter uma percepção cada vez mais distorcida da realidade; e uma outra série de filtros atua entre o que alguém no governo consegue planejar e o que essa pessoa consegue que seja executado... $$\includegraphics[scale=0.6]{filtros.pdf}$$ \noindent ...e há outros filtros que fazem com que só uns poucos {\sl tipos} de pessoas possam chegar a cargos eletivos no governo - um aliançocrata hábil consegue facilmente apoio para fazer uma campanha milionária, e alguém que incomoda a mídia pode ter sua imagem pública destruída muito facilmente a partir de qualquer detalhe esquisito da sua vida privada. {\it Não podemos esperar que alguém super-competente consiga ser eleito e nos salve.} Aliás, pense em como é difícil alguém muito íntegro chegar a ser candidato, conseguir fazer campanha na mídia, conseguir ser eleito, e não ser neutralizado pelas forças aliançocratas e tecnocratas uma vez que chegue ao poder. Talvez na situação atual só alguém íntegro sobre-humano conseguiria virar governador, presidente, ou ministro, e fazer algo decente ao chegar ao poder - e antes de enlouquecer e estragar. O que podemos fazer? Uma resposta: mudar a sociedade civil... \msk Passando para uma escala bem menor, podemos pensar em quais são as pessoas que chegam a cargos de chefia, direção, coordenação, gerência, etc; estas pessoas vão ser responsáveis por boa parte das condições de trabalho das outras - tanto as condições ``concretas'' como as ``psicológicas'', e tanto no setor público quanto no privado... Aqui prefiro descrever um caso específico. [Acabei transferindo o caso específico pra seção \ref{reestruturacao}.] % (to "reestruturacao") % Aqui é melhor começar com um caso específico. % -------------------- % ** «abandonados» (to ".abandonados") % (sec "Espaços democráticos abandonados" "abandonados") \mysection {Espaços democráticos abandonados} {abandonados} Alguns meses depois de eu entrar no PURO um dos nossos containers teve um princípio de incêndio no quadro elétrico durante uma aula - e o quadro elétrico era do lado da porta, e aí descobriram todos os nossos \Index{extintores de incêndio} estavam com a validade vencida e ficavam guardados dentro de um dos containers-depósito... Mas, bom, por sorte um professor nosso, o Oswaldo Del Cima, era especialista em emergências, e deu um jeito de salvar todo mundo, não me lembro como. Nos dias seguintes descobrimos que a nossa rede elétrica estava subdimensionada, e esse problema, e as possíveis atitudes a se tomar, foram discutidos por {\it todo mundo} em várias reuniões. Claro que só um pequeno grupo participou da comissão que falou com os eletricistas, checou a legislação e resumiu tudo para os demais, mas todo mundo se sentiu parcialmente responsável pela decisões mais importantes - por exemplo, a de {\sl não chamar} os bombeiros para uma análise de riscos, porque eles certamente interditariam o nosso prédio por pelo menos alguns dias - e ao invés disso nós paramos de usar os aparelhos de ar condicionado até uma solução paliativa ficar pronta. \msk Um slogan que eu quero usar aqui é: \begin{quote} {\it Discussão gera responsabilidade.} \end{quote} Um tema recorrente durante a greve era quem \index{voto} votava se a greve deveria continuar ou não. Um grupo defendia que só votassem os professores que fossem nas assembléias - e um outro grupo dizia que muitos professores não gostavam das assembléias, porque elas eram dominadas por sindicalistas comunistas manipuladores antipáticos, e que pra sermos ``realmente democráticos'' e ``todo mundo ter voz'' deveríamos fazer plebiscitos eletrônicos - ou seja, votação por e-mail, e acho que estava implícito que seria secreta, porque esta proposta gerou discussões enormes sobre possibilidades de fraudes... se fizessem uma listagem pública, nacional, com cada professor votante, seu departamento e seu voto, seria fácil conferir cada possível fraude. É óbvio que o ideal é que todo mundo ``tenha voz'' - e vote. Mas e se o modo ``óbvio'' de fazer com que todo mundo vote - fazendo com que votar por internet seja muito fácil e não atrapalhe a vida de ninguém - faz com que... o quê? Vou introduzir mais termos improvisados: ``voto irresponsável'' e ``votocracia'' - pra falar das situações em que acreditamos que basta algo ter sido votado - mesmo que os votantes tenham pouquíssima informação sobre o que está em jogo - pra este algo ser visto como certo, sagrado, imutável, e o melhor possível. Então: como podemos pensar em alternativas à votocracia - sem sermos imediatamente tachados de anti-democratas? % -------------------- % ** «votocracia» (to ".votocracia") % (sec "Votocracia: porquê e porquê não" "votocracia") \mysection {Votocracia: porquê e porquê não} {votocracia} \index{voto} {\it Quais são as vantagens de algo ser decidido por uma votação? Quais destas vantagens podem não estar sendo atingidas pelas votações atuais? Porque eu vejo as votocracias mais próximas de mim como navios à deriva?} Pra mim a vantagem principal - de casos como o das decisões sobre a rede elétrica do PURO - é fazer que as decisões sejam tomadas por pessoas que se informaram, discutiram, pensaram nas conseqüências, e que vão se sentir responsáveis pelo que for decidido, vão dar a cara a tapa quando virem as conseqüências ruins, e vão tentar consertá-las ativamente, com ``pequenas mudanças de rota'' - ao invés de deixarem o navio bater contra os rochedos pra só eleger um outro daí a 4 anos... Em qualquer processo de decisão coletiva existe um contínuo entre as pessoas que ``participam ativamente'' e as que ``participam passivamente'', só votando sem grande envolvimento ou participação posterior. Eu ando atribuindo a culpa de muitos dos males em torno de mim no fato de muitas pessoas não fazerem a menor idéia de como participarem ativamente, e se limitarem a votar quase que aleatoriamente e deixarem o barco afundar. O exemplo mais próximo de mim é dos democratas versus republicanos no PURO. (...) % -------------------- % ** «apoios» (to ".apoios") % (sec "Apoios mudam" "apoios") \mysection {Apoios mudam} {apoios} Apoiar uma {\it pessoa} é uma simplificação - não podemos nos obrigar a continuar apoiando eternamente alguém que depois de eleito enlouqueceu e estragou, e aposto que se o Mercadante mudasse da água de esgoto pro vinho e passasse a tomar todas as decisões certas ele certamente viraria nosso herói e passaríamos a amá-lo... Também não dá pra continuar apoiando incondicionalmente e sem ajustes uma idéia que parecia ótima na teoria, mas que quando aplicada revela ter defeitos horríveis... e, da mesma forma que estamos sempre filtrando quais pedaços de pessoas e de idéias externas nós vamos apoiar e quais não - [Idem pra partes da gente - é comum a gente notar que algo que a gente fez com a melhor das boas intenções teve conseqüências totalmente diferentes das que a gente previa - e às vezes o conserto é muito, muito difícil. Então: a gente também não pode {\sl se} apoiar incondicionalmente, apesar do que os livros de auto-ajuda dizem - porque é um inferno conviver com pessoas que acreditam nessa obrigação de apoio incondicional, e saem chorando quando algum faz críticas básicas, ao invés de cogitarem mudar de posição...] A situação em que estamos agora - em que as pessoas em posições de poder se tornaram reféns das alianças que tiveram que fazer, e quase tudo de melhor e mais honesto que elas poderiam dizer não pode ser dito, porque é perigoso, porque vai ser mal interpretado - é MUITO difícil. O Facebook e as ruas estão cheios de pessoas que dizem ``é só todo mundo fazer X'' - e com isto propõem soluções simples e inimplementáveis, que no mínimo precisariam de {\it muitos} ajustes - e mais cheios ainda de pessoas que não conseguem pegar idéias simples e pensar em como ajustá-las pra elas ser tornarem mais concretizáveis, e daí ficam com um discurso de que nada adianta - talvez pra não se sentirem ingênuas - meio como na seção \ref{discurso-majoritario}. % -------------------- % ** «contos-de-fadas» (to ".contos-de-fadas") % (sec "Contos de fadas" "contos-de-fadas") \mysection {Contos de fadas} {contos-de-fadas} {\it Acho que a gente tem que se permitir lembrar dos contos de fadas em que um reino, ou uma princesa, estão doentes, e um príncipe sai em peregrinação pelo mundo pra tentar entender essa doença e encontrar um remédio.} \msk ``Peregrinar pelo mundo'' na situação atual quer dizer procurar novas idéias, não tão óbvias. E muitas das idéias pouco óbvias de hoje em dia estão escritas, mesmo que de modo informal, em algum lugar - e muitas vezes há pelo menos algum resumo delas disponível na internet, num blog ou numa webpage, com indicações de modos de se conseguir mais material relacionado e de entrar em contato com os autores. As pessoas que dizem ``não vamos participar de assembléias porque elas são manipuladas'' nem sequer ``peregrinaram'' o mínimo pela internet para descobrirem que muita gente, desde 2500 anos atrás\footnote{Moses Finley: ``Democracia antiga e moderna'', ed.\ Graal, 1998.}, sabe que processos coletivos de decisão são frágeis sim, e precisam de atenção e cuidados permanentes, porque podem ser manipulados não só voluntariamente quanto também involuntariamente, e até por pessoas com ótimas intenções... e hoje em dia muita gente está muito incomodada com as conseqüências desta epidemia de ``cada um no seu quadradinho'' - as decisões mais importantes são tomadas por ``especialistas'' que na verdade são tecnocratas, ou por \index{voto!comissões de 3 ou 4} votações em comissões de 3 ou 4 pessoas - mas fazer publicações independentes é relativamente fácil, então há vários livros\footnote{Por exemplo: ``Come Hell or High Water - A Handbook of Collective Process Gone Awry'' - \url{http://www.akpress.org/comehellorhighwater.html}} escritos por pessoas que trabalharam em coletivos durante décadas, e que analisam como identificar e consertar os problemas dos coletivos degringolados... Agora imagine o seguinte: a pessoa $A$ acha que nada coletivo funciona e acha que cada um tem que ficar no seu quadrado e cuidar só do seu nariz; a pessoa $B$ acredita em decisões coletivas, e existe uma pilha de livros (longos), textos (médios), panfletos (curtos), e argumentos (sínteses, mais curtos ainda), que vamos chamar de $C$, que é um ``corpo de conhecimentos sobre processos coletivos''. A pessoa $A$ pode começar negando a existência das idéias em $C$, mas se pessoas suficientes passam a ter algum contato com $C$ a pessoa $A$ vai aos poucos passar a ser {\sl responsabilizada} por ter resolvido, {\sl deliberadamente}, se negar a reconhecer qualquer das idéias em $C$... % -------------------- % ** «chomsky» (to ".chomsky") % (sec "Conseqüências previsíveis" "chomsky") \mysection {Conseqüências previsíveis} {chomsky} % Obs: o documentário "Manufacturing Consent: Noam Chomsky and the % Media" nunca foi lançado oficialmente no Brasil, e legendas em % Português pra ele são extremamente difíceis de conseguir... % Lá fora ele é muito conhecido, e está disponível de % forma mais ou menos "livre" em vários formatos: % % (acrescentar links) % % Ele foi exibido pela TVE, legendado e em três partes, no % início da década de 2000, e alguns grupos de pessoas que % distribuem DVDs de documentários importantes (como "samizdat") % disponibilizam uma versão digitalizada de uma gravação em % VHS desta versão legendada... Não há nenhum modo % automático de extrair estas legendas, mas eu digitei, NA MÃO, % as legendas em português de uma das partes que eu gostaria de ter % usado como material de debate numa atividade de greve que nunca % aconteceu... Essa parte em Português que eu digitei está mais % abaixo. % % Uma das seções do "Saia do seu quadradinho" - "Consequencias % previsíveis" - tem as legendas em Inglês de um trecho do % documentário (bem maior do que a parte em Português que eu % digitei). Um trecho do documentário {\sl Manufacturing Consent: Noam Chomsky and the Media} (o negrito é meu): \index{Chomsky, Noam} \begin{quote} MEYER: Professor Chomsky and many people who engage in this kind of press analysis have one thing in common - most of them have never worked for a newspaper, many of them know very little about how newspapers work. When Chomsky came around, he had with him a file of all the coverage in The New York Times, The Washington Post, and other papers of East Timor, and he would go to the meticulous degree that if, for example, The London Times had a piece on East Timor, and then it appeared in The New York Times, that if a paragraph was cut out, he'd compare, and he'd say, ``Look - this key paragraph right near the end which is what tells the whole story was let out of The New York Times' version of the London Times' thing.'' CHOMSKY: There was a story in The London Times which was pretty accurate. The New York Times revised it radically. They didn't just leave a paragraph out. They revised it, and gave it a totally different cast. It was then picked up by Newsweek, giving it The New York Times' cast. It ended up being a whitewash, whereas the original was an atrocity story. MEYER: So, I said to Chomsky at the time, ``Well, it may be that you're misinterpreting ignorance, haste, deadline pressure, etcetera, for some kind of determined effort to suppress an element of the story.'' He said, ``Well, if it happened once, or twice, or three times I might agree with you, but if it happens a dozen times, Mr Meyer, I think there's something else at work''. CHOMSKY: It's not a matter of happening one time, two, five, a hundred. It happened all the time. MEYER: I said, ``Professor Chomsky, having been in this business, it happens a dozen times. These are very imperfect institutions''. CHOMSKY: When they did give coverage, it was from the point of view of... it was a whitewash of the United States. Now, you know, that's not an error. That's systematic, consistent behaviour, in this case without even any exception. This is a much more subtle process than you get in the kind of sledgehammer rhetoric of the people that make an A to B equation between what the government does, what people think, and what newspapers say. That that sometimes what The Times does can make an enormous difference. At other times, it has no influence whatsoever. So one of the greatest tragedies of our age is still happening in East Timor. The Indonesians have killed up to a third of the population. They're in concentration camps. They conduct large-scale military campaigns against the people who are resisting, campaigns with names like Operation Eradicate, or Operation Clean Sweep. Timorese women are subjected to a forced birth control programme, in addition to bringing in a constant stream of Indonesian settlers to take over the land. Whenever people are brave enough to take to the streets in demonstrations or show the least sign of resistance, they just massacre them. It's sort of like Indonesia, if we allow them to continue to stay in East Timor - the international community - they will simply digest East Timor and turn it into... they're trying to turn it into cash crop. I mean, this is way beyond just demonstrating this subservience of the media to power. I mean, they have real complicity in genocide in this case. The reason that the atrocities can go on is because nobody knows about them. If anyone knew about them, there'd be protests and pressure to stop them. So therefore, by suppressing the facts, the media are making a major contribution to some of... probably the worst act of genocide since the Holocaust. FRUM: You say that what the media do is to ignore certain kinds of atrocities that are committed by us and our friends, and to play up enormously atrocities that are committed by them and our enemies. And you posit that there's a test of integrity and moral honesty which is to have % % (find-chomskyleg "1:31:08" "tratar os cadáveres de forma igualitária.") % a kind of equality of treatment of corpses. I mean, every dead person should be in principle equal to every other dead person. % (find-chomskyleg "1:31:15" "Não foi isso que eu disse.") CHOMKSY: That's not what I say. FRUM: I'm glad it's not, because it's not what you do. CHOMSKY: Of course it's not what I do. Nor would I say it. In fact, I say the opposite. % % (find-chomskyleg "1:31:28" "Afirmo que devemos") % What I say is we should be responsible for our own actions primarily. FRUM: Because your method is not only to ignore the corpses created by them, but also to ignore corpses that are created by neither side, % % (find-chomskyleg "1:31:36" "que não são importantes para as suas prioridades ideológicas.") % that are irrelevant to your ideological agenda. CHOMSKY: That's totally untrue. FRUM: Let me give you an example. % % (find-chomskyleg "1:31:44" "Você leva a sério a causa dos palestinos.") % Um... one of your own causes that you take very seriously is the cause of the Palestinians. And a Palestinian corpse weighs very heavily on your conscience, and yet a Kurdish corpse does not. % (find-chomskyleg "1:31:53" "Não é verdade.") CHOMSKY: That's not true at all. I've been involved in Kurdish support groups for years. That's... It's simply false. Just ask the Kurdish. % % (find-chomskyleg "1:32:01" "Pergunte às pessoas envolvidas.") % Ask the people who are involved in... You know, they come to me, I sign their petitions, and so on and so forth. If you look at the things we've written. Let's take a look... % % (find-chomskyleg "1:32:09" "Eu não sou a Anistia Internacional.") % I'm not Amnesty International. I can't do everything. I'm a single human person. But if you read... Take a look, say, at the book % % (find-chomskyleg "1:32:18" "o livro que escrevi com Edward Hermann sobre este assunto.") % that Edward Herman and I wrote on this topic. In it we discuss three kinds of atrocities - % % (find-chomskyleg "1:32:26" "As que podem ser denominadas banhos de sangue benignos,") % what we call {\sl benign bloodbaths}, which nobody cares about, {\sl constructive bloodbaths}, which are the ones we like, and {\sl nefarious bloodbaths}, % % (find-chomskyleg "1:32:34" "praticados pelos bandidos.") % which are the ones the bad guys do. The principle that I think we ought to follow is not the one that you stated. % % (find-chomskyleg "1:32:41" "é um ponto ético simples.") % You know, it's a very simple, ethical point. {\bf You're responsible for % % (find-chomskyleg "1:32:49" "das nossas ações. E não responsáveis...") % the predictable consequences of your actions.} You're not responsible for the predictable consequences of somebody else's actions. The most important thing for me and for you is to think about % % (find-chomskyleg "1:32:57" "avaliar as conseqüências das ações...") % the consequences of your actions. What can you affect? These are the things to keep in mind. % % (find-chomskyleg "1:32:58" "Essas coisas não são exercícios acadêmicos.") % These are not just academic exercises. % % (find-chomskyleg "1:33:06" "em Marte ou no século 18.") % We're not analysing the media on Mars, or in the 18th Century, or something like that. We're dealing with real human beings who are % % (find-chomskyleg "1:33:15" "sendo torturados e mortos") % suffering, and dying, and being tortured, and starving because of policies that we are involved in. We as citizens of democratic societies % % (find-chomskyleg "1:33:22" "estamos diretamente envolvidos e pelas quais responsáveis.") % are directly involved in and are responsible for, and what the media are doing is ensuring that we do not act on our responsibilities, % % (find-chomskyleg "1:33:30" "e não os interesses") % and that the interests of power are served, not the needs of the suffering people, and not even the needs of the American people % % (find-chomskyleg "1:33:39" "esse ficaria horrorizado se percebesse") % who would be horrified if they realised the blood that's dripping from their hands because of the way they're allowing themselves % % (find-chomskyleg "1:33:47" "devido à forma como é utilizado e manipulado pelo sistema.") % to be deluded and manipulated by the system. \msk MEMBER OF THE AUDIENCE: What about the Third World? CHOMSKY: Well, despite everything, and it's pretty ugly and awful, these struggles are not over. The struggle for freedom and independence never is completely over. Their courage, in fact, is really remarkable. Amazing. I've personally had the privilege, and it is a privilege, of witnessing it a few times, in villages in Southeast Asia and Central America, and recently in the occupied West Bank, and it is astonishing to see. And it's always amazing - at least to me it's amazing. I can't understand it. It's also very moving and inspiring. In fact, it's kind of awe-inspiring. Now, they rely very crucially on a very slim margin for survival that's provided by dissidence and turbulence within the imperial societies, and how large that margin is is for us to determine. \end{quote} Uma das funções da Educação - e da Cultura, aliás - é dar mais ferramentas para que as pessoas possam avalias as ``conseqüências previsíveis'' dos seus atos. [Hannah Arendt e os pequenos Eichmanns] % (find-chomskyleg "1:30:20" "É muito mais que simples subserviência da mídia.") % (setq last-kbd-macro (kbd "C-a 20*<right> C-SPC 7*<right> M-w 7*<left> <down> C-y 7*<delete>")) % (find-chomskyleg "1:32:40" "O princípio que devemos seguir é um ponto ético simples") % (find-chomskyleg "1:32:40" "somos responsáveis pelas conseqüências [previsíveis]") % (find-chomskyleg "1:32:49" "das nossas ações, e não responsáveis") % (find-chomskyleg "1:32:49" "pelas conseqüências das ações dos outros.") % (find-chomskyleg "1:32:49" "Para mim e para você, é mais importante...") % (find-chomskyleg "1:32:57" "avaliar as conseqüências das ações...") % (find-chomskyleg "1:33:01" "que podemos influenciar.") % (find-chomskyleg "1:33:01" "Essas coisas não são...") % (find-chomskyleg "1:32:01" "exercícios acadêmicos. Não se trata da mídia...") % (find-chomskyleg "1:33:06" "em Marte ou no século 18.") % (find-chomskyleg "1:33:06" "Estamos lidando...") % (find-chomskyleg "1:33:06" "com seres humanos reais, que estão sofrendo...") % (find-chomskyleg "1:33:15" "sendo torturados e mortos devido às políticas em que nós...") % (find-chomskyleg "1:33:15" "cidadãos de sociedades democráticas...") % (find-chomskyleg "1:33:22" "estaos diretamente envolvidos e pelas quais somos responsáveis.") % (find-chomskyleg "1:33:22" "A mídia está evitando que assumamos...") % (find-chomskyleg "1:33:31" "as nossas responsabilidades para que sejam atendidos...") % (find-chomskyleg "1:33:31" "os interesses do poder e não os interesses das pessoas...") % (find-chomskyleg "1:33:39" "que estão sofrendo ou do próprio povo americano.") % (find-chomskyleg "1:33:39" "Esse ficaria horrorizado se percebesse...") % (find-chomskyleg "1:33:39" "que tem as mãos sujas de sangue...") % (find-chomskyleg "1:33:39" "devido à forma como é utilizado e manipulado pelo sistema.") % (find-anggfile "VIDEOS/mc.srt" "predictable") % que têm a autoridade mas não têm responsabilidade % uma ``solução'' fácil é dizer: discutir não adianta, pensar não % adianta, é melhor cada um só se concentrar no seu trabalho. % somos responsáveis pelas consequencias previsiveis dos nossos atos % aqui eu me permito ir um passo além da posição do Chomksy. Acho que % muitos dos nosso líderes/gestores que estão tomando decisões % destrutivas estão agindo de boa fé {\sl sim} - mas eles ainda não % conseguem ver claramente as conseqüência das suas gestões % tecnocráticas e aliançocráticas, e não conseguem ver que outros % tipos de gestões são possíveis. É aí que entra a educação % as pessoas que estão decidindo % Oi André, % % desculpa, não fui claro - eu uso essas discussões pra tentar % esclarecer as minhas próprias idéias, e só depois da resposta da outra % pessoa é que eu vejo que no que eu falei a ênfase ficou toda no lugar % errado, e o que eu considerava central ficou praticamente escondido... % % Pra mim o ponto central é como fazer que as decisões sejam tomadas por % pessoas que se informaram, discutiram, pensaram nas conseqüências, vão % se sentir responsáveis pelo que for decidido, vão dar a cara a tapa % quando virem as conseqüências ruins, e vão tentar consertá-las % ativamente, com "pequenas mudanças de rota" - ao invés de deixarem o % navio bater contra os rochedos pra só eleger um outro daí a 4 anos... % % Existe um contínuo entre as pessoas que "participam ativamente" - as % que eu esbocei acima - e as que "participam passivamente", só votando % sem grande envolvimento ou participação posterior. Eu ando pondo a % culpa de muitos dos males em torno de mim no fato de muitas pessoas % não fazerem a menor idéia de como participarem ativamente, e se % limitarem a votar quase que aleatoriamente e deixarem o barco afundar. % % Ah, as questões sindicais são de uma categoria sim, mas acho que o % único modo de melhorarmos um pouco os problemas da universidade é % vermos estas questões como parte de algo maior, não reduzindo-as a % algo pequeno e técnico - e pra mim a principal dificuldade nesta % negociação com o governo é que este governo não tem como encarar os % problemas da educação como algo maior que questões técnicas e % orçamentárias. Então - assumo que a minha posição é atípica, mas lá % vai - o sindicato tenta negociar com o governo tentando usar uma % linguagem que o governo entenda, mas a greve e o sindicato estão sendo % apoiados por uma multidão de professores que já tinha perdido há muito % tempo a fé em sindicatos e em política no sentido usual - uma multidão % de "independentes", que até entendem porque salário e carreira viraram % os primeiros pontos da pauta de reivindicações, mas pros quais as % _condições de trabalho_ são tão importantes quanto salário e carreira, % ou mais... e como fazer o governo discutir condições de trabalho? Isto % é um problema aparentemente impossível, mas que a gente sabe que vai % ter que ser resolvido de alguma forma... no mínimo queremos sentir que % algum passo adiante nesta direção foi dado. % % [[]], Eduardo % -------------------- % ** «contagio» (to ".contagio") % (sec "Contágio" "contagio") \mysection {Contágio} {contagio} Acho que devemos partir do princípio de que nossas atitudes e idéias tendem a contagiar as pessoas ao nosso redor, mas algo como ``falar de problemas atrai mais problemas'' é simplista demais; neste caso acho mais realista que ``pessoas que negam os problemas se cercam de outras pessoas que também negam os problemas'', e que ``quando lidamos com problemas de modos construtivos e interessantes isto atrai outras pessoas que também estão tentando lidar com seus problemas de modos construtivos e interessantes''... \index{cala a boca} Uma atitude como a resposta do técnico copiada na introdução, que é um ``meta-se com a sua vida'' e um ``cala a boca'', contagia as pessoas de uma outra forma - ela mostra que á admissível numa discussão pública se responder ``meta-se com a sua vida'' e ``cale a boca''. Ora, como é que a gente se defende - numa reunião de departamento, digamos, pra mudar o contexto um pouco - de alguém que diz algo como ``meta-se com a sua vida'' ou ``cala a boca'', e que é apoiado pela maioria das pessoas presentes, que nem sequer reclamam do tom? Acho que isto cria uma situação de paralisia, como a da seção \ref{discurso-majoritario}... Qualquer grosseria, ``cala a boca'' ou ato de violência nosso autoriza - e incentiva - as pessoas em torno de nós a usarem algo equivalente contra nós. Provocações idem; quando eu mandei a proposta de nos prepararmos para tomar posse da internet durante a greve eu não fazia a menor idéia de quais seriam as respostas - mas eu estava apostando em que aquilo geraria provocações correspondentes contra mim - e discussões interessantes. Quando denunciamos outras pessoas estamos deixando implícito que consideramos que a atitude mais construtiva naquele momento é denunciar - e portanto os outros podem, e talvez devam, nos denunciar também. A alternativa mais evidente a reagir a denún\-cias denunciando o denunciador é se concentrar no seu trabalho - e quem faz isto deixa implícito que, na sua visão de mundo, {\it se cada um se concentrar no seu trabalho e fizé-lo direito o mundo vai ficar bem melhor}. O que estou propondo aqui é que está na hora de pensarmos e discutirmos bem mais sobre as nossas posturas e as conseqüências delas - e não a partir do zero, mas sim a partir de toneladas de material (como filmes e vídeos, livros, artigos, textos informais) que já está circulando por aí, e também a partir do que nós pensamos a respeito das nossas atitudes e das dos outros. % Acho que neste momento podemos - % em certos ambientes protegidos, claro - começar certas discussões % discutindo o nosso incômodo com % -------------------- % ** «visibilidade» (to ".visibilidade") % (sec "Visibilidade" "visibilidade") \mysection {Visibilidade} {visibilidade} Hoje (2012nov20) eu saí pra almoçar com a minha mãe, e numa hora a gente começou a conversar sobre questões de gênero. Eu disse que talvez ela nunca tivesse pensado muito sobre essas coisas - e nem conseguia separar direito sexo e gênero - porque ela nunca quis fazer nada considerado ``masculino''. Ela disse que não era bem assim, que do grupo de amigas mais próximas dela ela foi uma das poucas que continuou trabalhando e estudando - ela terminou o doutorado dela, em Hegel e Freud, quando eu tinha 23 anos -, e era a única que ia sozinha pra todos os lugares. Tá, isso demolia parcialmente o meu argumento - mas a gente continuou cavucando essa idéia do ``fazer coisas que ninguém mais como você faz'', e descobri que no início ela não se sentia à vontade pra, por exemplo, ir num restaurante sozinha; depois ela viu que se ela levasse uma pilha de livros e ficasse lendo niguém estranhava, e depois, aos poucos, ela aprendeu a ficar concentrada nas coisas dela, e pronto. Um dos argumentos que eu acho mais fortes a favor de cotas nas universidades é: {\sl é muito difícil ser o único negro da universidade} - porque quase o tempo todo você vai ter que responder questões implícitas nos olhares dos outros, desde as mais grossas, como ``o que você está fazendo aqui? Isto não é lugar pra você, vamos provar que você não aguenta a pressão'', até outras que são curiosidades até bastante válidas, como: ``como você vai lidar com o racismo no mercado de trabalho?''% % \footnote{acho que eu só tive um aluno negro - um cara que estudava à beça - quando eu dei aula pra Engenharia de Produção, e confesso que eu pensava: não é meio suicídio você estar fazendo este curso? Nas empresas em que eu trabalhei a competência importava só um pouco, o mais importante era como a gente socializava com os colegas - isto é, a capacidade de fazer piadas escrotas junto com os outros, ir nos churrascos, nos porres e nas boates, ser ``um deles'', fazer pose de superior e bem-sucedido, ser previsível e confiável na hora de agir como parte da máfia, e sacanear quem está pra ser limado... então: você pode passar em concursos daqui a um tempo, mas e até lá, enquanto você tiver que fazer estágios???}, % ``como é a sua família?'', ``como você estudava sem ter todas as facilidades que a gente teve?'', ``você toca alguma coisa?'', ``você é bom em esportes?'', ``como você lida com todo mundo sempre olhando pra você?''... e se há vários negros na universidade estas questões de certa forma se diluem, e eles podem usar a energia deles mais facilmente pra outras coisas. Não acho que seja possível fingir que certos estranhamentos não existam [referência: Camille Paglia; glass ceiling, token lesbian] Deixa eu passar pra algo relacionado. No início de nov/2012 o MP julgou uma ação pela retirada do ``Deus seja louvado'' das notas do Real. As notícias sobre isto geraram discussões enormes no Facebook, e muitos dos ``argumentos'' contra este julgamento eram como: ``vocês não têm mais o que fazer? Porque não vão julgar X, Y ou Z ao invés dessa besteirada?''... Acho que isto é recorrente - e imagino que bem mais no Brasil do que no Mundo Civilizado. Outra coisa que é comum é uma pessoa, que está lutando por uma causa A, ser criticada por pessoas que dizem que a causa A é frescura, que ela é idiota e devia estar lutando pelas causas B, C ou D. Conversando com uma amiga minha sobre isto - ela está estudando literatura feminista na década de 70, e estava escrevendo sobre o {\sl Novas Cartas Portuguesas} e o processo contra as três autoras - ela me contou que existe um termo pra isto: {\sl \Index{Hierarquização da Violência}} - as lutas por direitos das mulheres eram consideradas irrelevantes, as pessoas deveriam estar lutando, por exemplo, contra a fome ou contra a guerra nas colônias africanas. O argumento de ``as pessoas não deveriam estar lutando pela causa A porque deveriam estar lutando pela causa B'' se baseia em várias idéias erradas. Uma, que a energia investida em lutar por A é energia não investida em lutar por B. Ora, se para uma pessoa, por motivos pessoais, a causa A é prioridade, então ela vai aprender muito mais lutando por A, e vai se tornar uma pessoa com muito mais energia, disposição e ``ferramentas'' se lutar por A; se ela se obrigar a lutar direto por B ela provavelmente vai virar pouco mais que mais uma pessoa fazendo número numa multidão... outra idéia errada é que {\sl é possível mandar as pessoas lutarem pelas causas ``certas''} - ou seja, que o número de pessoas na multidão é muito importante -, e outra é que existem critérios ``lógicos'', ``absolutos'', pra se decidir que causas são importantes, e que eu, pessoa B, posso aplicar rapidamente estes critérios, descobrir que a causa pela qual a pessoa A luta é fútil e passar um sabão nela pelo Facebook. Eu comecei a ler um livro interessantíssimo: \fnhref{http://www.prickly-paradigm.com/sites/default/files/Graeber_PPP_14_0.pdf}{Fragments of an Anarchist Anthropology} (David Graeber, 2004), e como eu tenho mania de conectar as últimas coisas que eu li com tudo, lá vai uma citação (p.8): \begin{quote} Anarchists have never been much interested in the kinds of broad strategic or philosophical questions that have historically preoccupied Marxists - questions like: Are the peasants a potentially revolutionary class? (Anarchists consider this something for the peasants to decide.) \end{quote} {\sl Como a gente decide se uma ``causa'' - pra ser mais específico: um incômodo no nosso ambiente de trabalho - é algo que valha a pena lutar pra mudar, ou se essa causa é uma ``frescura'', isto é, algo que a gente tem que engolir e esquecer?} Seguindo a idéia do Graeber, não vale tanto a pena tentar decidir de antemão, por argumentos ``acadêmicos'' (p.??) - podemos deixar que a causa ``decida por si mesma'' - idéia: \begin{quote} Algo que nos causa pesadelos recorrentes, que nos deixa em pânico, que nos drena uma quantidade enorme de energia, a tal ponto que a gente começa a achar que vai ter enfrentar as pessoas que dizem que isso é frescura, é uma causa que {\sl decidiu por si mesma} que vamos ter que lutar por ela. \end{quote} \newpage \phantom{a} \vskip 3.0cm \centerline{\huge\bf Parte 2} \msk \msk \centerline{\large O roubo da garrafa d'água, ou:} \centerline{\large Destruição dos espaços democráticos, ou:} \centerline{\large O problema dos Fontainers} % (find-classespage 21 "Chapters and Sections") % (find-classestext 21 "Chapters and Sections") % (find-source2epage 297 "\\addcontentsline") % (find-source2etext 297 "\\addcontentsline") % (find-anggfile "quadradinho/quadradinho-a5.aux") % (find-anggfile "quadradinho/quadradinho-a5.toc") \addtocontents{toc}{\par\ssk{\bf Parte 2:}} %\makeatletter %\@writefile{toc}{\contentsline {section}{\numberline {3}Como as id\'eias se propagam}{8}{section.3}} %\@writefile{aux}{ %\@writefile{toc}{\msk Parte 2} %} %\makeatother \newpage % -------------------- % * PARTE 2 % * «garrafa-dagua» (to ".garrafa-dagua") % (sec "O roubo da garrafa d'água" "garrafa-dagua") \mysection {O roubo da garrafa d'água} {garrafa-dagua} Acho que uma das principais razões que me fizeram escrever este zine é porque eu fiquei tendo pesadelos recorrentes durante meses com a história do roubo da garrafa d'água, que é uma coisa que concretamente é tão pequena que a gente ficar se preocupando com aquilo deve soar como muita frescura... Mas, bom, este é o {\sl meu} zine - tomara que você se sinta contagiado pela idéia de escrever, e aí no {\sl seu} zine você vai poder contar as histórias que são mais importantes pra você, sob o {\sl seu} ponto de vista.... Antes de contar a história do roubo da garrafa d'água é melhor eu contar uma outra, pra preparar o terreno. Quando a minha mãe fez o doutorado dela - em Filosofia, pela PUC-Rio - ela conseguiu uma bolsa-sanduíche pra passar um tempo em Paris. Pois bem, nesse mesmo almoço com ela que eu mencionei na outra seção ela me contou que quando ela entrou na Sorbonne pela primeira vez - e era um fim de tarde de inverno, e o saguão logo depois da entrada estava praticamente vazio - a sensação dela era de ``vão me expulsar, {\it eu não tenho nível pra estar aqui}'' - Quando eu entrei pra UFF em 2009 e eu comecei a participar das reuniões de Departamento - naquela época o ICT era um departamento só, com umas 40 pessoas, e as reuniões eram com todo mundo - a minha sensação era algo bem parecido: ``{\it eu não tenho nível pra falar nessas reuniões} - eu não sei o suficiente, eu não falo bem o suficiente - o que eu falar vai tomar o tempo dos outros, e as minhas besteiras vão ficar registradas em ata pra sempre''... \msk No meio da reunião do ICT de 24/nov/2011 (que foi tensíssima; veja a seção \ref{regimento-ict} e a \fnhref{http://angg.twu.net/PURO/ict/2011_11_24_ata.pdf}{ata dela}) o Fontana pegou a garrafa d'água do Fernando Naufel. Eu fiquei tão chocado que cheguei a dizer em voz alta que a garrafa era do Fernando, que ele não podia fazer aquilo, que era {\sl roubo}, que ele devia comprar uma pra ele na cantina a 10m de distância, que a gente esperaria ele voltar pra continuar a reunião - mas ele só sorriu e disse: ``{\sl eu sou mais velho}''. Depois de eu ver que esse tipo de coisa podia acontecer sem que nem a diretora da Unidade, que presidia a reunião, nem ninguém da Engenharia ou da Computação falasse nada ou estranhasse, eu vi que poderiam fazer {\sl qualquer} tipo de grosseria ou desrespeito com a gente, e até roubarem, digamos, pacotes de provas meus ou meu laptop, sem ninguém da Engenharia ou da Computação desaprovasse. Talvez o Fontana quisesse que esse gesto fosse visto como uma mera ``brincadeira de macho'', só porque no final ele riu - mas esse pseudo-gesto de intimidade também podia ser visto - e foi - como {\sl invasão do espaço pessoal do colega}, e como um desrespeito ostensivo... ok, nossos códigos são muito diferentes - {\sl o que fazer?} % \fnhref{http://angg.twu.net/2012-ict.html}{} o % \msk % % [H2 Códigos: a garrafa d'água] % % Quando o professor Fontana, com sede no meio de uma reunião % tensíssima (a de 24/nov/2011; veja a % seção \ref{regimento-ict}), tomou a garrafa d'água do % professor Fernando Naufel, apesar de vários colegas, surpresos e % assustados, pedirem que ele não fizesse isto, que ele fosse comprar % uma garrafa pra ele no Julien's a 10 metros de distância, que % nós esperariamos até ele voltar pra continuar as discussões, % ele possivelmente viu este gesto com um gesto de intimidade, mas % várias pessoas - por exemplo, eu - viram isto como uma {\sl % invasão do espaco pessoal do colega}, e talvez um desrespeito % ostensivo... % % o que só se tornou mais apavorante quando a gente viu que ninguém % % o professor Fontana % % ora, eu sou matematico, trabalho numa area muito abstrata em que % conceitos e notacoes novas surgem a toda hora, e ai' e' comum, quando % a gente esta' fazendo seminarios de pesquisa, a gente fazer passos % talvez duvidosos em contas ou demonstracoes, e colegas fazerem % perguntas, e nos descermos aos detalhes junto com eles pra vez se o % que a gente fez realmente esta' certo - achismos existem mas sao % temporarios, e se % \msk % % Nas próximas seções vou contar um pouco do que tem acontecido % nas reuniões do ICT - mas fora da ordem cronológica, pra poder % expôr o meu diagnóstico sobre o problema de forma mais clara. A % ordem cronológica correta seria a seguinte: % % \begin{itemize} % % \item \fnhreff{http://angg.twu.net/monep.html\#ata}{28/out/2010 e 18/nov/2010}: % ``não tem o que discutir, é só aprovar''; primeiro problema % com atas. % % \end{itemize} % % [Lembre que na \fnhreff{http://angg.twu.net/\#quadradinho}{versão % online deste zine} os links funcionam!] % Corta a cena pra 2012. % % Pólos - só uma proposta chegou - abaixo-assinados - reuniões com o GT % - pedido de reunião conjunta - reunião do RIR / reunião do ICT com % participação re Ramiro, Edinho, Felipe - reuniao seguinte: mudança de % regra que não saiu em ata. % % Link pra ata do RFM. Links pras atas do ICT nas quais este assunto já % foi discutido. % http://www.historicthedalles.org/stagecoach.htm % 0: eleição pro ICT ("chapa 0") % 1: chapa 1 % A: atas % C: concurso de química % D: disciplina de química % R: reestruturação % M: coisas que a Maira e o Magini fizeram (acad/admin) % V: número de vagas de cada depto no colegiado do ICT % I: iniciativa privada, convênios, consultorias, cursos pagos % T: transparência % S: sindicância % M-artigos: Maira produziu vários artigos com o nome do PURO % M-mesa: Maira nunca ganhou uma mesa % M-bolsa: Maira precisava atrelar sua bolsa ao PURO % M-LLaRC: Magini conseguiu a sala pro LLaRC % M-vicedir: Magini foi vice-diretor do Pólo % I-anvisae: e-mail mencionando ANVISA % I-anvisac: reunião do CONPURO sobre projeto ANVISA % I-anvisaq: camisetas do "queremos bolsas ANVISA de 11 mil reais" % I-cpagos: plebiscito dos cursos pagos % I-incubadora: como a incubadora apareceu de surpresa % I-prefeitura: incubadora muda negociações com prefeitura % I-reefer: projeto do container reefer (sem detalhes) % I-cabofrio: cursos em Cabo Frio - com que professores? % C-conc1: concurso sem perfil acadêmico, 1 candidato, não foi % C-dilig: diligência do Fontana % C-diligr: reunião sobre a diligência % C-carta: a carta do Fontana apareceu transcrita na ata % C-vaga: o reitor cedeu uma vaga % C-conc2: % V-orig: discussão original sobre nº de vagas p/cada depto % V-mudanca: a CAA mudou o regimento sem mandar justificativa % % os argumentos do Dalessandro sobre falta de compromisso aparecem % detalhados na ata, nossas respostas não % quanta energia é pra gente gastar, na véspera de cada % reunião - que é quando a versão preliminar da ata é % mandada pra revisão aos membros do colegiado - pra tentar % preparar correções que tenham chances de serem aceitas? % -------------------- % ** «quimica» (to ".quimica") % (sec "Concurso de Química (ou: posições frágeis)" "quimica") \mysection {Concurso de Química (posições frágeis)} {quimica} {[Falta completar alguns dados e pôr uns links pra páginas da COPEMAG]} % http://angg.twu.net/PURO/quimica/concurso_eng_petroleo.pdf % [DCTUFF : 2882] Projeto de Pesquisa/Produtividade \msk Em março de 2012 a Engenharia realizou um \fnhref{http://angg.twu.net/PURO/quimica/}{concurso pra Engenharia de Petróleo}, cuja ementa era só Química, e com uma pontuação de currículo muito estranha, que fazia com que quem não tivesse experiência na indústria mas tirasse nota 10 em todos os outros quesitos e provas ficasse com exatamente a nota mínima pra passar: 7.0 no cômputo final - ou seja, bastava a nota em alguma das provas ser, digamos, 9.7, pra essa pessoa hipotética estar automaticamente reprovada, e não ficar nem na fila de espera pra se os primeiros colocados desistissem. Pois bem, essa pontuação excluia - deliberadamente, talvez - uma candidata ``natural'': uma pesquisadora que já vinha publicando artigos com o nome do PURO, contando pontos pra nós, e que só ainda não tinha conseguido atrelar sua bolsa de pesquisa tipo XXX ao PURO por sei lá que confusão burocrática. Esta pesquisadora já morava aqui, era casada com o nosso professor mais ativo e produtivo, eles tinham se mudado de mala e cuia pra cá, com o filho de 5 anos, comprado casa aqui, patati patatá, e, segundo uma das versões, ela só não trabalhava fisicamente no Pólo porque com os nossos problemas de espaço e sobrecarga de trabalho a tarefa de ``arranjar uma mesa pra ela'' nunca era completada. Concursos públicos pra professores custam muito trabalho e dinheiro pú\-bli\-co pra serem realizados, e em geral tentam ser os mais abertos e honestos possí\-veis, pra contratar alguém bom mesmo em campi do interior, que interessam menos aos candidatos que os campi nas capitais. Este concurso pra Engenharia de Petróleo teve 4 inscritos, apesar de permitir candidatos que só tivessem mestrado - não consegui checar quantos candidatos vieram fazer as provas - e não teve nenhum aprovado. Depois houve uma briga enorme, na época da divisão de disciplinas (veja as \fnhref{http://angg.twu.net/2012-ict.html}{atas} de 26/5, 30/6 e 25/8/2011), pra ver que departamento ficaria com Química Geral. Pediram a opinião de especialistas, que mostraram que Quí\-mi\-ca Geral tinha bem mais a ver com o RFM, houve uma votação, deu empate, e, após o voto de Minerva da diretora, Quí\-mi\-ca Geral foi pra Engenharia (\fnhreff{http://angg.twu.net/PURO/ict/2011_08_25_ata.pdf}{ata de 25/8/2011}, linhas 160--209; os argumentos dos especialistas não aparecem detalhados nessa ata). \msk Um dia pessoas do nosso Departamento foram até o Reitor e disseram: estamos à beira de perder o Marcio Magini, que é conhecido e respeitadíssimo na Reitoria pela atuação dele na direcao pró-tempore do Pólo, como vice do Walter Machado-Pinheiro... o Marcio tem este currículo Lattes gigante \fnhref{http://lattes.cnpq.br/9697265373144215}{aqui}, e além de vice-diretor e super-pesquisador ele tem $N$ alunos de iniciação, tem bolsa de produtividade tal, dá $N$ matérias, participa dos colegiados tais e tais, etc etc, e a mulher dele tem este currículo Lattes \fnhref{http://lattes.cnpq.br/1796634863495672}{aqui}; ela publicou $N$ artigos, já transferiu a bolsa de produtividade CNPq dela pro PURO e já publicou 3 artigos com o nome do PURO, e a áreas dela são tais e tais, e ela poderia dar sem esforço várias disciplinas de Química, Bioquímica e Estatística da Engenharia, da Enfermagem, da Psicologia, etc. Nós gostaríamos de realizar um concurso com esta ementa bem abrangente pra bons candidatos de várias áreas poderem participar, com divulgação em todas as sociedades de Química, Bioquímica e Estatística, com esta banca aqui com $N$ professores que são pesquisadores A1 do CNPq e portanto incorruptíveis, aproveitando o prazo (uma das ``janelas'' pra realização de concursos na UFF), mas pelos problemas politicos tais e tais não temos nenhuma chance de fazer um concurso no qual essa candidata possa sequer participar. {\sl O que podemos fazer?} Então o Reitor pegou uma vaga das que ele tinha guardadas pra emer\-gên\-cias especialíssimas e deu pro RFM, mas, óbvio, com condições explí\-citas e implí\-citas: que ela seria usada pra um concurso de Química exatamente daquela forma, que o concurso tivesse toda a legitimidade concebível e imaginável, que o concurso tivesse muitos bons candidatos e selecionasse dentre eles o melhor possível, que indicava que seria um professor e pesquisador fantástico, que melhorasse muito o PURO, etc, etc, e que fôssemos absolutamentos íntegros até as próximas 4 gerações. \msk {\it Se algo disto não fosse cumprido nós ficaríamos numa situação extremamente frágil perante os nossos colegas do PURO e perante o Reitor.} \msk Aí o Prof.\ Fontana, ou não percebendo esta idéia da posição frágil ou querendo testá-la até o limite, abriu uma diligência contra este concurso, e isto é um pedaço da história que todo mundo conhece bem, porque essa diligência foi discutida na reunião do ICT de 13/dez/2011, que tem uma \fnhreff{http://angg.twu.net/2012-ict.html}{ata super detalhada}, foi gravada, a \fnhreff{http://angg.twu.net/2011-dec-13/}{gravação está disponível publicamente na internet}, junto com um \fnhreff{http://angg.twu.net/2011-dec-13/README.html}{índice} que diz onde cada fala começa e cada coisa importante acontece, etc. \msk A coisa mais apavorante dessa reunião foi a fala do Fontana (1:57:38 na \fnhreff{http://angg.twu.net/audios/2012dez13-ict.html}{gravação}, linha 242 na \fnhreff{http://angg.twu.net/PURO/ict/2011_12_13_ata.pdf}{ata}) na qual ele diz: ``Eu vou à última instância com esse documento. Vou no CEP, vou no CUV, e vou na justiça comum. E vou no Ministério Público. Então: querem continuar?'' Então: dos 6 candidatos inscritos nesse concurso - todos com doutorado - 3 vieram fazer as provas, o que é um número bastante bom; a Máira Magini foi reprovada na primeira prova (a prova escrita), um candidato que tinha pós-doutorado pelo Max Planck Institut - o que não me parece pouca porcaria - foi reprovado na prova de aula, e a outra candidata foi aprovada... e o Fontana não entrou com nenhum processo contra o concurso, apesar de todos os argumentos dele de que é um absurdo um concurso de Química num departamento de Física e Matemática. Me contaram que a Máira foi fazer a prova com febre alta. Acho plausível, e acho humano. Eu no lugar dela teria ficado {\sl muito} em dúvida se estaria fazendo prova pro lugar certo, já que eu teria toda evidência de que se eu passasse na prova a minha vida seria um inferno. \msk Curiosamente, temos todas as evidências de que a esposa do prof.\ Dalessandro, da Computação do PURO, que é professora de Matemática em outra universidade federal, vai se transferir pro nosso Departamento de Computação assim que for possível - e basta haver uma vaga pra isso, porque ela já é de uma federal e portanto não precisa de concurso. Imagino que um dos argumentos seja que agora que o RFM fez um concurso pra Química tudo já virou bagunça, então a Computação pode contratar uma matemática. \msk Aliás, quando eu estava revendo centenas de e-mails, atas e gravações pra escrever este texto eu percebi uma coisa engraçada: em \fnhreff{http://angg.twu.net/PURO/quimica/}{maio de 2011} o Dalessandro era abertamente favorável a um concurso no qual a Máira pudesse participar, mas em {\sl todos} os registros posteriores aos quais eu tive acesso a posição dele passa a ser ``{\sl sou contra qualquer quebra de hierarquia}'' e ``{\sl temos que apoiar a Unidade}\footnote{o ICT é, administrativamente, uma ``unidade'' da UFF.}'', o que a meu ver até neutraliza a sua posição anterior... % (find-fline "~/PURO/ict/") % http://angg.twu.net/PURO/ict/2011_08_25_ata.pdf 160-209 % [DCTUFF : 2882] Projeto de Pesquisa/Produtividade % % Prezados Professores; % % Em anexo segue a publicação da Profa. Máira Regina Rodrigues % Magini constando o nome do Departamento de Ciência e Tecnologia na % revista Spectroscopy, importante jornal da área de Química % Aplicada. % % Essa publicação leva o nome do PURO e do departamento assim como % outros 02 já aceitos para publicação em revistas % internacionais que em breve terão sua publicação consolidada. % Esses 03 artigos que receberam o nome da UFF/PURO/RCT são resultado % da aprovação em departamento (24/02) da transferência da % Bolsa de Produtividade (CNPq) da pesquisadora para o Pólo. % % Att. % (find-angg "2011-dec-13/README") % (find-TH "magini") % (find-TH "2012-carta-ao-ict") % -------------------- % ** «reestruturacao» (to ".reestruturacao") % (sec "O processo de reestruturação" "reestruturacao") \mysection {O processo de reestruturação} {reestruturacao} % (to "filtros") No PURO temos dois grupos que pensam de formas muito diferentes e não se entendem; vou improvisar terminologia mais uma vez, e chamá-los de ``democratas'' e `republicanos''. Estamos à beira de uma reestruturação administrativa, e os ``democratas'' - que são 2/3 dos professores, 2/3 dos cursos e 2/3 dos departamentos - acreditam que as decisões sobre como lidar com os problemas do campus têm que vir de nós mesmos, e pra isto nós precisamos de mais transparência, que as informações circulem mais, que mais gente participe dos debates, que os argumentos fiquem claros, e que cada decisão importante tenha o apoio de uma maioria bem informada; já os ``republicanos'', que apesar de serem só 1/3 de nós ocupam a maior parte dos cargos que nos representam formalmente nas instâncias superiores (inter-campi), acreditam que nós já {\it demonstramos que não temos maturidade para nos gerir sozinhos}, que e toda tentativa de debate - em especial as tentativas de diálogo entre ``democratas'' e ``republicanos'' - degringola para conflitos que só geram desgate inútil. {\it Os ``republicanos'' acreditam em especialização, e que as decisões devem ser tomadas por especialistas} - e os ``democratas'' sabem que na situação atual nenhum especialista externo seria capaz de lidar com os nossos problemas, e que nós precisamos aprender mais nós mesmos - pensando, lendo e debatendo - e aí cuidarmos dos problemas nós mesmos. E para esta reestruturação administrativa os ``republicanos'' defendem uma estrutura na qual as decisões sobre a infra-estrutura do Pólo sejam tomadas por um triunvirato formado por um ``democrata'', um ``republicano'' e um ``especialista'', e casos com discordâncias insolúveis são decidos por um dos conselhos superiores da UFF - e os ``democratas'' propõem uma estrutura com um ``democrata'' e um ``republicano'' e na qual casos sem consenso são levados pra instâncias {\it inferiores} - colegiados, plebiscitos, debates. [Colar melhor $\uparrow$ e $\downarrow$] \msk Durante o processo de reestruturação administrativa dos pólos a comissão local de reestruturação não conseguiu chegar a um consenso sobre que proposta levar pra comissão geral, inter-pólos, e ficou decido que mandaríamos as duas propostas, pra que a comissão geral pegasse elementos delas e fizesse a síntese que achasse mais sábia. Bem a grosso modo, analisando as conseqüências de cada proposta de estrutura administrativa, a proposta $A$ dizia que em caso de discordância entre as unidades quem decidiria seria o CEP ou o presidente do CEP; a proposta $B$ dizia que decisões importantes sobre o pólo têm que ser consensuais entre as unidades, e que quando não houver consenso a decisão ``desce'' ao invés de ``subir'': ao invés dela ser delegada a instâncias superiores ela volta pros colegiados, pra discussão e talvez até plebiscitos. {\sl Por alguma confusão só a proposta $A$, a que dizia que as decisões em caso de não-consenso iriam pra instâncias superiores, chegou até a comissão inter-pólos.} Obs: os nossos dois representantes na comissão inter-pólos eram o Áureo, que acabou não indo a nenhuma reunião dela por questões de saúde, e o Fontana. % (find-fline "~/PURO/reestruturacao/") Isto criou uma comoção muito grande no pólo quando foi descoberto, ainda mais porque só descobrimos quando o prazo pra decisão final da comissão inter-pólos estava próximo, então aconteceram reuniões aqui, depois \fnhreff{http://angg.twu.net/PURO/reestruturacao/}{abaixo-assinados grandes}, uma comissão de acho que uns 10 professores foi numa reunião da comissão inter-pólos, que então pôde considerar melhor as consequências de cada proposta, $A$ e $B$, e como essa comissão inter-pólos não conseguiu, e não quis, chegar sozinha a uma decisão definitiva e se tornar a única reponsável por ela, ela disse: ``façam uma reunião com as duas unidades, dentro de um prazo de daqui até 10 dias, e nós acataremos a decisão de vocês''. Não foi possível fazer essa reunião com as duas unidades porque o ICT alegou que isto seria ``arregimental'', mas o RIR fez uma reunião das 14:00 às 16:00, o ICT tinha uma reunião de colegiado de unidade logo depois, e três professores do RIR que tinham participado de todo o processo, os debates, a ida à comissão inter-pólos, a reunião das 14:00 às 16:00hs, tudo, vieram na nossa reunião de colegiado e \fnhreff{http://angg.twu.net/PURO/ict/2012_08_23_ata.pdf}{deram informes importantes}. Aí a comissão inter-pólos soube do pouco que conseguimos fazer em termos de reunião conjunta, e aprovou a proposta $B$ - a que não criava nenhuma estrutura especial pro PURO, que fazia com as decisões sobre os casos sem consenso ``descessem'' pra mais debates ao invés de subirem pro CEP, e que era a proposta que não tinha chegado até a comissão, que tinha se perdido pelo caminho. Na reunião seguinte do ICT (a de setembro; veja a seção \ref{atas-e-gravacoes}) inventaram que não-membros do colegiado não têm mais direito a voz nas reuniões. % (find-TH "2012-ict") % -------------------- % ** «comissao-local» (to ".comissao-local") % (sec "A comissão local" "comissao-local") \mysection {A comissão local} {comissao-local} Já é bem ruim que o Fontana não tenha reparado que das duas propostas de reestruturação enviadas só uma delas chegou à comissão inter-pólos, mas há uma evidência - fraca, infelizmente - de que {\sl pode} ter acontecido algo bem pior. Nessa reunião da comissão local havia pouca gente argumentando a favor da proposta do triunvirato que incluía o ``especialista'': ao que eu me lembre, eram só a Flávia, da Computação, e o Duque, da Engenharia (foi uma reunião sem ata, no auditório - eu vi ela acontecendo e entrei de curioso, como ouvinte, e peguei a segunda metade da reunião). Tinha mais umas 8 ou 10 pessoas, dentre as quais talvez só a Ana Isabel fosse do ICT. A Flávia tentou argumentar a favor da proposta com o especialista durante um tempão, mas cada argumento dela foi rebatido - a meu ver muito bem - por gente que mostrava que cada uma das ``vantagens'' do esquema do especialista correspondia a algo que já tinha sido tentado no PURO, tinha dado errado, e já tinha sido muito debatido. Lembro da sensação, minha e de muita gente - conversei com várias pessoas depois - de que era angustiante dialogar com a Flávia, porque ela parecia ter esquecido e apagado todo o nosso histórico, e queria recomeçar todas as discussões do zero\footnote{Veja \burl{http://angg.twu.net/2011-alice-e-bob.html}; eu devo ser um gato escaldado.}. Pois bem: num momento, perto da hora do fim da reunião, a Flávia - que, lembrem, estava contra a comissão local enviar {\sl as duas} propostas já que não havia consenso - disse algo como\footnote{Acho que não consigo reconstruir esta frase de forma que ela soe plausível.}: ``Vocês não aceitam os meus argumentos mas o representante do PURO na Comissão é o Fontana, e ele vai levar a proposta que o ICT quiser''. E se levantou e saiu chorando. Não acho muito grave que ela tenha dito isso num rompante - afinal é bem difícil argumentar sozinha contra uma multidão bem preparada - mas é {\sl possível} que o Fontana tenha feito exatamente o que ela disse... e, por exemplo, ela foi vice do Fontana na eleição pro CUV\fnhref{http://angg.twu.net/PURO/eleicao-docente-edital-002.pdf}{} - isto {\sl pode} ser encarado como evidência da proximidade entre ela e o Fontana. % [Flávia] % ;; (find-fline "~/PURO/") % (code-xpdf "editalchapasconselhos" "~/PURO/eleicao-docente-edital-002.pdf") % (code-pdf-text "editalchapasconselhos" "~/PURO/eleicao-docente-edital-002.pdf") % ;; (find-editalchapasconselhospage 8) % ;; (find-editalchapasconselhospage 9 "Bernardini") % ;; (find-editalchapasconselhostext 8) % -------------------- % ** «atas-e-gravacoes» (to ".atas-e-gravacoes") % (sec "Regras para atas e gravações" "atas-e-gravacoes") \mysection {Regras para atas e gravações} {atas-e-gravacoes} % da qual só temos uma gravação informal, % (find-TH "2012-ict") % (find-THLfile "audios/") % (find-THLfile "PURO/ict/") % http://angg.twu.net/PURO/ict/2012_09_20_ata.pdf % [puro-uff-rfm: 1659] Fwd: Regimento ICT % [puro-uff-rfm: 1666] reunião extraordinária do departamento de física e matemática Em 18/set/2012 ficamos sabendo que o novo regimento do ICT tinha sido aprovado, e o Reginaldo descobriu que a cláusula que era mais importante pra nós, e que tinha sido discutida durante uma reunião do ICT quase toda, tinha sido mutilada por uma das câmaras superiores sem que nenhuma justificava fosse dada - os detalhes disto estão na seção \ref{regimento-ict}. No início da reunião do ICT de 20/set/2012 o Antônio pediu a inclusão de um ponto de pauta - ``4.2.\ Discussão do regimento interno aprovado pelo CUV'' -, mas acabamos passando mais de 40 minutos só discutindo as correções a serem feitas na versão preliminar da ata da reunião anterior (de 23/ago/2012), e não deu pra chegarmos a este ponto de pauta. % o tempo da reunião acabou antes de chegarmos até % ele. % % Na reunião do Colegiado do ICT % de \fnhreff{http://angg.twu.net/audios/}{20/set/2012} nós passamos % mais de 40 minutos só discutindo \msk O meu pedido pra ata era a inclusão desta frase, \begin{quote} O Prof. Eduardo Ochs diz que não é preciso fazer a votação, pode escrever o resultado direto: 7 a 3. À objeção do prof.\ Moacyr o prof.\ Eduardo Ochs responde dizendo que não é bem assim, que nem toda votação é uma caixinha de surpresas, e aposta com ele R\$\,5 que o resultado será 7 a 3. \end{quote} E o Antônio submeteu quatro pedidos. O meu pedido foi declarado ``absurdo'' - é um ``absurdo'' colocar numa ata ``aposto R\$\,5'', ``é um desrespeito ao colegiado'' (Fontana, 39:25 na \fnhreff{http://angg.twu.net/audios/2012set20-ict.html}{gravação}). Um dos do Antônio era uma correção numa fala da Marcelle, em que o que saiu não fazia sentido no contexto da ata e era o contrário do que ela tinha dito. Resposta, também do Fontana: {\sl não pode pedir correções na fala dos outros}, não pode nem propôr uma correção e pedir pra votar - ``isso aí não se vota!'' (41:44 na gravação). Outras regras pra atas foram aparecendo durante a reunião, todas via Fontana. ``Quando um terceiro fala a reunião tem que ser suspensa'' (1:02:16; tradução: o que não-membros do Colegiado falam não pode constar da ata); ``não pode frases soltas''. A meu ver essas regras pra atas deveriam ter aparecido na ata desta reunião, mesmo que não fossem regras novas e sim esclarecimentos sobre como interpretar regras pré-existente. Não saiu nada - como se essas regras fossem todas óbvias. % (find-angg ".emacs.audios" "2012sep20-ict") % (find-angg ".emacs.audios" "2012nov22-ict") % (find-angg ".emacs.audios" "2012dec13-ict") % [Oops, acho que a discussão sobre gravações aconteceu na % outra reunião - checar] % (find-TH "2012-carta-ao-ict.blogme") % A-naomembros: não-membros nao tem mais voz % A-corroutros: nao pode pedir correcoes na fala dos outros % A-frsoltas: nao pode frases soltas ("F nunca fez mal a ninguém") % A-absurdo: eu pedi algo que o Fontana disse "absurdo" % A-corrvote: pedidos de correção são votados/vetados % A-comoCUV: como se a nova interpretação fosse correta % % A-gravacao: não pode mais gravação % A-suspensa: a última reunião foi suspensa Mais um trecho do ``Debt'' (pp.166--167; a seção se chama ``Honor and Degration''): \begin{quote} \Index{Equiano}'s further adventures - and there were many - are narrated in his autobiography, {\sl The Interesting Narrative of the Life of Olaudah Equiano: or, Gustav Vassa, the African}, published in 1789. After spending much of the Seven Year's War hauling gunpowder on a British frigate, he was promised his freedom, denied his freedom, sold to several owners - who regularly lied to him, promising his freedom, and then broke their word - until he passed into the hands of a Quaker merchant in Pennsylvania, who eventually allowed him to purchase his freedom. Over the course of his later years he was to become a successful merchant in his own right, a best-selling author, An Arctic explorer, and eventually, one of the leading voices of English Abolitionism. His eloquence and the power of his life played significant parts in the movement that led to the British abolition of the slave trade in 1807. Readers of Equiano's book are often troubled by one aspect of the story: that for most of his early life, he was not opposed to the institution os slavery. At one point, while saving money to buy his freedom, he even briefly took a job that involved purchasing slaves in Africa. Equiano only came around to an abolitionist position after converting to Methodism and falling in with religious activities against the trade. Many have asked: Why did it take him so long? Surely if anyone had reason to understand the evils of slavery, he did. The answer seems, oddly, to lie in the man's very integrity. One thing that comes through strikingly in the book is that this was not only a man of endless resourcefulness and determination, but above all a man of honor. Yet this created a terrible dilemma. To be made a slave is to be stripped of any possible honor. Equiano wished above all else to regain what had been taken from him. The problem is that honor is, by definition, something that exists in the eyes of others. To be able to recover it, then, a slave must necessarily adopt the rules and standards of the society that surrounds him, and this means that, in practice at least, he cannot absolutely reject the institutions that deprived him of his honor in the first place. \end{quote} O caminho mais óbvio seria nós tentarmos seguir todas as regras dessas reuniões - mesmo que essas regras mudem a toda hora - pra tentarmos mostrar pros donos da reunião como nós somos respeitáveis, e daí merecermos que o que nos importa saia na ata, e merecermos mas nas votações mais dos que os 3 votos do nosso departamento (dentre 10). Mas vamos supor, por um momento, que isto {\sl não adiante}. Com a novo \Index{regimento do ICT} (depois da modificação feita pela Câmara de Assuntos Administrativos) o RFM pode passar a ter só um representante no Colegiado. O que esse um representante do RFM vai fazer nessas reuniões? Já foi dito várias vezes que essas reuniões não são pra debates, que isso é perda de tempo - elas são pra deliberar e votar, e em assuntos importantes as pessoas já vêm com voto definido, já que elas representam seus departamentos. Então esse um representante iria trazer ou responder idéias no colegiado pra quê, se essas idéias não são ouvidas - e nem podem ser gravadas - e não saem na ata? E com que motivação outros membros do RFM viriam nessas reuniões, se não-membros do colegiado não têm nem direito a voz? A gente não tem uma Helen Suzman, que aguentou ser a única pessoa anti-apartheid no parlamento da África do Sul durante 13 anos... % -------------------- % ** «regimento-ict» (to ".regimento-ict") % (sec "O regimento do ICT" "regimento-ict") \mysection {O regimento do ICT} {regimento-ict} % from:reginaldo "regimento ict" % http://www.uff.br/uffon/bs/2012/08/144-2012.pdf % (find-fline "$S/http/www.uff.br/uffon/bs/2012/08/") % (code-xpdf "bsregimento" "$S/http/www.uff.br/uffon/bs/2012/08/144-2012.pdf") % (code-pdf-text "bsregimento" "$S/http/www.uff.br/uffon/bs/2012/08/144-2012.pdf") % (find-bsregimentopage) % (find-bsregimentotext) % (find-bsregimentopage (+ 2 146)) % (find-bsregimentotext (+ 2 146)) % [Link pra reunião de 24/nov/2011 e pros documentos que mostram % como e quando a cláusula que garantia o mínimo de 3 % representantes pra cada departamento foi modificada na Câmara de % Assuntos Administrativos; discussão sobre reações a isto na % reunião do ICT de dez/2012] % [Link pra refs sobre o parlamento da África do Sul durante o % Apartheid; como funcionaria o RFM ter um representante só num % colegiado que decidiu que não-membros do colegiado não têm % mais direito a voz, e que tem as regras atuais sobre como as atas % são preparadas e que pedidos de modificação são % aceitáveis?] Apesar do PURO ter falta de professores em quase todos os departamentos - incluindo, imagino, na Engenharia de Produção, já que uma proporção grande das novas vagas de professores substitutos foram pra Engenharia {\sl [link pra ata]} - a Engenharia decidiu que um dos seus professores DE - o Fontana, que é o único Professor Titular lotado no PURO - não precisaria fazer nem ensino, nem pesquisa, nem extensão; ele seria ``Assessor Especial da Direção do ICT'' full-time, e seu papel principal seria na interface do PURO com Niterói - principalmente com as Câmaras Superiores. O Fontana é o ``segundo decano'' do CUV - o segundo membro do CUV mais antigo em atividade - e imagino que ele conheça as câmaras superiores como (quase) ninguém - seus regulamentos, suas práticas, seus históricos, seus membros. \msk Na reunião do ICT de 13/dez/2012(?) nós (do RFM) ficamos tentando encontrar o melhor encaminhamento prático possível pro problema da mudança no regimento do ICT - mas a melhor idéia que tivemos foi pedir à Câmara de Assuntos Administrativos a {\sl justificativa} para a mudança. O Fontana disse que isso é absurdo, que ele é contra, que não se vai contra uma decisão das câmaras superiores, que é um absurdo e um desrespeito pedir uma justificativa, que elas não têm que justificar nada, e que isto não tem como dar em nada - e na votação ele pediu que o seu voto constasse em ata: ele é contra pedirmos uma justificativa pra mudança. (Eu expliquei que o pedido de justificativa é um modo prático de sinalizarmos que {\sl algo} do que aconteceu merece mais atenção - {\sl como} o diálogo vai ser reaberto, ou quais vão ser os passos seguintes, ainda não temos como saber.) \msk A comunicação com as câmaras superiores, e outras entidades similares, é feita em três \Index{níveis de linguagem} diferentes. As ``leis'' - regimentos, etc - são numa linguagem muito concisa e muito precisa, em que cada palavra pode ter um peso enorme; a frase retirada pela CAA cria um futuro negro para o RFM, e o {\sl nome} do RFM - ``Departamento de Física e Matemática'', versus ``Departamento de Ciências Básicas'' [decidido na reunião tal] foi um dos argumentos pra que concursos pra Química não pudessem ser feitos pelo RFM [link pra ata]. % Leis aprovadas estão ``set in stone'' [trad?], \begin{itemize} \item[1.] {\sl Abaixo-assinados} são feitos numa linguagem menos concisa, que permite exemplos e explicações. Memorandos às vezes admitem trechos nesta linguagem menos concisa, e confesso que o pedido de justificativa que eu vagamente imaginava abriria algum espaço para uma justificativa formal da CAA que fosse mais do que uma ou duas frases {\sl pro-forma} com conteúdo zero. \item[2.] Discussões públicas ``formais'' são numa linguagem menos concisa ainda, que permite argumentos que não sentimos que precisam ser definitivos; retratações são relativamente fáceis, é comum percebermos furos nas nossas posições e voltarmos atrás - em especial se certas regras de convivialidade são seguidas e a convivência é mais ou menos amistosa. \item[3.] Discussões ``não-públicas'' têm um espaço enorme para trechos nos quais o {\sl tom} é mais importante que as palavras - trechos nos quais as pessoas se demonstram amistosas, ou demonstram aprovação aos outros, mostrando que compartilham os mesmos códigos e fazendo brincadeiras. Tem vários professores do PURO, principalmente na Computação, com os quais eu não me imagino tendo este tipo de comunicação, pelo menos não num futuro próximo - há um impasse, porque eles não entendem porque muitas pessoas não os cumprimentam mais, não dizem ``bom dia'' nem olham na cara deles quando cruzam com eles nos corredores, mas eles também não têm tempo pra ler nada sobre o nosso ponto de vista, e nem mesmo pra fazerem hipóteses sobre o que aconteceu, muito menos pra escreverem algo no registro das discussões públicas ``formais'' que mencionei antes - então um lado espera uma iniciativa {\sl amistosa} do outro, e o outro espera uma iniciativa {\sl racional} do um. \end{itemize} % Comentário da ata: % % Substituir a frase: "O Prof. Antônio Esposito solicita informe % sobre o recebimento de vagas de professores temporários". % % por: "O Prof. Antônio Esposito solicita informe sobre o recebimento % de mais duas vagas de professores temporários que fazem parte das 8 % vagas acordadas junto a Reitoria para atender a demanda dos cursos de % engenharia de produção e ciência da computação." % % Substituir a frase: "A Prof. Marcelle informa que foram recebidas duas % vagas no ICT e que foi discutido com os chefes de departamento e % coordenadores de curso e decidido que uma vaga iria para o RCM e a % outra para o REG." % % por: A Prof. Marcelle informa que foram recebidas duas vagas no ICT e % que foi discutido com os chefes de departamento e coordenadores de % curso, mas não se chegou a uma proposta de consenso e que a % Direção da Unidade decidiu que uma vaga iria para o RCM e a % outra para o REG". % % Substituir a frase: "O Prof. Antônio questiona porque não houve % rodízio, como havia sido deliberado pela plenária da unidade." % % por: "O Prof. Antônio questiona porque a Direção da Unidade % não obedeceu à deliberação da plenária do colegiado de % unidade que estabeleceu o rodízio para distribuição das 8 % vagas de professor temporário e que a decisão da Direção % da Unidade de nãoobedecer ao rodízio fez com que o RFM não % recebece uma dessas duas vagas." % % Substituir a frase: "Esclarece que o rodízio foi seguido" % % por: "Esclarece como o rodízio não foi seguido." % % Cordialmente, % Antônio. % (find-TH "2012-ict") % file:///home/edrx/TH/L/2012-ict.html Na reunião de 23/ago/2012 saiu na ata a seguinte frase solta: ``O Prof. Antônio Fontana diz que nunca fez mal a ninguém conscientemente, ele apenas briga por aquilo que acredita''. Na reunião de 20/set/2012 reiteraram que não se pode {\sl nem sequer propor} mudanças nas falas dos outros, e que não pode frases soltas - {\sl e a discussão sobre as regras pra atas não saiu em ata} [pôr aqui: notas sobre jurisprudência]. Então, se querem que {\sl algo} de uma discussão não saia na ata, basta não pôr na ata uma fala de alguém da Engenharia logo anterior a este {\sl algo}, nem nada do que vem depois. Aí não dá pra pedir menção à fala desse alguém da Engenharia, e o que vem depois vira ``frases soltas'', que também não se pode pedir pra incluir. \msk {\sl Que ferramentas vão nos restar pra refletirmos sobre as conseqüências - as que não conseguimos prever - dos nossos atos se os espaços pra discussão são suprimidos?} \msk Certas ferramentas pra isto - como a obrigação formal de se fazer atas de certas reuniões, e a obrigação pelo menos ``moral'' de que estas atas sejam fidedignas - podem parecer desagradáveis em certos momentos, mas elas {\sl existem}, e a existência delas tem uma origem social clara: o recado é que {\sl é possível agir coerentemente e responsavelmente} - isto pode exigir esforço e prática, mas este exercício é considerado necessário, e a sociedade considera como ``adultas'' as pessoas que fizeram este exercício o suficiente. % -------------------- % * «como-eu» (to ".como-eu") % (sec "Como eu tive que sair da toca" "como-eu") % (sec "Como eu (tive que) saí(r) da toca" "como-eu") \mysection {Como eu (tive que) saí(r) da toca} {como-eu} Agora deixa eu contar como é que eu {\sl tive que} deixar de ser alguém que fica quieto num canto só olhando à distância e comecei a participar ativamente de várias dessas confusões do PURO... foi porque eu comecei a ficar {\sl muito mal}. As próximas (muitas) seções vão ter ainda mais ``eu''s no texto que as outras, por motivos óbvios. % -------------------- % ** «carrano» (to ".carrano") % (subsec "A transferência do Carrano" "carrano") \mysubsection {A transferência do Carrano} {carrano} Em abril de 2010 o prof.\ Carrano, que tinha passado pro PURO há pouquíssimo tempo - e num concurso pra Assistente, porque ele ainda estava no meio do doutorado - pediu transferência, pro próprio departamento da UFF de Niterói onde ele estava fazendo doutorado, o TET/UFF. Quando eu fiz o concurso pro PURO uma das coisas que me perguntaram na entrevista foi: você realmente está a fim de trabalhar aqui? Porque os professores tinham um pacto - informal, claro - de que o PURO não seria usado só como trampolim pra quem queria ir pra um campus decente (que era quase todo mundo; veja a seção \ref{delpupo}), e só conseguiam manter o PURO como um lugar bom pra se trabalhar por conta desse pacto... então quem queria sair antes de terminar o estágio probatório devia fazer concurso pra outra universidade, ao invés de pedir transferência. Eu entendi essa idéia, achei bem razoável, e aceitei - aliás eu tinha trabalhado uns anos como programador, cercado de colegas que faziam exatamente o mínimo pra não serem demitidos, e que pulavam fora deixando seus projetos pelo meio (e sem documentação, ilegíveis, pra serem terminados pelos outros) assim que conseguiam ser contratados em outros lugares. Isso me desesperava, e eu estava voltando pro mundo acadêmico - fugindo do ``mundo real'', onde o mais comum era as pessoas fazerem o mínimo que parece ok pro ``cliente'', pegarem o dinheiro e saírem correndo - porque eu não aguentava mais. O pedido de transferência do Carrano foi discutido à beça na reunião de abril, mas deixado pra ser votado na reunião de maio, na qual as discussões foram ainda mais selvagens... e no fim das contas a maioria votou a favor de liberar o Carrano - o que me surpreendeu, porque levou muito tempo na reunião pra aparecer a primeira fala pró-liberação do Carrano - e talvez também porque eu tinha uma mágoa especialmente grande do mundo no qual os trabalhos são só trabalhos quaisquer, pra conseguir dinheiro e benefícios pessoais, e não há uma noção de comunidade. Além disso uma comunidade na qual a gente tem até reuniões nas quais todo mundo pode falar é algo que dá muito trabalho pra construir, então se dependesse de mim a gente cozinharia o Carrano mais um bocado. Acho que as atas dessas duas reuniões são prova do quanto a gente discutia questões ``micropolíticas'' no PURO - a definição {\sl formal} do que quereria dizer ``dedicação exclusiva'' pra nós era só uma pontinha de iceberg. Um colega meu de departamento, Reginaldo Demarque, ficou marcado por um outro aspecto dessa reunião: a postura do Fontana - e, se não me engano, nenhum de nós dois nunca tinha nem visto nem ouvido falar nele antes, e eu tava no PURO desde jan/2009 e o Reginaldo desde .../.... . \begin{quote} [Reginaldôôôôô, manda a sua história preu incluir aqui?] \end{quote} % -------------------- % ** «e-so-assinar» (to ".e-so-assinar") % (subsec "É só assinar" "e-so-assinar") \mysubsection {É só assinar} {e-so-assinar} Na reunião do ICT de 28/out/2010 (?) um dos assuntos na pauta era uma possibilidade de passar a professora Maria Helena, da Engenharia, de 20h pra 40h DE. Explicaram que a Maria Helena trabalhava no escritório de propriedade intelectual da UFF, em Niterói, no tempo dela fora do PURO, e tinham conseguido um modo de dar esse upgrade na contratação dela, com o acordo de que ela continuaria meio no PURO, meio em Niterói. Como na minha cabeça a idéia de Dedicação Exclusiva era algo que naquele momento era pra ser discutida em todas as oportunidades possíveis, eu pedi que a gente discutisse - e o Rodolfo disse: ``não tem nada pra discutir, é só assinar''... {\sl caramba, como responder uma coisa dessas?} Foi como se eu estivesse numa daquelas histórias em que a Maga Patalógica está correndo pro Vesúvio pra derreter a moeda nº 1 do Tio Patinhas, e ela joga uma das Bombas Bestificantes nos patos que estão perseguindo ela, e eles ficam paralisados... apesar de semi-paralisado eu até consegui responder alguma coisa na hora, só que na reunião seguinte os meus pedidos de correções na ata deram uma confusão enorme, que me deixou pior ainda... Pra eu não ficar meses só me corroendo de mágoa e impotência eu acabei escrevendo um monte de coisas (``notas''?) - pessoais, que eu levei meses até mostrar pra colegas do PURO - que pus \fnhref{http://angg.twu.net/monep.html}{aqui}, e chamei de ``Meu ouvido não é penico''. Tem muita coisa lá, e elas são grandes demais pra eu poder resumir aqui. % (find-TH "monep") % (find-TH "monep" "ata") % -------------------- % ** «anvisa» (to ".anvisa") % (subsec "As bolsas Anvisa" "anvisa") \mysubsection {As bolsas Anvisa} {anvisa} Eu já não entendia porque é que 1) o Moacyr, como vice-diretor do Pólo e professor nosso\footnote{O Sérgio Mendonça, nosso diretor, ficava pelo menos metade do tempo em Niterói, e dava suas aulas lá.}, não enxergava direito os nossos problemas, e daí não transformava o PURO num paraíso, 2) as falas dele nas reuniões não tinham a menor concisão e ninguém cortava, então a gente tinha que ficar um tempão ouvindo que a reunião com o reitor foi uma reunião, éé, muito, ããã, muito, ããã, muito difícil, éé, ããã, muito difícil, mas a vida é assim mesmo, foi um ano de muitas lutas, éé, muitas lutas, agora parabéns pra nós, temos que comemorar - e aí o povo da Engenharia, que dava as disciplinas avançadas, pra poucos alunos, ficava marcando churrascos nas reuniões, enquanto eu me descabelava em silêncio, e tentava trabalhar nos meus assuntos de pesquisa em cada mini-brecha de tempo... Aí apareceu um \fnhreff{http://angg.twu.net/PURO/festival3.html}{e-mail de denúncia}, {\sl aparentemente} assinado por um cara do ANDES-RJ, e que tinha sido mandado pra centenas de pessoas, até pro reitor... tudo que era fácil verificar do que ele denunciava era verdade - e, bom, era um e-mail {\sl assinado}, e ninguém iria mandar uma coisa daquelas, e pôr a cara a tapa daquela forma, sem checar bastante bem o que está dizendo - então as pessoas começaram a repassar aquele e-mail umas pras outras e a conversar {\sl muito} sobre ele... claro que a gente não tinha tempo de checar tudo, mas, repara, a universidade pública {\sl deveria} ser o lugar em que as coisas são mais transparentes, então o que exatamente andava acontecendo - e era centenas de coisas - que fazia com que as denúncias nele {\sl soassem} tão verdadeiras? % (find-es "tex" "floats") % (find-TH "2010-conseq") % (find-TH "2012.2" "textos") % -------------------- % ** «conseq» (to ".conseq") % (subsec "Primeira denúncia/desabafo" "conseq") \mysubsection {Primeira denúncia/desabafo} {conseq} Em 16/nov/2010, depois de um fim de semana me contorcendo em casa sem saber o que fazer a respeito dessas últimas notícias que eu tinha tido sobre o PURO, eu escrevi um texto curto {\sl muito} amargo - porque quando eu escrevo sobre algo que me perturba muito eu consigo parar de repetir tanto os meus pensamentos sobre aquela coisa - e daí levei uns 3 dias pra ter coragem de mostrá-lo pra colegas, e não sei mais quantos dias pra decidir pô-lo na minha página. Vou transcrever o corpo desse texto aqui - mas aviso que a versão online, \fnhref{http://angg.twu.net/2010-conseq.html}{aqui}, está cheia de links - inclusive pro tal e-mail da denúncia - então visite-a... (Obs: a menção aos ``efeitos sobre os alunos'' tem a ver com um caso endêmico de cola numa turma minha no fim de 2009, e com as respostas - {\sl bizarras} - que os alunos envolvidos deram tentando se defender; veja as minhas \fnhref{http://angg.twu.net/2009-cola.html}{Notas sobre cola}). \begin{quote} Sabemos que os alunos de Engenharia de Produção nunca se envolvem politicamente com nada - eles dizem que ``não têm tempo'', que essas coisas ``não funcionam'', que elas ``não têm a ver com eles'', e que participar de manifestações ``pode prejudicá-los''. Muitas pessoas já receberam um e-mail da ANDES-RJ com o título: ``INTERVENÇÃO NA UFF - FESTIVAL DE COR\-RUP\-ÇÃO''. Este e-mail contém uma denúncia sobre o Projeto Anvisa, que envolve vários professores de Engenharia de Produção do PURO - mas só o Moacyr, vice-diretor do pólo, é citado nominalmente -, e várias outras denúncias sobre a Reitoria. Mas estas denúncias são apenas denúncias por enquanto... o que temos de absolutamente concreto são estas relações de despesas do governo (clique em ``Lista dos favorecidos finais''): \msk {\it [Aqui a página tem vários links pro Portal Transparência do governo. Visite-os pra ver quem recebia R\$\,11\,000 por mês e quem recebia R\$\,4\,500.]} \msk Suponha que o TCU aceite a denúncia e investigue estas despesas. O que vai acontecer? Os envolvidos podem ter que prestar contas, podem ter que responder a um processo... Punições além deste ponto são raras - o que aconteceu com o Reitor até agora? E com o Lentino? E será que estes nossos professores vão passar a se dedicar menos ainda ao PURO porque estarão ocupados preparando prestações de contas e defesas???... Será que eles não poderiam ter agido transparentemente e de acordo com a lei desde o início? Os professores que tiverem que responder a estes processos ficarão com suas reputações ligeiramente arranhadas. Quais as conse\-qüên\-cias disto? Será que isto afetará os outros professores da Engenharia de Produção de algum modo? O que eles acham disto tudo? Se o Moacyr for processado, por exemplo, será que eles vão achar só que foi uma fatalidade?... Que este é o modo mais eficiente de se fazer negócios, que as exigências de transparência feitas pelo governo só atrapalham, que se o Moacyr foi pego foi porque ele foi otário, e o que aconteceu com ele não tem nada a ver com os outros? Professores são sempre formadores de opinião (em algum sentido). Estes professores mostram para os seus alunos como o ``mercado'' funciona - e mostram que o risco de ser denunciado sempre faz parte do negócio. ``Empreendedorismo'' talvez seja isto - aproveitar as melhores oportunidades, tentando minimizar os riscos. E ``profissionalismo'' envolve fazer alianças, se expôr pouco, e acobertar os colegas... Estes professores formam os {\sl alunos} da Engenharia de Produção - que não se envolvem em questões ``morais'' ou ``políticas'', porque estão muito ocupados, porque teriam muito a perder, e porque eles não sentem que têm a ver com o que acontece em torno deles. Esta atitude - eles são ``práticos'' e ``realistas'', os outros são ``sonha\-dores'' e ``idealistas'' - está quase que completamente consolidada, e não vai mudar só com uma ou duas passeatas, ou com eles sendo mal-vistos durante uma semana, ou com umas poucas pessoas centrais tendo que enfrentar prestações de contas e um processo. A questão, para todos os que se incomodam - alunos, professores, funcionários, amigos, parentes, cidadãos, que pagam impostos diretos ou indiretos - é maior, e é permanente: como lidar como estas pessoas no dia-a-dia? Como dialogar com elas se as nossas questões ``morais'' pra elas são ``frescuras''? Se elas não são nem mesmo mal-vistas socialmente, quais são as conseqüências - para elas - do que elas fazem? Se não fazemos nada estamos sendo cúmplices? O que podemos fazer pra que honestidade deixe de ser ``coisa de otário''? \end{quote} % -------------------- % ** «esclarecimentos» (to ".esclarecimentos") % (subsec "Esclarecimentos (péssimos)" "esclarecimentos") \mysubsection {Esclarecimentos (péssimos)} {esclarecimentos} Aí em 25/nov/2010 teve uma reunião extraordinária do CONPURO pra pedir esclarecimentos sobre o projeto Anvisa, e eu fui nela... os ``esclarecimentos'' me deixaram mas chocado ainda, e eu me contorci durante de angústia e raiva mais uns dias, e escrevi mais isto \fnhreff{http://angg.twu.net/desnevizacao.html}{aqui} - que aliás foi onde eu inventei o termo ``zumbis'', que eu continuo usando até hoje, porque é prático. \begin{quote} {\bf Sobre competência (pra ganhar dinheiro)} Eu queria conseguir esquecer dos problemas rapidamente, como as outras pessoas em torno de mim. Mas eu não consigo. Algumas coisas que foram ditas na reunião do CONPURO de 25/nov/2010 - a que tinha como um dos pontos de pauta ``esclarecimentos sobre o projeto ANVISA'' - não me saíram da cabeça até agora, e ficam voltando... é MUITO desagradável. Uma delas foi o João dizendo que acha um absurdo essa coisa dos brasileiros terem vergonha de dizer abertamente o quanto ganham; que nos EUA é exatamente o contrário, lá as pessoas têm orgulho de dizer ``eu ganho 100\,000 por mês'', porque isso quer dizer que elas VALEM 100\,000 por mês. Outra foi o Fontana dizendo que eles ganham as bolsas de entre 4\,500 e 11\,000 reais por mês da ANVISA porque eles são competentes e o trabalho deles é muito bom, e se os outros não são competentes é problema deles. Outra foi o João dizendo que quem repassou o \fnhref{http://angg.twu.net/PURO/festival3.html}{e-mail da denúncia} sem checar a veracidade dele é um irresponsável, que deve ser processado por calúnia, difamação e danos morais (detalhe: no \fnhreff{http://angg.twu.net/monep.html\#almoco}{almoço de 25nov2010} ele disse que se fosse ele que tivesse recebido aquele e-mail anônimo que o Fábio recebeu ele teria acionado a polícia pra descobrir de quem foi, processado o aluno, e recorrido em todas as instâncias... e aí o aluno ia perder uns 50 ou 60 mil se defendendo, e ia aprender uma lição - e ele, João, tem um seguro-advogado que permite a ele mover um processo desses de graça). Bom, pelo menos essa do ``tem que ser processado por calúnia, difamação e danos morais'' eu consegui responder!... Eu expliquei que eu é que tinha repassado o e-mail, junto com um \fnhreff{http://angg.twu.net/2010-conseq.html}{texto extra}, e fiz isso mesmo sabendo que eu corria o risco de ser processado e aí passar três anos gastando metade do meu salário com custas de processo... e não fiz isso nem anonimamente nem levianamente. Eu já fiquei doente várias vezes por questões relacionadas às condições de trabalho no PURO (ainda não tive nada que afetasse a minha vida profissional, mas estava à beira de, e já tive estragos enormes em todo o resto da minha vida) e, realmente, eu não tinha como checar sozinho se as denúncias eram verdadeiras, mas o que eu fiz foi pra pra gerar discussões, que eu acreditava que iriam melhorar as condições de todos. \msk Eu ainda penso com freqüência que eu ganho metade do que o Neves ganha, e um terço do que o Moacyr ganha, e portanto eu valho metade do que o Neves vale, e um terço do Moacyr; o Neves é duas vezes melhor que eu, e o Moacyr é três vezes melhor. Fiquei sabendo que muitos funcionários ganham bolsas da Prefeitura - bolsas de fixação? - como auxílio e incentivo para ficarem em Rio das Ostras. A prefeitura não tem nos repassado as verbas que deve, então por enquanto estas bolsas estão sendo pagas pela FEC, mas elas terão que ser cortadas em breve - até porque os acordos com a Prefeitura acabaram. Parece que os valores dessas bolsas são meio arbitrários - e que é comum quando a gente pede a um funcionário pra assumir uma tarefa extra que ele pergunte quanto de bolsa ele vai ganhar. E, evidentemente, os que não ganham essas bolsas se sentem desvalorizados, e, por motivos humanos que todo mundo entende, eles ou não assumem as novas tarefas ou as fazem mal. Criou-se uma situação na qual a gente vale o que ganha, e as comparações com os colegas - e a sensação de injustiça - são inevitáveis. Com os cortes das bolsas pra funcionários vamos começar um processo de desnevização do PURO. Tomara que dê certo. \msk A questão da ``competência'' (pra ganhar dinheiro) fica me voltando à cabeça. O RCT só tem um incompetente assumido - que sou eu. Eu tentei virar programador numa época, exatamente pra ganhar dinheiro - o meu objetivo era juntar o suficiente pra eu ir pra Inglaterra fazer o curso de formação em Técnica Alexander - e deu \fnhref{http://angg.twu.net/omnisys.html}{tudo errado}. Eu não tinha a estrutura psicológica pra ser um bom profissional. Eu me incomodava com questões ``éticas'' da vida dos outros que não eram da minha conta, achava que muitas brincadeiras que eles faziam pareciam ``bonding rites'' de mafiosos, e, por mais que eu tentasse fazer com que isso não transparecesse e não afetasse o meu trabalho, eu acabava ficando desgastado, e os meus colegas ficavam muito incomodados por eu não me entrosar e me expeliam. Isso aconteceu várias vezes, e eu voltei pro mundo acadêmico. \msk Era pra nós nos concentrarmos em educação, pesquisa e em criarmos condições pra esse lugar funcionar, mas tá difícil não ficar pensando demais em dinheiro. Na verdade a gente {\sl tinha} vários mecanismos pra fazer com que as questões de dinheiro fossem sempre secundárias, mas eles foram subvertidos. \msk \msk {\footnotesize ({\sl Update:} não sei por quanto tempo eu ainda vou conseguir manter o controle... daqui a pouco eu também vou virar uma célula cancerígena, devorando os recursos do organismo do qual eu faço parte e provocando mutações malignas nos meus poucos colegas saudáveis. Vou decretar que eu fui mordido pelos zumbis - afinal, depois de tantos anos tentando resistir - e agora virei um deles. Não serei mais responsável pelos meus atos: estarei simplesmente fazendo o que todos fazem, me alimentarei de carne humana fresca e - nham, nham! - cérebros, porque isto é da minha natureza. Farei parte da massa, serei rico, inconsequente, normal e feliz.)} \end{quote} % -------------------- % ** «queremos» (to ".queremos") % (subsec "Queremos bolsas da Anvisa de onze mil reais" "queremos") \mysubsection {Queremos bolsas da Anvisa de onze mil reais} {queremos} \begin{itemize} \item 16/nov/2010: meu \fnhref{http://angg.twu.net/2010-conseq.html}{texto} sobre as denún\-cias das bolsas ANVISA. \item 25/nov/2010: reunião do CONPURO pra esclarecimentos sobre o projeto ANVISA; fiquei tão chocado com os argumentos apresentados que escrevi \fnhref{http://angg.twu.net/desnevizacao.html}{este texto}. \item 8/jun/2011: fica pronto o primeiro lote de 27 camisetas do ``queremos bolsas da Anvisa de onze mil reais'', em várias cores diferentes. Nos dois dias seguintes quase todas elas são vendidas, e o PURO se enche de pessoas com camisetas ``queremos bolsas da Anvisa de onze mil reais''. Eu me sinto uma pessoa pública pela primeira vez, e também é a primeira vez que eu fico realmente feliz no PURO, ao invés me sentir só nervoso, culpado, envergonhado, e em dívida. $$\includegraphics[scale=0.15]{queremos4.pdf}$$ \end{itemize} \msk \msk [Será que não ocorre a eles que o que os deixaria numa posição bem mais segura seria eles trabalharem pra transformar o PURO num paraíso pra todos? Será que eles não viram que o que está implícito em ``Queremos bolsas da Anvisa de onze mil reais'' é ``agora nós queremos bolsas da Anvisa de onze mil por mês pra {\sl todo mundo} - alunos, professores e funcionários''?] % -------------------- % ** «chapa1» (to ".chapa1") % (sec "As eleições de 2011 no PURO" "chapa1") \mysection {As eleições de 2011 no PURO} {chapa1} % [18/nov/2010 a 24/mar/2011: eleição para direção do ICT - detalhes % \fnhref{http://angg.twu.net/2011-eleicoes.html}{aqui}] % (find-TH "chapa1") % after:2011/6/2 before:2011/7/1 Então. Em ??/jun/2011 eu estava numa mesa com vários colegas meus (``humanos'', não ``zumbis'', na terminologia do link acima), que estavam tentando montar uma chapa com candidatos não-zumbis pra Direção do Pólo e pra representação nos conselhos superiores da UFF. Eles não estavam conseguindo arranjar ninguém pra posição de vice-diretor, e apesar de eu sempre ter sido avessos a grupos e a política, me perguntaram se eu aceitaria... lembro da minha frase: ``a minha namorada vai me matar, mas vamos lá''... $=)$ % -------------------- % ** «debate» (to ".debate") % (subsec "O debate entre as chapas" "debate") \mysubsection {O debate entre as chapas} {debate} Uma das perguntas que fizeram pra mim no debate - e que talvez tenha sido o motivo principal pra destruírem as gravações - foi a seguinte. % [Pergunta do Edwin sobre prazos; pedido de retração feito pela % Ana Isabel (que ele é coordenador de curso, etc); eu disse que % achava que pergunta era boa e queria responder; copiando de outra % página, Acho que ele foi pressionado a apagar as gravações % porque um zumbi fez uma pergunta que pegou muito mal - como é que % eu podia me candidatar à vice-direção se eu tinha % dificuldades até em entregar as provas corrigidas dentro do prazo % estabelecido pelo regulamento, e alunos já tinham feito % abaixo-assinados contra mim reclamando disso - e eu respondi % brilhantemente, falando das [R 2009-cola.html dificuldades] que eu % tive e que qualquer professor iniciante vai ter e explicando como a % gente tem que lidar com esses problemas [IT abertamente].] O Edwin disse que quem está na Direção do Pólo tem que lidar com milhares de prazos que não podem ser descumpridos de jeito nenhum, e com milhares de regras idem, e que é sabido e notório que eu sou péssimo com prazos e regras, que eu nunca consigo nem entregar as provas dos meus alunos corrigidas no prazo que o regulamento estabelece, e que isso já gerou até abaixo-assinados contra mim, então como é que eu posso estar me candidatando à vice-direção. A Ana Isabel - e várias outras pessoas na audiência - se revoltaram contra essa pergunta, disseram que aquela pergunta já poderia ser considerada anti-ética de ser feita publicamente se o Edwin fosse só um professor comum, mas que o Edwin ainda por cima era o coordenador do curso de Engenharia de Produção, que aquilo era inadmissível etc etc, que ele se retratasse - Eu fiquei tentanto interromper essa situação, dizendo que gente, por favor, a pergunta é boa, eu quero responder. % (find-TH "tattoo") % (find-TH "2009.1") % (find-TH "contact") \msk Eu expliquei que quando eu comecei a dar aulas no PURO, em 2009.1, eu tinha pouca experiência como professor (só um ano, como substituto na FEBF em 2004), e me deram três turmas, cada uma de uma disciplina diferente, que eu nunca tinha dado antes, e que ainda por cima meus horários eram às 2ªs, 4ªs e 6ªs... eu achava que eu iria dar conta indo e vindo sempre entre RO e o Rio de Janeiro como a maioria dos nossos professores, mas não, e mesmo depois que eu consegui alugar uma casa em RO o ritmo de trabalho ainda era pesadíssimo, minhas disciplinas eram das mais difíceis, turmas grandes e de primeiros períodos, com índices de reprovação tradicionalmente gigantescos, e eu achava que explicava as coisas direito mas nas provas descobria que não, que os alunos mostravam que não sabiam coisas que eu não imaginava que alguém podia não saber, que eu realmente demorava muito pra encontrar uma correção mais ou menos justa, que considerasse raciocínios certos, não punisse alunos por furos meus, os incentivassem a pensar e escrever mais ao invés de só decorarem técnicas, e ao mesmo tempo não deixasse passar quem não teria base pra acompanhar as disciplinas seguintes - e que {\sl praticamente cada professor que contratássemos começaria sem experiência e portanto péssimo}, nosso índice de evasão de professores é enorme (principalmente na Computação), porque o mais comum é os professores começarem nos campi do interior logo depois do doutorado e depois fazerem concursos para os grandes centros nas capitais, onde dá pra fazer pesquisa... que o meu caso podia ser extremo mas não era atípico, e que a questão certa é {\sl qual o melhor modo de lidar com isso}, e que eu acredito que precisamos é poder {\sl lidar com os problemas abertamente} - e que qualquer pessoa na direção vai ser atacada milhares de vezes, todos os dias, e mesmo o Walter e o Magini, que pra mim eram as pessoas mais preparadas que já tivemos na direção, foram tão atacados que só aguentaram um ano, que a Eblin e Eu, ou o Bazilio e o Áureo, seriam dez vezes mais atacados, e que uma aura de perfeição ou de auto-suficiência seria algo perfeitamente inútil, e que só atrapalharia - ah, e que a gente está sempre escolhendo o que sacrificar, que nos meus cursos eu escolhi sacrificar certos prazos, que quem tá na direção tem que conseguir que as decisões do tipo ``o que sacrificar'' sejam tomadas com o maior respaldo possível da comunidade, e aí é que entram a transparência e criar condições pra que as pessoas fiquem à vontade pra debater - e que eu frequentemente tenho ataques de vergonha pelos cursos ruins que eu já dei, mas que eu lido com isso tentando encontrar algo de ``universal'' nos problemas pelos quais eu passei e daí produzir algo que ajude todo mundo a lidar com problemas como aqueles - por exemplo, depois um caso endêmico de cola numa turma minha em 2009.2 eu passei semanas escrevendo um texto grande, pra debate, chamado \fnhref{http://angg.twu.net/2009-cola.html}{Notas sobre cola}, que acabou sendo lido - e usado - por um monte de professores e alunos... % mas que, talvez por eu % ter vindo do movimento do Software Livre, eu acabava escrevendo % bastante, até sobre isso, e que depois de um - % e que % realmente, eu frequentemente ainda me sentia péssimo pela vergonha % de ter dado cursos muito ruins, e que eu tentava fazer algo de {\sl % útil} com aquilo, que % (find-TH "2009-cola") \msk Teve uma outra fala que eu fiz nesse debate que também me deixou super orgulhoso - e esperançoso, explico porquê depois - e {\sl muito} puto por ela ter sido apagada e perdida. Vou tentar reconstruir as idéias dela como der. A Francine, aluna da Produção Cultural, apareceu com um trecho impresso de uma discussão no Facebook da qual eu participei - no grupo ME PURO, que naquele momento era quase só de alunos, mas tinham me convidado pra fazer parte dele - e que por falta de prática em Facebook eu achava que era uma discussão entre poucas pessoas, mas no fim das contas era algo cujo log ficava disponível pra todos (o que pra mim não era tão grave, mas pra Francine era, etc etc). Então: no meio de um chat em grupo com várias pessoas alguém me perguntou o que eu achava do Bazilio, e eu fui sincero e disse que eu achava que ele evitava tanto dizer coisas que pudessem pegar mal que ele acabava não conseguindo se desvencilhar de certas situações complicadas, e sob certos pontos de vista ele acabava sendo cúmplice de coisas graves. A Francine me perguntou se eu não achava anti-ético dizer coisas como aquelas em público, ainda mais numa situação na qual o Bazilio não estava presente, e era sequer membro do grupo, e não teria como se defender. Não sei bem como eu estruturei a resposta, mas eu fui sacando que não era só uma questão de ``é ético sim'' ou ``não é não'', e de encontrar o modo certo de me desculpar - fui associando idéias e acabei dizendo que eu achava que talvez fosse melhor a gente aproveitar aquele momento pra pensar sobre os vários modos que as pessoas têm de lidar com privacidade (eu já tinha explicado que eu estava acostumado com listas de discussão de Software Livre, em que as besteiras que a gente diz e que os outros dizem sobre a gente continuam disponíveis dez anos depois) e com denúncias e com acusações de que algo que fulano fez é errado, anti-ético, imoral ou ilegal; eu que aliás eu vivia falando de ``transparência'', mas isso é algo que não é nada óbvio de se pôr em prática, então vamos pensar a respeito da tal ``farra das diárias'' (seção \ref{farra-das-diarias}) da qual tanto se falava... a direção tem muito pouco poder na prática, mas tem responsabilidades enormes e tem que lidar com expectativas enormes - e talvez a maior parte do trabalho da Direção seja {\sl político}, no sentido de ajudar os muitos segmentos do PURO, que é um saco de gatos, a funcionarem uns com os outros, e muitas vezes vão esperar que a Direção faça papel de juiz ou de mediador quando acusações vêm à tona, como por exemplo a história da dita ``farra das diárias'', cujos documentos estão arquivados na Direção. Quando essa história aconteceu o PURO tinha muito dinheiro sobrando, não sabemos quais eram os critérios daquela época pra pedidos e concessões de diárias, e seria possível até que pegasse {\sl muito} mal alguém dizer ``não, obrigado, aceito fazer essa tarefa mas não quero receber R\$\,5\,000 em diárias como bônus''. Agora, que não temos dinheiro pra nada, é natural pensarmos que as pessoas que receberam R\$\,5\,000, R\$\,10\,000, R\$\,30\,000 em diárias são ``uns canalhas'' - mas isso também é {\sl ingênuo} e {\sl contraproducente} - e se queremos funcionar temos que pensar em como lidar com nossa tendência ao denuncismo e a demonizar as pessoas que fizeram coisas que hoje em dia nos parecem erradas. Temos que começar a pensar em que atitudes podemos ter, pensando nas consequência de cada uma - então, por exemplo, descartar pessoas que fizeram algo anti-ético é evidentemente ruim, e perdoar e esquecer tudo também é... % -------------------- % ** «debate-apagado» (to ".debate-apagado") % (subsec "O apagamento da gravação do debate" "debate-apagado") \mysubsection {O apagamento da gravação do debate} {debate-apagado} % welington DVDs documento expectativa {\sl Junho de 2010: meu casamento por um fio, porque eu sempre chegava no Rio exausto e uma pilha de nervos - a Valeria tentava me apoiar, mas vez ou outra ela chegava no limite dela e acabava explodindo também -} \msk A coisa no PURO que me dava mais esperança eram as reuniões do CONPURO, presididas pelo Walter e pelo Marcio Magini, nas quais a gente via claramente uma tentativa honesta, por parte de {\sl muitas} pessoas, de lidar com os problemas abertamente e em grupo de forma construtiva... Acho que o melhor link que eu tenho sobre o que eram essas reuniões é este texto aqui, \fnhref{http://angg.twu.net/2011-bctp.html}{``Queremos boas condições de trabalho para direções transparentes''}, que é basicamente um e-mail que eu escrevi pro Marcio e pro Walter quando eles pediram suas exonerações da direção. % (find-TH "2011-bctp") % (find-TH "chapa1") A cronologia de todo este processo, com link pra vários documentos e e-mails, está nesta página: \fnhref{http://angg.twu.net/chapa1.html}{Chapa 1 - PURO 2011} - mas o que eu quero fazer nesta seção é tentar reconstruir algumas das coisas que eu disse no 2º debate - o que foi \fnhref{http://angg.twu.net/chapa1.html\#apagamento}{apagado.} % -------------------- % ** «telefonia» (to ".telefonia") % (subsec "Telefonia" "telefonia") \mysubsection {Telefonia} {telefonia} Algumas pessoas têm a mania de reclamarem que foram ``expostas'' quando a gente publica algo que elas escreveram ou disseram, então aqui vão duas mensagens que eu é que escrevi, e que postei no ME PURO em 20/out/2011 e também mandei por e-mail pra muitas pessoas. \begin{quote} Descobrimos que o PURO tem telefones celulares institucionais da Claro, e topo de linha... um cara do NTI de Niterói veio aqui pra tentar entender os nossos problemas de comunicação - telefonia e internet - e ficou surpreso de nós estarmos usando uns poucos Nextels aos invés desses Claros... Aí ele olhou nos registros dele e descobriu que só uma pessoa do PURO usa esses Claros institucionais: o prof.\ Fontana, da Engenharia de Produção, aquele que é titular e é lotado no PURO, mas que conhece tanto da UFF e é tão bom pra fazer questões políticas andarem que ele não dá aula - ele tem um cargo de Assessor Especial da Direção do Departamento de Engenharia de Produção e ele só vem aqui em algumas quintas-feiras, quando há reuniões da EP. Gente, por favor, aproveitem essas quintas-feiras pra fazer todas as ligações que vocês gostariam de fazer usando telefones institucionais do PURO. Peçam o telefone do Fontana emprestado. E avisem os seus professores. \msk Ah, não sei se ficou claro, mas a minha sugestão é séria... O Fontana é meio grosso às vezes, mas se duas ou três pessoas - mais corajosas, mais caras-de-pau, ou o que for - pedirem o telefone dele emprestado a solução mais prática pra ele vai ser ele explicar como outras pessoas podem solicitar telefones como o que ele tem... \end{quote} Um bom resumo da situação dos nossos telefones aparece no relatório de gestão do Walter e do Magini, \fnhref{http://angg.twu.net/PURO/relatorio_wm/relatorio_gestao_tabela.pdf}{aqui}. % -------------------- % ** «atas-conpuro» (to ".atas-conpuro") % (subsec "Atas do CONPURO" "atas-conpuro") \mysubsection {Atas do CONPURO} {atas-conpuro} Um e-mail que eu mandei pra um monte de gente em 1º/nov/2011: \begin{quote} Oi pessoas do CONPURO, com cópia pra outras, será que vocês poderiam pedir a inclusão de um item na ata da próxima reunião do CONPURO - a próxima vai ser agora na 6ª 4/novembro, não é? - sobre disponibilização de atas de reuniões e outros documentos?... Eu solicitei à Direção do Pólo cópias de todas as atas do CONPURO - primeiro por e-mail, em 3/setembro, depois por escrito, em 8/outubro - e na última quinta perguntei ao Bazilio se ele já tinha pelo menos confirmado que as atas do CONPURO são realmente documentos públicos, e ele - aham, como posso dizer? - me disse, {\sl de novo}, que ele não se sente à vontade de me dar cópias das atas de reuniões nas quais ele não estava sequer presente... {\sl maaaaaaas} ele disse que se isto for discutido no CONPURO e a decisão de liberar cópias destas atas tiver o respaldo de outros conselheiros, aí ele não vai ser o único responsável, e tudo bem... \end{quote} Acho que essa posição só faz sentido se: 1) o Bazilio sente que a Direção é um mar de ``documentos sensíveis'' e pisa em ovos, 2) eu sou visto como alguém que vai usar qualquer documento ``para o mal''. Obs: a chapa 2 pra direção - Bazilio e Áureo, mas o Áureo \fnhreff{http://angg.twu.net/chapa1.html\#sem-vice}{não foi nomeado} - tinha um item sobre transparência na sua \fnhreff{http://angg.twu.net/chapa1.html\#propostas-de-gestao}{proposta de gestão}, mas acho que eles não faziam idéia de quanta energia seria necessária pra implementar transparência no PURO, e acabaram sacrificaram este item. % (find-TH "chapa1" "propostas-de-gestao") % (find-TH "chapa1" "sem-vice") \msk Em 18/nov/2011 - depois que ficou {\sl muito} claro na reunião do CONPURO que atas de reunião são {\sl públicas} - a Direção disponibilizou estas atas \fnhref{http://www.puro.uff.br/direcao/}{aqui}. % -------------------- % ** «sindicancia» (to ".sindicancia") % (subsec "Comissão de Sindicância" "sindicancia") \mysubsection {Comissão de Sindicância} {sindicancia} % http://www.prograd.uff.br/novo/bancodearquivos/regulamento-dos-cursos-de-graduacao-112008 Em 15/jul/2011 cinco alunos que tinham cursado \fnhreff{http://angg.twu.net/2011.1-GA.html}{Geometria Analítica comigo em 2010.1} entraram com pedidos de ``desconsideração de disciplina'' na coordenação de curso da Engenharia de Produção, pra que as suas reprovações em GA naquele semestre fossem eliminadas dos seus históricos. Este pedido era bem razoável - o \fnhref{http://www.prograd.uff.br/novo/sites/default/files/regulamentocep.pdf}{regulamento} permite isto, e várias das alegações eram verdadeiras, por exemplo a de que eu não tinha cumprido a ementa toda... obs: era uma turma de ``excedentes'' com CR baixo, criada várias semanas depois das outras, e eu tive um trabalho enorme pra fazer com que eles parassem de querer sempre ``decorar e aplicar as fórmulas''... Pois bem, esse pedido foi discutido na reunião do Colegiado de Curso da Engenharia de 1º/set/2011 (``Trata-se, em verdade, da situação crônica que envolve o professor Eduardo Ochs'' - linha 44\footnote{o draft em PDF diz algo como ``o problema Eduardo, que já dura três anos'' (?) - conferir} e aí pedem que se crie uma ``comissão de sindicância'' pra averiguar os fatos. O que acho mais importante ressaltar neste caso é que depois que os alunos submetem o pedido de desconsideração da disciplina esse pedido sai de cena completamente - seria trivial aprová-lo com uma votação no Colegiado, mesmo sem todos os dados, como um \fnhreff{http://angg.twu.net/PURO/cccomp/2011-07-07-cccomp-ata.pdf}{pedido similar} feito na Computação no semestre anterior - mas acho que não há mais menção a estes alunos ou ao pedido em nenhum documento da Engenharia, só a sindicância passa a importar [explicar como isto foi usado na reunião da unidade de 27/out/2011, na qual um dos pontos de pauta {\sl deveria} ser a aprovação do meu estágio probatório - mas usaram vários argumentos pra tentarem impedir a inclusão desse ponto de pauta]. \msk [O relatório final da comissão está \fnhref{?}{aqui}, com o nome ``Relatório Conclusivo para substanciar parecer do RFM em relação aos fatos relatados no memo RGN005/2011 encaminhado pela Direção da Unidade' - porque o processo de abertura de uma comissão de sindicância era algo totalmente diferente, que não cabia neste caso.] % -------------------- % ** «reefer» (to ".reefer") % (subsec "Projeto FINEP: container reefer" "reefer") \mysubsection {Projeto FINEP: container reefer} {reefer} Em 14/set/2011 ficamos sabendo, a partir de uma mensagem de parabéns - meio irônica, mas essa nem fui eu que escrevi (!!!) - para membros do LEI (``Laboratório de Empreendimentos Inovadores'', do PURO), que um projeto do LEI, chamado ``MICROS - Mini Container Reefer Off-Shore'', tinha sido aprovado pela FINEP. Repassei os links que eu tinha - eu só tive acesso a respostas de respostas pra respostas do parabéns original, que não incluíam o anexo com o documento do projeto - pro \Index{ME PURO}, terminando com: \begin{quote} O projeto é em conjunto com uma empresa externa, mas mesmo sabendo disso não consigo deixar de ficar pasmo com o valor: R\$\,3.417.429,74. Comentários? \end{quote} Um aluno da Engenharia membro do LEI respondeu isto aqui: % Diogo Cevolani Camatta 9:51pm Sep 15 % 15/set/2011(?): \begin{quote} Esse é um projeto da FINEP em um edital público federal com dinheiro público. Os dados são publicos e disponíveis. Duvidas devem ser levadas em condução formal ao CNPq ou FINEP. \end{quote} Pra resumir: os dados não são tão públicos e disponíveis não - nunca consegui ter acesso a esse projeto. No PURO tudo parou mais ou menos por aí, com esse tom de ``vai se queixar com o bispo'', ninguém resolveu dar uma cópia do projeto de boa vontade, e eu não quis forçar a barra. Ah, e num dia em que eu estava no Centro do Rio eu passei pelo prédio da FINEP pra ver se dava pra conseguir cópia por lá, e o funcionário simpático que me atendeu foi falar com um cara mais graduado, que veio meio assustado, e acabou chamando um cara mais velho que parecia saber de tudo e saber lidar corretamente com situações estranhas, e esse cara disse que eu teria que ter alguma justificativa {\sl muito} boa, porque eles não dão cópia de projetos pra qualquer um não. Era pra termos feito alguma espécie de ``condução formal''? Aqui vai mais um trecho do {\sl Debt} (pp.332--333), só porque ele é bom pra iniciar discussões sobre \Index{judicialização}... \begin{quote} The story of the origins of Capitalism, then, is not the story of the gradual destruction of traditional communities by the impersonal power of the market. It is, rather, the story of how an economy of credit was converted into an economy of interest; of the gradual transformation of moral networks by the intrusion of the impersonal - and often vindictive - power of the state. English villagers in Elizabethan or Stuart times did not like to appeal to the justice system, even when the law was in their favor - partly on the principle that neighbors should work things out with one another, but mainly, because the law was so extraordinarily harsh. Under Elizabeth, for example, the punishment for vagrancy (unemployment) was, for fist offense, to have one's ears nailed to a pillory; for repeat offenders, death. The same was true of debt law, especially since debts could often, if the creditor was sufficiently vindictive, be treated as a crime. In Chelsea around 1660, \begin{quote} Margaret Sharples was prosecuted for stealing cloth, ``which she had converted into a petticoat for her own wearing,'' from Richard Bennett's shop. Her defense was that she had bargained with with Bennett's servant for the cloth, ``but having not money sufficient in her purse to pay for it, took it away with with purpose to pay for it as soon as she could: and that she afterwards agreed with Mr.\ Bennett of a price for it.'' Bennett confirmed that this was so: after agreeing to pay him 22 shillings, ``Margaret delivered a hamper with goods in it as a pawn for security of the money, and four shillings ninepence in money.'' But ``soon after he disliked upon better consideration to hold agreement with her: and delivered the hamper and goods back,'' and commenced formal proceedings against her. \end{quote} As a result, Margaret Sharples was hanged. Obviously, it was the rare shopkeeper who wished to see even his most irritating client on the gallows. Therefore decent people tended to avoid the courts entirely. One of the most interesting discoveries of Craig Muldrew's research is that the more time passed, the less true this became. \end{quote} % -------------------- % * «fuga-dos-zumbis» (to ".fuga-dos-zumbis") % (sec "A fuga dos zumbis" "fuga-dos-zumbis") \mysection {A fuga dos zumbis} {fuga-dos-zumbis} % ** «cabo-frio» (to ".cabo-frio") % (subsec "Cabo Frio" "cabo-frio") \mysubsection {Cabo Frio} {cabo-frio} Em março de 2012 ficamos sabendo, por esta notícia \fnhref{http://uni-amacaf.blogspot.com.br/2012/01/prefeitura-e-uff-debatem-universidade.html}{aqui}, que alguns membros do departamento Engenharia de Produção do PURO estavam tendo reuniões com a prefeitura de Cabo Frio, sobre a possível implantação de cursos lá - com ``90 professores e 1500 alunos''. Ora, se as universidades federais não estão conseguindo contratar professores suficientes - e as estaduais idem -, de onde é que apareceriam esses 90 professores? Será que estes professores da Engenharia foram a Cabo Frio apresentar um estudo de viabilidade? Será que o sorriso deles na foto quer dizer ``estamos todos muito felizes porque descobrimos que é viável sim''? Isto, como sempre, gerou um monte de discussões, e mais tentativas de pormos em palavras porque é que todo mundo ficaria bem mais tranqüilo se os responsáveis por estes projetos divulgassem mais coisas - ``mais'' no sentido de ``bem mais que quase nada'' - ao invés de só ficarem defensivos e se esquivando mais e mais... e criei uma página com bastante material que surgiu durante as discussões, aqui: \msk \centerline{\url{http://angg.twu.net/2012-cabofrio.html}} \msk Ela é {\sl muito} melhor do que qualquer resumo que eu consiga fazer aqui - acho os argumentos sobre os problemas com explicações verbais, na resposta pra Tailana, no final, especialmente bacanas - então visite-a! $=)$ \msk {\sl Update:} em fev/2013 ficamos sabendo que o ICT - aliás, a Engenharia - tem um projeto parecido para um campus na Zona Especial de Negócios de Rio das Ostras, que vem sendo discutido com a Prefeitura há algum tempo, e que deve ser a fonte do boato recorrente de que ``o ICT vai se mudar pra \Index{ZEN}''. O projeto foi \fnhref{http://angg.twu.net/PURO/zen/atuacao_do_ICT_em_RO.pdf}{apresentado} na reunião com a Prefeitura de 4/fev/2013; veja a seção \ref{nunca-tivemos}. % file:///home/edrx/TH/L/2012-cabofrio.html % (find-TH "2012-cabofrio") % -------------------- % ** «nunca-tivemos» (to ".nunca-tivemos") % (subsec "Nunca tivemos uma oportunidade de pensarmos juntos" "nunca-tivemos") \mysubsection {Nunca tivemos uma oportunidade de pensarmos juntos} {nunca-tivemos} A impressão que eu tinha é que há um dois anos atrás havia praticamente um consenso de que o convênio com a prefeitura era um mau karma do qual a gente tinha que se livrar, porque a gente recebia cada vez menos do que a gente precisava e que estava acordado que iríamos receber, a prefeitura não estava nada interessada em investir numa universidade - embora talvez estivesse interessada em negócios, \fnhreff{http://angg.twu.net/containers/DSC_0126_r4_anfiteatro_placa_OOOOOO_r4.JPG}{propaganda} e na incubadora de empresas - e acabávamos ficando divididos entre ou sermos bem-comportados e {\sl talvez} merecermos um agrado ou fazermos cobranças, denúncias, protestos, \fnhreff{http://www.youtube.com/watch?v=5sSROi8b6Sc}{passeatas}. Agora algumas cabeças de Niterói, junto com a gestão Bazilio-sem-Áureo da Direção do Pólo, estão criando um novo convênio. De uma \fnhreff{http://www.puro.uff.br/node/1058}{notícia publicada no site do PURO em 30/jan/2013}: \begin{quote} {\bf PURO e PMRO formam grupos de trabalho} Criado por Katia Vieira, qua, 30/01/2013 - 16:51 No último dia 23 de janeiro, foi dado mais um passo na retomada da parceria estabelecida entre o Pólo Universitário de Rio das Ostras (Puro) da Universidade Federal Fluminense e a Prefeitura Municipal de Rio das Ostras (PMRO), quando reuniram-se os representantes da UFF, pró-reitor de Assuntos Estudantis Sérgio Mendonça, o coordenador de interiorização e ex-reitor, Cícero Mauro Fialho Rodrigues, o superintende da Prefeitura Universitária, Augusto Ronconi, o Diretor do Puro, Carlos Bazílio e autoridades da PMRO, a secretaria municipal de Ciência e Tecnologia, Eronei Leite, o sub secretário de Planejamento, Wladimir Paschoal e a procuradora do município, Thaís Bragança. (...) O diretor do Puro destacou que este é um momento único na relação da PMRO com a UFF. ``Nunca tivemos uma oportunidade de pensarmos juntos sobre todas as questões que nos cercam. Espero que saibamos aproveitá-lo da melhor forma possível'' concluiu Carlos Bazílio. \end{quote} Essa fala do Bazilio - espero que possamos tomá-la como um ``pronunciamento oficial'', porque é {\sl muito} melhor termos algum prounciamento oficial pra discutir sobre do que não ter pronunciamento oficial nenhum, nunca - tem um furo: como assim, ``nunca tivemos oportunidade de discutir juntos''? E o tempo em que o pólo era bem menor e o RIR e o ICT decidiam muita coisa em reuniões conjuntas? E o tempo em que as reuniões do ICT incluíam todos os professores? E o tempo em que as reuniões do CONPURO lotavam o auditório? E as \fnhreff{http://www.aduff.org.br/boletim/2011a_05m_18d.html}{reuniões no saguão}, as \fnhreff{http://angg.twu.net/2011-maio.html}{passeatas}, as caravanas à reitoria, as discussões enormes no grupo ME PURO do Facebook, o plebiscito sobre os cursos pagos, o voto paritário na eleição pra Direção e representação nos conselhos superiores, a própria \fnhreff{http://angg.twu.net/chapa1.html}{campanha dessa eleição}, a \fnhreff{http://angg.twu.net/chapa1.html\#ocupacao-reitoria}{ocupação da reitoria}, a greve de 2012, e até a própria mailing list da Computação do PURO (o ``BCCPURO''), que só se tornou um canal morto em maio/2012, quando vários {\sl alunos} começaram a {\sl pedir}: ``{\sl parem de brigar}''? % botelho brigar bccpuro % pá de cal A hipótese que eu acho mais interessante pra explicar essa fala do Bazilio é a seguinte: em todas essas situações que eu mencionei ele não se sentia muito à vontade pra participar - porque as pessoas se exaltavam demais, era tudo muito rápido e com muito ruído, e ele só funciona bem em lugares em que a carga emocional é bem menor - e é óbvio que a gente não vê um evento no qual a gente não consegue participar como um evento no qual {\sl todo mundo participou}... então, num certo sentido, é como se nenhum desses eventos que pra mim eram ``de todos'' contasse, e agora, pra ele, é a primeira vez que há uma possibilidade de diálogo entre a prefeitura e ``todos''. % [Neves] % [Rodolfo] % (find-TH "2011-maio") % (find-TH "chapa1") % (find-books "__etc/__etc.el" "ross") % -------------------- % ** «fabricas-de-projetos» (to ".fabricas-de-projetos") % (subsec "Fábricas de projetos" "fabricas-de-projetos") \mysubsection {Fábricas de projetos} {fabricas-de-projetos} A expressão ``fábrica de diplomas'' é bem conhecida, e tem um sentido muito negativo. Deixa eu introduzir mais uma:``fábrica de projetos''. Uma vez, numa reunião de Colegiado de Unidade (acho), o Marcio Magini comentou que dos projetos de pesquisa dos tipos tais, tais e tais, pelo menos 80\% do total das verbas são concedidos para as universidades X, Y e Z... entre elas a Unicamp, que ele sabia que organizava grupos de profissionais especialistas que sabem exatamente qual é a forma esperada pros projetos pra cada tipo de edital, e que têm até uma noção de que editais estão pra sair, e ajudam os professores e estudantes a organizarem os seus dados com antecedência pra poderem produzir projetos na forma certa em pouquíssimo tempo, assim que os editais saem - o prazo de muitos editais é bem curto... Essa visão, de que a Unicamp tem uma ``fábrica de projetos'', ilustra a conotação positiva da expressão ``fábrica de projetos''. O Governo é o ``cliente'', os professores e estudantes são os ``produtores'', e o pessoal da Fábrica de Projetos ajuda a adequar o produto ao consumidor e a fazer o mercado funcionar. Ah, e projetos são como contratos - o pessoal da Fábrica de Projetos ajuda a deixar esses contratos claros, vantajosos pra ambas as partes, e realistas. Agora a conotação negativa pra ``fábrica de projetos''. Isto é das \fnhreff{http://angg.twu.net/2012-cabofrio.html}{discussões} sobre o campus de Cabo Frio (seção \ref{cabo-frio}): \begin{quote} (...) num debate sobre interiorização que houve na última semana acadêmica a gente chegou à conclusão de que não havia um plano sério pra fazer a interiorização funcionar - o que deve ter havido foi uma sacação do governo de que ``precisamos de universidades no interior'', que gerou um edital, que gerou um projeto da UFF pra ganhar a licitação do edital. Quanto à qualidade do ensino, o máximo que devem ter pensado foi: ``o país gera $N$ doutores por ano, e eles precisam de emprego, e devem ser jovens cheios de garra, que vão se virar''. Mas nem pensaram que pros jovens doutores conseguirem se virar em condições precárias eles iam precisar de um pouco de apoio e de autonomia... Acho que é bem claro que tipo de gente faz os projetos que ganham as licitações: essas pessoas ``empreendedoras'' - os especialistas em projetos. E depois que os projetos estão aprovados eles consideram que está na hora de ir pra outros lugares fazer outros projetos. ``Inovação'' é chique, mas coisas que ficam velhas não... e, aliás, um modo de manter a aura de vencedor é só se permitir ficar associado a coisas que estão em alta, e partir pra outras assim que essas começam a precisar de manutenção. \end{quote} Nós sabemos (...) % -------------------- % ** «sinergia» (to ".sinergia") % (subsec "Sinergia" "sinergia") \mysubsection {Sinergia} {sinergia} Eu reli o powerpoint do Parque Tecnológico muitas vezes. Uma coisa que me chamou a atenção é que ele repete muitas vezes a palavra ``sinergia''. Ora, sinergia é algo que acontece quando um grupo trabalha junto - e algo de adicional aparece, e o todo se torna maior do que a soma das partes. Eu só conheço os zumbis a partir do trabalho deles no PURO, e eles não me parecem bons em trabalhar em grupos... quero dizer, talvez eles sejam ótimos em grupos muito homogêneos, mas acho que quando aparece alguma grande diferença, ou alguém insatisfeito, o que eles fazem deve ser parecido com o que fazem no PURO: ou cooptam essa pessoa, ou a excluem e a eliminam - mas não sabem dialogar com gente muito diferente. Ou seja, a capacidade deles de sinergia é pequena - eles vão tentar calar desavenças ou comprando as pessoas com bolsas (e os recursos pra isto são limitados, e a margem pros não-contemplados se sentirem injustiçados ou ficarem com inveja é grande), ou criando rachas... é por isso que eu imagino que essa equipe de zumbis que está montando o Parque Tecnológico vá ficar lá durante pouco tempo, e assim que o Parque Tecnológico der problemas eles vão fazer outros projetos e vão se mudar pra outro lugar. Eles são {\sl iniciadores}, não {\sl cuidadores}. Voltando à idéia da ``fábrica de projetos'' - e às três bolas, ``Universidade'', ``Governo Municipal'' e ``Empresa'', da p.10 do \fnhreff{http://angg.twu.net/PURO/zen/atuacao_do_ICT_em_RO.pdf}{powerpoint}... {\sl Em que sentido esses zumbis são ``a universidade''?} Acho que isto é uma pergunta {\sl bem} grande - vou tentar esboçar alguns modos de pensar sobre elas nas próximas seções - mas, com relação às menções à sinergia (...) \msk [O novo convênio com a PMRO como um contrato; {\sl desejo de sinergia} ou {\sl promessa de sinergia}?] % -------------------- % «femass» (to ".femass") % (subsec "Aulas em outros lugares" "femass") \mysubsection {Aulas em outros lugares} {femass} Em março de 2013 começou a ficar {\sl muito} público que muitos dos zumbis dão aulas em outros lugares também... os nomes deles constam dos quadros de horários da FEMASS, e os próprios alunos dizem que os professores do curso da FEMASS são ``os mesmos do PURO''. Isso é ilegal? Ora, tecnicamente não - basta que eles passem um mês sem receber lá a cada $N$ meses de trabalho (não sei a regra exata) pra que o vínculo deles com a FEMASS não seja considerado permanente pela lei - é como se a cada semestre eles fizessem um trabalho esporádico diferente, e só incidental que esses trabalhos esporádicos sejam sempre no mesmo lugar. A Ana Isabel andou tentando descobrir o que constitui um vínculo empregatício ``permanente'', e uma coisa que ela viu é que às vezes as pessoas têm diaristas ao invés de empregadas domésticas fixas, achando que isto {\sl não} vai ser visto pela lei como uma contratação ``mesmo'', mas, ledo engano - aí quando elas param de chamar suas diaristas elas são processadas, têm que pagar rescisÕes, etc. Imagino que a definição precisa do que é um ``vínculo permanente'' pra cada tipo de trabalho seja definida primeiro pela jurisprudência, e só depois formalizada em lei... e o sindicato das domésticas deve ter lutado pra conseguir configurar diaristas regulares como trabalhadoras com vínculos permanentes. Já no caso dos professores das Federais, imagino que tenhamos de um lado os professores com Dedicação Exclusiva, lutando junto com seus advogados e seus sindicatos pra que a DE seja compatível com cada vez mais atividades extras... e, do outro lado, lutando pra que a DE seja algo mais estrito, quem? Um ou outro promotor público, o Tribunal de Contas da União?... ou seja, é provável que os zumbis da FEMASS não consigam se defender facilmente, e não levem sequer um puxão de orelha da lei. \msk Aí eu tava muito desanimado com isso, me sentindo otário e preguiçoso por nem cogitar em dar cursos fora do PURO - por escrúpulos idiotas - e não conseguir fazer nada... mas na quinta 8/maio/2013 apareceram muitas cópias de um \fnhreff{http://angg.twu.net/PURO/denuncia_DE.jpg}{papel} no saguão e nos murais do PURO, com o título ``{\bf Você sabia que existem professores da UFF/PURO com Dedicação Exclusiva lecionando em outra instituição de ensino superior?}'', com duas fotos do quadro de horários da FEMASS, e um texto genial que terminava com: \begin{quote} ``Mas eu ouvi dizer que se eles trabalharem só por um semestre não tem problema!'' Isso é tão verdade perante a lei quanto um rapaz que foi pego pela namorada com outra tentar convencê-la de que aquilo não foi nada, foi só por uma noite! Ouvir dizer não é sinônimo de legalidade. Só a lei pode dizer o que é legal ou não. Leia a lei e veja por você mesmo. Não acredite em tudo que as pessoas dizem, muitas coisas são lendas acadêmicas. ``Mas se é assim, porque ninguém faz nada? Porque ninguém denuncia esse absurdo?'' Pode estar certo de que algo já está sendo feito, denúncias já foram encaminhadas ao Ministério Público Federal. Mas essa pergunta também pode se reverter a você mesmo. Porque você, de posse dessa informação, não faz isso? Como cidadão você pode procurar o Ministério Público Federal também e fortalecer a denúncia, ou cobrar desses professores e da universidade explicações para isso. % (find-fline "~/PURO/denuncia_DE_25p.jpg") \end{quote} % Anonimo % Se alguem achar que fui eu vou ficar orgulhoso % Fnaufel: a denuncia anonima e' melhor que o crime assinado % Trabalho em equipe - alguem que acredita na lei e nas instituicoes % Quem e' punido % STF, mensalao, julgamento politico % http://racismoambiental.net.br/2013/04/historias-que-assustam-a-onu-sistema-prisional-brasileiro/ % http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/01/24/por-falta-de-material-higienico-presas-improvisam-miolo-de-pao-como-absorvente-no-interior-de-sp.htm % http://www.interativa87.net/2013/04/cidades-oab-go-constata-que-detentos.html % http://www.informeipiau.com.br/2013/04/04/ipiau-presos-ficaram-sem-comida-pois-fornecedores-nao-aderiram-ao-servico-de-nota-fiscal/ % http://www.ebc.com.br/cidadania/2012/12/superlotacao-e-grave-problema-nos-presidios-brasileiros % http://www.youtube.com/watch?v=8AB2XDuQHMU Promotor Rogério Pacheco explica ação contra Eduardo Paes e Rodrigo Bethlem % LINK PRO SCAN % Zaccone: % http://www.youtube.com/watch?v=KTWc3Eo_CpI Direitos Humanos e a Guerra às Drogas % brechas na lei % Voltando: a DE é espécie de contrato % Sob este ponto de vista, os zumbis _desistiram_ do PURO % Eles desistiram do PURO % Eles não estão deprimidos em suas casas % Fica a dúvida se devemos deixar os zumbis fugirem ou atacá-los como covardes % -------------------- % «divisao-das-salas» (to ".divisao-das-salas") % (subsec "A divisão das salas" "divisao-das-salas") \mysubsection {A divisão das salas} {divisao-das-salas} % Eduardo Nahum Ochs Shanykka, voce viu os adesivos dizendo "ICT" em % algumas salas? A Engenharia inventou uma proposta de divisao das salas % do PURO, e enquanto ainda tava todo mundo discutindo essa proposta, % achando ela pessima e se preparando pra apontar as falhas dela quando % ela fosse apresentada em alguma reuniao, a Engenharia foi direto na % Reitoria, apresentou a proposta la' e conseguiu aprova'-la... vou % copiar abaixo o e-mail original. % % Esta' tudo uma confusao danada. Nessa proposta o Auditorio passava a % ser do IHS, mas nao sabemos o que queria dizer isto - com que % direitos, com que responsabilidades - e nada foi divulgado % publicamente... se voce puder ir divulgando o que voce descobrir isso % ajuda todo mundo. % % La' vai o e-mail original... Beijos. Em 4/abril/2013 recebemos um forward do e-mail abaixo: \begin{quotation} \def\nip{\par\noindent} \nip De: Marcelle de Sá Guimarães {\tt <[email protected]>} \nip Data: 3 de abril de 2013 14:13 \nip Assunto: divisão de salas para alocação das turmas do proximo periodo \nip Para: ramiro marcos {\tt <[email protected]>} \msk Prezados professores, Encaminho menasgem que enviei ontem para o professor Ramiro, propondo a divisão de alguns espaços físicos no Polo, motivada pela necessiade urgente de definir a alocação das salas de aula para o próximo semestre. Fiquem à vontade para apresentar suas considerações/ sugestões. Atenciosamente \msk Prezado Ramiro, Desculpe incomodá-lo em suas férias, porém precisamos definir com urgencia a questão de alocação de salas de aula para o próximo período. Sugiro que as salas sejam divididas entre as unidades, ficando a administração/ responsabilidade por esses espaços por conta das respectivas unidades. Segue a minha sugestão de divisão: \ssk \par salas 1,2,3,7,8,9 e 10 - IHS \par salas 5,6,11 e 12 - ICT \par sala 4a - lab pesq. ICT (Llarc) \par sala 4b - lab pesq. IHS (lab prof Walter) \par 5 containers - IHS \par 5 containers - ICT \par auditório - IHS \par laboratório de informática - IHS \par anfiteatro - IHS \par quadra - ICT \ssk Aguardo sua resposta e considerações. Abraços \par {\tt --} \par Marcelle de Sá Guimarães \par Diretora do Instituto de Ciência e Tecnologia \par UFF - PURO \end{quotation} Daí começamos a discutir como reagir a esta proposta. Várias pessoas da Engenharia e da Computação já tinham dito em reuniões de Colegiado da Unidade que achavam que com o fim da Direção do Polo tudo teria que ser dividido formalmente entre as duas unidades, e este e-mail reflete isto - a proposta de divisão inclui laboratórios, o auditório, o anfiteatro e a quadra - mas, por outro lado, o campo {\it assunto} do cabeçalho diz ``divisão de salas para {\it alocação das turmas} do proximo periodo''... Essa proposta é absurdamente simplista - ela nem leva em consideração que a Engenharia e a Computação quase não têm aulas depois das 18:00hs, mas {\sl todas} as aulas do Serviço Social são das 18:00 às 22:00... e, se tudo precisa ser dividido, os banheiros do térreo vão ficar com que unidade? E os do andar de cima? E ela também não deixa claras as consequências desta divisão... quais passam a ser os direitos e as responsabilidades de cada unidade sobre as ``suas'' salas? O ICT pode, por exemplo, levar os datashows das suas salas do PURO pra Zen?... Aí a gente se preparou bem pra quando essa proposta de divisão fosse discutida em alguma reunião, e na sexta, 3/maio, de tarde, um monte de salas apareceram com adesivos bem caprichados, colados com Con-tact e com uma cara bem definitiva, dizendo ``ICT - Instituto de Ciência e Tecnologia - Sala $nnn$''. Fui perguntar pro Ramiro o que tinha acontecido e ele disse que a Direção do ICT levou a proposta de divisão direto pra Reitoria e a Reitoria aprovou. \msk Eu acho isso muito antipático. % -------------------- % * «ideias-e-argumentos» (to ".ideias-e-argumentos") % (sec "Idéias e argumentos" "ideias-e-argumentos") \mysection {Idéias e argumentos} {ideias-e-argumentos} % -------------------- % ** «passa-o-sal» (to ".passa-o-sal") % (subsec "``Passa o sal?''" "passa-o-sal") \mysubsection {``Passa o sal?''} {passa-o-sal} Vou fazer várias citações a um livro que eu tou lendo - ``{\sl Debt: the first 5000 years}'', do David Graeber - e que virou um dos meus livros preferidos. Ele usa antropologia pra mapear várias esferas de {\sl valores} diferentes - Algumas coisas que a gente pede estão na mesma categoria que dizermos ``passa o sal?'' ({\sl Debt}, p.123) quando estamos numa mesa com várias outras pessoas: não esperamos receber um ``não'' como resposta, o pedido tem o tom de algo pedido entre iguais (sem hierarquia), e atender um pedido de ``passa o sal'' {\sl não cria dívida}. No mundo de onde eu venho - o do Software Livre, e, em grau um pouco menor, o da pesquisa em Matemática e Lógica, em áreas de pesquisa relativamente pequenas - pedidos de informação, e até pedidos de explicações são vistos como pedidos de ``passa o sal'': as máquinas de xerox, e a existência em forma digital da maior parte dos documentos, fazem com que seja fácil dar cópias para colegas interessados; quanto ao que ainda não existe em forma escrita, considera-se importante que as pessoas saibam explicar porque agiram de certa forma - as pessoas pensam de formas bem diferentes, e perguntar e explicar ajudam a lidar com estas diferenças e a fazer com que as pessoas não se ponham em posições frágeis. Além disto há uma noção de ``\Index{adulto}'' subjacente - é natural que as crianças não consigam explicar direito porque é que chutaram e morderam os coleguinhas, mas pelo que eu entendo os adultos se {\sl definem} pela capacidade de agirem pensando nas conseqüências, e de lidarem com as diferenças entendendo as posições dos outros e esclarecendo as suas próprias... e esta capacidade de entender e esclarecer deveria ser mais central ainda num ambiente universitário, já que quase todos nós fizemos doutorados e portanto temos prática em ler e escrever muito, e com argumentos grandes e detalhados. \msk Um ponto sutil, que nem sempre é considerado, é que as explicações e respostas variam de acordo com a situação e os interlocutores, e são mais fáceis em certas situações que em outras. Um exemplo que apareceu numa \fnhreff{http://angg.twu.net/2012-out-04.html}{reunião/debate com alunos} foi o seguinte. Imagine que um velho muito antipático te pergunta: ``Porque você tem essas \Index{tatuagens} horríveis? Que coisa idiota!'' É muito mais difícil responder a algo assim, que nem é exatamente uma pergunta, do que responder a uma pergunta sobre porquês de tatuagens de alguém conhecido, ou de um desconhecido com tatuagens visíveis, que formula sua pergunta com um certo tato, e que com de alguma forma revela um pouco da sua relação com tatuagens, e aí nos dá bastante margem pra escolher por onde começar a responder. % -------------------- % ** «facas» (to ".facas") % (subsec "Confiança e facas" "facas") \mysubsection {Confiança e facas} {facas} Um dos argumentos contra gravações - ou melhor: contra as {\sl minhas} gravações -, da Profª Flávia e do Prof.\ Fontana (reunião do ICT de \fnhreff{http://angg.twu.net/audios/2012nov22-ict.html}{22/nov/2012}), é de que eu posso usar trechos das gravações ``para o mal'', distorcendo o sentido deles. % (find-angg ".emacs.audios" "2012dec13-ict") % (find-angg ".emacs.audios" "2012dec13-ict" "recorte") Lá vão várias respostas diferentes pra isto. Obs: quando eu comecei a escrever estas idéias o meu plano era preparar uma carta pro Colegiado e lê-la durante a reunião, pra, sei lá, ``oficializá-la'' - mas depois vi que isto seria só um desperdício de tempo e energia pra todos os membros do Colegiado. \begin{itemize} % Me permitam dar tres respostas diferentes para este argumento. \item[1.] Estamos cercados de coisas que podem ser usadas para o mal - por exemplo, \index{faca}facas. Facas podem ser usadas tanto pra cortar pão, queijo e frutas quanto pra esfaquear pessoas. Porque facas não sao proibidas? A professora Flávia mencionou que uma processo judicial contra alguém que usa um trecho de uma gravação, fora de contexto, pra detonar a reputação de alguem, leva anos, e quando ele afinal tem efeito e o culpado é condenado o estrago não pode mais ser revertido. Já um processo contra uma pessoa que esfaqueia outra é bem mais rapido, mas aí não é só uma questão de que a polícia pode ser chamada e vai agir em pouco tempo - um esfaqueamento causa uma comoção tão grande que num instante a reputação do esfaqueador fica arruinada, os amigos se afastam, ele se torna um foragido. Uma pergunta importante aqui é: {\sl porque a pessoa que usa um trecho de gravação para o mal não é ostracizada de forma parecida, ainda que em grau menor?} Será que nos tornamos tão \index{banana}bananas que não conseguimos mais ``punir'' um colega que usa gravações ``para o mal''? (Confira a idéia de ``posições frágeis'' na seção \ref{quimica}) \item[2.] O remédio mais óbvio pro uso errado de trechos é a disponibilização do contexto completo. Se a pessoa $A$ faz uma acusação a $B$ baseada numa interpretação errada (ou mal-intencionada) de um trecho de algo que $B$ escreveu ou disse, basta que alguém apresente o texto inteiro, ou a gravação inteira. Não é nem preciso que {\sl todo mundo} leia ou ouça a versão inteira - normalmente {\sl alguém} faz isso, diz ``a acusação tá errada, leiam/ouçam o original, o que acontece lá é patati patatá'', e a reputação do acusador vai pro brejo. E estamos numa universidade, caramba, aqui o argumento de ``as pessoas só lêem o título da notícia'' {\sl não vale} - aqui mesmo quem não tem tempo pra entender o contexto inteiro tem mecanismos pra ou perguntar mais e descobrir, ou pra não confiar demais em informações muito incompletas... \item[3.] E se considerarem que eu ``não sou confiável''? Então tá na hora da gente começar a esclarecer e detalhar os porquês; ou não confiam nos meus {\sl objetivos} - uma universidade mais transparente - ou nos meus {\sl métodos} - por exemplo eu me recusar a ``conversar num canto'', e eu fazer {\sl muita} coisa publicamente... {\sl Tá na hora da gente aprender a lidar com pessoas que têm princípios e códigos muito diferentes dos nossos} - e pra isso a gente precisa saber {\sl algo} sobre o outro lado. A gente só consegue encontrar modos de agir com tato se a gente tem uma noção do que ofende o outro - e pra mim tá difícil descobrir - a partir de informações {\sl mínimas} - como fazer isso com gente que acha normais as coisas das seções \ref{garrafa-dagua} e \ref{atas-e-gravacoes}. % uso de trechos se combate com apresentacao do texto completo - % ferramentas web e nao web para isto % ou ela nao confia nos meus metodos, ou nao confia nos meus % objetivos. Acho que sei de uma diferença básica entre eu e % ela - peço desculpas de antemão pela possibilidade de eu % soar simplista, mas é que ainda não tenho detalhes % suficientes. A professora flavia as vezes propoe que esquecamos os % erros uns dos outros, e recomecemos com uma tabula raa. Eu nao % acho que isto seja possivel pra todo mundo, e tento propor modos % de lidar com erros do passado que nao sejam magoa e rancor. % % pra mim tudo e' material pra aprendizado e pra discussoes % construtivas - e pra esclarecermos a nossa visao do que a % universidade deve ser e do que fazemos pra chegar la'. % % que ela leia - ela ja' disse que nao tem tempo - ora, precisamos % de mais tempo e mais energia - a sobrecarga afeta a todos % % como voces vao desfazer estes mitos? \end{itemize} \msk [Problemas: mitos, códigos, não ver posições frágeis] [Imagino que um dos problemas seja que vocês criaram mitos a respeito do RFM, segundo os quais vocês precisam se proteger de nós de todas as formas possíveis. Outro problema, relacionado, o número dois, é a dificuldade de entender os códigos e a visão de universidade dos outros. Os problemas um e dois se resolvem trivialmente gravando as reuniões e permitindo que quem quiser ouça os argumentos várias vezes, pra se familiarizar com os modos de pensar de cada pessoa - e aí, depois, os interessados conversam com outras pessoas, discutem um pouquinho, e pronto, da discussão nasce a luz.] [O problema número três é que vocês não estão vendo quando se põem em posições frágeis - e isto é um tiro no pé. Este problema também se resolve (...)] % -------------------- % ** «nao-disjuntas» (to ".nao-disjuntas") % (subsec "Chapas não-disjuntas" "nao-disjuntas") \mysubsection {Chapas não-disjuntas} {nao-disjuntas} [Possibilidade de chapas não-disjuntas; possibilidade de membros em estágio probatório; o que eu entendi de como a Flávia apresentou o argumento da CAA] % -------------------- % ** «farra-das-diarias» (to ".farra-das-diarias") % (subsec "A farra das diárias" "farra-das-diarias") \mysubsection {A farra das diárias} {farra-das-diarias} O PURO foi criado por um convênio entre a UFF e a Prefeitura Municipal de Rio das Ostras (PMRO), que previa que nos primeiros anos a Prefeitura bancaria a infra-estrutura, construiria os prédios novos, pagaria bolsas para professores de Niterói que quisessem dar aulas em RO, pagaria bolsas de fixação para funcionários, etc. Os detalhes podem ser conferidos no scan do convênio, \fnhref{http://angg.twu.net/PURO/convenio_puro_scan_v2011jun17.pdf}{aqui}. Em 2005.2 e 2006.1 o PURO ficou {\it fechado} por causa de um processo judicial por desvio de verbas do convênio, e os alunos do PURO foram transferidos - temporariamente - para Niterói. Hoje em dia a gente tende a achar que essas histórias são muito remotas, e portanto irrelevantes - mas em muitas áreas o histórico desse convênio continua a nos influenciar, e não há como ir adiante sem entendê-lo e sem tentar lidar lucidamente com ele. Não é só uma questão de que os problemas deste convênio foram a {\sl causa} de nós hoje termos menos professores e menos espaço físico do que o previsto... nós continuamos dependendo da construção dos prédios novos, que dependem de certas verbas que a Prefeitura ainda nos deve, mas que ela {\sl só pode repassar} quando certas prestações de contas antigas do PURO forem terminadas - e estas prestações de contas atormentam a Direção atual do Pólo, atormentaram a anterior (dá pra ter uma noção do quanto o convênio pesa no trabalho da Direção \fnhref{http://angg.twu.net/chapa1-waltermag.html}{aqui} e \fnhref{http://angg.twu.net/PURO/relatorio_wm/relatorio_gestao_tabela.pdf}{aqui}) e vão continuar atormentando quem quer que for que passe a fazer o papel da Direção... % (find-TH "chapa1-waltermag") % (find-TH "chapa1" "carta-funcionarios") % -------------------- % ** «tempo-e-energia» (to ".tempo-e-energia") % (subsec "Respeito ao tempo e à energia dos outros" "tempo-e-energia") \mysubsection {Respeito ao tempo e à energia dos outros} {tempo-e-energia} % (find-angg ".emacs.audios" "2012sep20-ict") % (find-TH "audios/2012set20-ict") % (find-angg ".emacs.audios" "2012nov22-ict") % (find-TH "audios/2012nov22-ict") % (find-angg ".emacs.audios" "2012dec13-ict") % (find-TH "audios/2012dez13-ict") O Fontana se refere frequentemente a ``desrespeito'' nas suas falas - o meu pedido de incluir na ata de 23/ago/2012 que eu apostava R\$\,5 com o Moacyr que a votação daria 7 a 3 era ``absurdo, é desrespeitar o colegiado'' (reunião de \fnhreff{http://angg.twu.net/audios/2012set20-ict.html}{2012sep20}, 39:29); o Antônio pedir pra mudar como a fala da Marcelle foi registrada, idem (41:56); eu gravar a reunião em \fnhreff{http://angg.twu.net/audios/2012nov22-ict.html}{22/nov/2012}, é, de novo, desrespeitar o colegiado (30:50). Acho que ele está confundindo {\sl desrespeitar o colegiado} e {\sl desobedecer o colegiado}. [Localizar a ameaça explícitas na de 2012nov20; desgaste psicológico, perda de energia; se não dá pra conceber um mundo sem violência e ameaças que a gente pelo menos concorde que essas coisas só são aceitáveis em situaçõees extremas - e que a gente passa a pensar sempre em termos de {\sl atenuantes}] [Falar sobre eu acho que deveríamos evitar ao máximo certos tipos de falas redundantes e de grosserias em reuniões; \fnhreff{http://angg.twu.net/monep.html\#ata}{um link}] [Discutir o que é ``respeito pela {\sl função da universidade}'' (talvez caibam termos jurídicos aqui, como desvirtuação, abuso, e \fnhref{http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/15970-15971-1-PB.pdf}{corrupção}] [Respeito absoluto à hierarquia (e a aposta na capacidade do soberano de conseguir favores e criar excecoes) - citar Casa Grande e Senzala e estudos da Marilena Chauí sobre ele)] % desgaste psicologico % tato % Ora, voces, tanto os colegas da engenharia quanto os % pessoas psicologicamente frageis, como eu, % (find-angg ".emacs.papers" "graeber") % (find-graberhonorpage (+ -164 170) "strip others of their dignity") \begin{quote} Yet, at the same time, this ability to strip others of their dignity becomes, for the master, the foundation of his honor. (...) It seems to me that this is precisely what gives honor its notoriously fragile quality. Men of honor tend to combine a sense of total ease and self-assurance, which comes with the habit of command, with a notorious jumpiness, a heightened sensitivity to slights and insults, the feeling that a man (and it is almost always a man) is somehow reduced, humiliated, if any ``debt of honor'' is allowed to go unpaid. This is because honor is not the same as dignity. One maight even say: honor is surplus dignity. It is that heightened consciousness of power, and its dangers, that comes from having stripped away the power and dignity of others; or at the very least, from the knowledge that one is capable of doing so. At its simplest, honor is that excess dignity that must be defended with the knife or sword (violent men, as we all know, are almost invariably obsessed with honor). Hence the warrior's ethos, where almost anything that could possibly be seen as a sign of disrespect - an inappropriate word, an inapproriate glance - is considered a challenge, or can be treated as such. Yet even where overt violence has largely been put out of the picture, wherever honor is at stake, it comes with a sense that dignity {\sl can} be lost, and therefore must be constantly defended. The result is that to this day, ``honor'' has two contradictory meanings. On the one hand, we can speak of honor as simple integrity. Decent people honor their commitments. This is clearly what ``honor'' meant to Equiano: to be a honorable man meant to be one who speaks the truth, obeys the law, keeps his promises, is fair and contentious in his commercial dealings. % *** ^ contentious? \end{quote} \newpage \addtocontents{toc}{\par{\bf Apêndices:}} % ---------------------------------------- % ____ _ % | _ \ ___| |_ __ _ _ _ __ ___ % | | | |/ _ \ | '_ \| | | | '_ \ / _ \ % | |_| | __/ | |_) | |_| | |_) | (_) | % |____/ \___|_| .__/ \__,_| .__/ \___/ % |_| |_| % ---------------------------------------- % (find-TH "2012-delpupo") % -------------------- % * «delpupo» (to ".delpupo") % (sec "Apêndice: O REUNI e a criação dos ``escolões''" "delpupo") \mysection {Apêndice: escolões} {delpupo} {\small (Textos que o Rodrigo Delpupo\fnmailto{[email protected]} divulgou pelo Facebook e por e-mail em agosto/2011, para serem usados nas discussões no PUCG\footnote{Pólo Universitário de \Index{Campos dos Goytacazes}}/UFF que estavam sendo organizadas por ele e pelo Maracajaro Mansor\fnmailto{[email protected]}.) } \msk Pessoal, O bate-papo hoje sobre a greve foi ótimo: 20 alunos bastante interessados que discutiram com o gente durante 3h. Muito bom. As minhas intervenções foram orientadas por três mini-textos que escrevi e que fui passando aos alunos nas últimas semanas via Facebook. O segundo desses três textos foi aquele que o Maraca já repassou no primeiro e-mail. Abaixo eles estão separados por títulos. Abraços, Rodrigo Nessa sistematização, darei ênfase a três pontos: \begin{itemize} \item como o projeto do governo diferencia os centros de excelência dos ``escolões''; \item como o modelo escolão afeta diretamente os alunos e suas possibilidades profissionais futuras (ou seja, ``as possibilidades profissionais de vocês'', pois Campos está no projeto ``escolão''); e \item como o projeto do governo limita a pesquisa científica autônoma (e as implicações dessa redução de autonomia sobre o projeto de país que está sendo construído). \end{itemize} \subsubsection*{O REUNI e a criação dos ``escolões''} Sobre a diferenciação entre instituições, a primeira a relatar é a diferenciação entre as universidades e outros setores do serviço público que empregam pessoas pós-graduadas. Nos últimos anos o governo foi diferenciando os salários de modo que, recentemente, a categoria de professor universitário tornou-se uma das menos remuneradas entre entre pós-graduados no serviço público. Quanto a isso, alguém poderia argumentar, e com boa dose de razão, que se a reclamação é sobre a diferença salarial, então que os insatisfeitos façam concurso para essas outras áreas melhor remuneradas. Bom, esse argumento não deixa de ser verdade. E tanto é verdade que essa migração já vem ocorrendo: atualmente o curso de Ciências Econômicas de Campos tem dificuldade para preencher vagas até mesmo para o cargo de efetivo (a vaga de macroeconomia, finalmente preenchida no primeiro semestre, estava aberta há aproximadamente dois anos!); o curso de Economia da UFF-Niterói, que há anos só fazia concurso para doutores, no último ano teve, em um de seus concursos, que baixar a exigência para mestre. Mesmo estando na segunda maior metrópole do país, o curso de Niterói não conseguiu doutores. Onde estão eles? No IBGE, IPEA, BACEN e em outros vários órgãos governamentais. Se derem uma busca no google por editais de concursos dessas agências, e também de algumas outras (como p. ex o Ministério da Fazenda, INPI, ELETROBRÁS, PETROBRAS, ANCINE, BNDES), poderão fazer uma comparação. Isso só falando de efetivos. Sobre o temporário, as consequências da baixa atratividade do cargo já foram sentidas por várias turmas, que amargaram alguns meses sem professor. E como estamos próximos do Rio, a nossa situação com falta de mão-de-obra nem é a pior. As universidades do Nordeste, onde a greve é mais forte, não têm essa mesma vantagem. Agora vem a segunda diferenciação, aquela tratada especificamente pelo Maraca: a diferenciação entre universidades, separando centros de pesquisa de excelência dos ``escolões'' com alta carga de matérias por professor e turmas lotadas. Há algumas formas pelas quais essa diferenciação vem sendo feita, mas vou falar apenas de uma, aquela que afeta o PUCG mais diretamente, que decorre do modo como a proposta REUNI foi implantada. Em qualquer universidade federal antes do REUNI, o normal era o professor dar duas disciplinas, que têm uma complexidade que exige um tempo grande de preparação, e ter o restante do tempo voltado para pesquisa, extensão e atividades administrativas (burocracia que, no nosso caso, tendo em vista que o curso está ainda em fase de implantação, é alta até para quem não é coordenador e chefe de departamento). Os cursos implantados com o REUNI foram concebidos, em grande parte dos casos, para ter 3 disciplinas ou mais por professor, além de turmas de 60 alunos (quando o padrão era de 40 a 45). Com esse tipo de trabalho, qualquer pesquisador diria que a atividade de pesquisa ficaria bastante comprometida. Em outras palavras, o conjunto de medidas implantadas nos últimos anos vêm forçando a transformação de professores-pesquisadores em meros professores de sala de aula. E isso não deixa de ter impactos também sobre a vida de vocês, alunos: professores que não pesquisam conseguem menos bolsas de iniciação científica e de outros tipos; professores que não pesquisam são professores que não estudam, o que tem reflexos em sala de aula; professores que não pesquisam são professores menos motivados. Esse último aspecto, o da motivação do professor, não é trivial: muitos de nós só estão aqui por uma forte identificação com a profissão, mas com a profissão como era no nosso tempo de graduação, alguns anos atrás. Se esse processo ora em curso se consolidar daqui a algum tempo, isso significará uma mudança radical da profissão tal como a conhecemos, o que pode levar a uma forte saída dos professores mais qualificados e a uma entrada de professores com qualificação cada vez menor. E o Curso de Ciências Econômicas da PUCG, que tem sido mantido com razoável qualidade apesar dos vários problemas de falta de professor que datam da metade do ano passado, talvez não resista mais muito tempo e entre em deterioração. O ``escolão'' estará completo e talvez ainda não tenhamos saído dos conteineres e puxadinhos, que não têm nem a adequada assistência estudantil, que deveria incluir bandeijão e moradia estudantil, nem a adequada estrutura para a pesquisa e para as outras atividades dos professores. % ---------- \subsection*{O que significa, para o aluno, ser formado em um curso REUNI, como os do PUCG?} Já relatamos algumas vezes que o projeto é tornar os cursos REUNI, como os do PUCG, em ``escolões''. Mas o que isso significa? Que o ``escolão'' funciona num sistema parecido com o das faculdades particulares em geral (tirando as de ponta, claro, como as PUCs e as FGVs), acho que está claro. Mas o que parece que muitos alunos não têm muito claro é o impacto disso depois de suas formaturas. Sobre as opções de emprego oferecidas para os graduados, é um equívoco dizer que só há espaço para os profissionais bem formados, apesar de nós professores nos vermos, muitas vezes, tentados a fazer esse tipo de afirmação. Há vagas tanto para graduados bem formados, normalmente egressos de universidades públicas ou das particulares de qualidade, como para aqueles de formação mais superficial, normalmente egressos dos ``escolões''. Mas muda, obviamente, o tipo do cargo: enquanto o ``escolão'' é concebido para colocar as pessoas em subtarefas, como, no caso do curso de economia, trabalhos internos de agências bancárias e tarefas rotinizadas em geral, como supervisão de pesquisa de mercado feitas em rua etc., as universidades públicas e as particulares de ponta oferecem uma formação que dá maiores possibilidades de chegar aos cargos decisórios, como em consultorias, agências governamentais e em conselhos executivos de grandes empresas. Não é que o ``escolão'' privado seja só desvantagem para o aluno. Como a formação é mais superficial, a faculdade particular pode ter turmas maiores, professores de menor nível de formação e dispensar gastos com monitorias e iniciação científica, o que reduz muito os custos e oferece mensalidades mais baixas aos alunos. E isso tanto é uma vantagem que muitos alunos que vieram de fora de Campos poderiam ter se mantido nas suas cidades, gastando menos com mensalidades do que gastam atualmente para se manter fora de suas cidades. Muitos vieram para cá em busca de instituições de maior qualidade, mas a qualidade pode, em breve, entrar em processo de declínio e gerar prejuízos a vocês. Os cursos novos do PUCG estão a um ano de formar suas primeiras turmas, e agora estamos chegando num momento bastante decisivo, no qual não haverá aumento no número total de professores, o número de disciplinas ainda vai crescer e chegarão as orientações de monografia, empurrando os professores para uma carga de trabalho ainda maior. E essa maior carga de trabalho vai dificultar a oferta de disciplinas de qualidade, optativas variadas, orientação de monografias com o devido comprometimento de tempo etc. Mesmo nessa situação, muitos professores têm feito um grande esforço individual para reproduzir, aqui no PUCG, cursos com qualidade compatível com a daqueles cursos nos quais se formaram, mas a rotina de trabalho têm se tornado muito desgastante e, por isso, dificilmente o nível de qualidade vai poder ser mantido caso não haja reversão, em algum grau, das medidas adotadas pelo governo para os cursos REUNI. A realidade REUNI não é tão forte na UFRJ, e isso certamente influenciou a sua saída da greve. Mas nas universidades que aderiram a uma forte expansão com precarização, como foi o caso da UFF, os professores estão extremamente radicalizadas e com pouca disposição de deixar a paralisação. E esse é um dos motivos para uma greve tão abrangente. Se essa realidade não for revertida agora, dificilmente o será nos próximos anos. % ---------- \subsection*{Implicações do novo projeto de universidade para o pensamento autônomo e para o atual projeto de desenvolvimento econômico de longo prazo} O atual projeto de desenvolvimento de longo prazo no Brasil tem demandado redirecionamento em vários campos, entre os quais encontra-se o campo da pesquisa científica. Mas qual o sentido desse redirecionamento e quais implicações isso pode ter? A pesquisa vem sendo direcionada para áreas como, por exemplo, a das necessidades das empresas (é só lembrar do propalado discurso de aumento do financiamento privado de pesquisa). E esse é um redirecionamento importante pois, na medida em que o financiamento público de pesquisa vai sendo substituído pelo financiamento privado, os objetivos da pesquisa também vão deixando de ser públicos para tornarem-se privados. Sobre esse processo, alguém poderia julgar, aliás de modo bastante razoável, que apesar de essa articulação gerar um subsídio às empresas privadas (na medida em que elas não precisam montar seus próprios laboratórios de pesquisa), os ganhos também se estenderiam às universidades, pois elas também ganhariam recursos. Além disso, outro argumento, também bastante razoável, é que apoiar as empresas também beneficia a sociedade como um todo, pois favorece o crescimento da economia e do nível de emprego. O grande problema dessa medida, pensando apenas nos seus desdobramentos sobre o desenvolvimento econômico, é que esse projeto de desenvolvimento de pesquisa está ligado à estrutura empresarial de ``hoje'' (aspas para enfatizar, já que o Face não permite negritos), e não ligado a uma estrutura produtiva que poderia ser bastante diferente. Bom, qual parte da estrutura produtiva de ``hoje'' está em franco crescimento? O setor exportador de matérias-primas e produtos semi-elaborados. E quais as implicações disso? Destaco duas. Primeiro, a interação ``universidade-empresa'' nos coloca no papel de subordinados da economia mundial. Segundo, se no futuro passarmos por uma crise econômica mais forte (o que não é mera futurologia, já que crises são comprovadamente recorrentes), e essa crise futura implicar uma reorientação da economia para evitar grandes danos, serão demandadas novas soluções aos pesquisadores das universidades que, naquele momento, só terão respostas que se encaixam com o modelo anterior, já esgotado. Em outras palavras, tornar a pesquisa científica cada vez mais rígida parte da suposição que a sociedade também se mantém rígida, sem grandes mudanças. E essa é uma suposição sem nenhum fundamento e constantemente desmentida pela história, inclusive pela história recente do Brasil. O financiamento público de pesquisa garante que os objetivos sejam públicos, e pode-se definir para a sociedade um modelo não subordinado na economia mundial; e a produção autônoma de conhecimento pode garantir linhas de pesquisa diversas no lugar da pesquisa única, o que nos garante boas propostas de ação em momentos adversos. É por isso que a redução da autonomia de pesquisa ora em curso tem efeitos nefastos não apenas para os professores universitários, mas também para a sociedade num futuro um tanto próximo. Frear esse processo é um dos propósitos da atual greve. \newpage %---------------------------------------- % ____ __ _ _ % / ___| __ _ / _| __ _| |_| | ___ % \___ \ / _` | |_ / _` | __| |/ _ \ % ___) | (_| | _| (_| | |_| | __/ % |____/ \__,_|_| \__,_|\__|_|\___| % %---------------------------------------- % -------------------- % * «safatle» (to ".safatle") % (sec "Apêndice: Amar uma ideia" "safatle") % (find-djvupage "~/SCANS/safatle.djvu") \section{Apêndice: ``Amar uma ideia''} \label{safatle} (Texto de Vladimir Safatle, transcrito do livro \fnhref{http://boitempoeditorial.wordpress.com/2012/04/02/lancamento-boitempo-occupy-movimentos-de-protesto-que-tomaram-as-ruas/}{Occupy} - Boitempo, 2012) \msk {\small (Transcrição de uma conferência improvisada no Vale do Anhangabaú, em outu\-bro de 2011, a pedido de estudantes que se mobilizaram através do movimento Ocupa Sampa. O texto guarda seu caráter oral, acrescido em alguns pontos, para esta edição, de trechos que escrevi sobre as manifestações de 2011.)} \msk {\it Que tempos são estes / em que uma conversa} {\it é quase um crime, / por incluir o já explícito?} \msk Paul Celan, ``Uma folha, desarvorada, para Bertold Brecht'' \subsection*{O espaço do universal} O que vocês estão fazendo aqui? Essa me parece uma boa maneira de começar. Até porque não são poucos os que dizem que vocês não sabem a resposta. Mas, para mim, se ha alguem que sabe o que faz são vocês. Na verdade, vocês são peças da engrenagem que se montou de maneira completamente inesperada e imprevisível em várias partes do mundo. Existem certos momentos na história em que um acontecimento aparentemente localizado, regional, tem a força de mobilizar uma série de outros processos que se desencadeiam em diversas partes do mundo. Ou seja, as ideias, quando começam a circular, desconhecem as limitações do espaço, pois têm a força para construir um novo. E, de certa forma, vocês aqui são peças de uma ideia que aos poucos constrói um novo espaço por meio dessas mobilizações mundiais em cidades como Nova York, Cairo, Túnis, Madri, Roma, Santiago e agora São Paulo. Lembro-me de um exemplo que expõe claramente a maneira como uma ideia pode ignorar seu espaço original. No início do século XIX, Napoleão enviou tropas à colônia do \Index{Haiti}. O objetivo era retomar o poder da mão de escravos rebelados comandados por Toussaint l'Ouverture e, com isso, reinstaurar a escravidão. Num estudo clássico, Cyril James conta o momento em que os soldados franceses, imbuídos dos ideais da Revolução Francesa, ouvem a ``Marselhesa'' ser cantada por seus oponentes, os negros. Desnorteados, os franceses se perguntam como era possível ouvir sua própria voz vinda do outro lado da batalha. Afinal, contra quem eles estavam lutando, a não ser contra seus próprios ideais?\footnote{C. L. R. James, Os jacobinos negros (São Paulo, Boitempo, 2000). (N.E.)} Aquela experiência foi decisiva para quebrar-lhes o espírito de combate. A derrota foi uma consequência natural. Esse pequeno fato histórico nos nos ensina o que acontece quando uma ideia encontra seu próprio tempo e constrói um novo espaço. Ela demonstra que estava presente em vários lugares, à espera do melhor momento para dizer claramente seu nome. Quando os franceses ouvem sua própria música vinda do campo inimigo, eles, no fundo, descobrem que não são seus verdadeiros autores. Quem a compôs foi uma ideia que usa os povos para se expressar. Quando isso fica evidente, um momento histórico se abre, impulsionado pela efetivação de exigências de universalidade. Esta é a força impressionante das ideias; elas explodem contextos, dão novas configurações para uma relação radical e fundamental de igualdade. Mas por que é interessante lembrar disso agora? Talvez porque, de certa maneira, seja o que vocês fazem aqui. Vocês procuram fazer com que uma ideia que apareceu inicialmente em um lugar determinado - mais precisamente, na Tunísia, com suas manifestações populares contra a ditadura Ben Ali, animadas por slogans como {\it O povo exige} - comece a circular de forma tal que possa mobilizar populações absolutamente dispersas e diferentes em torno de uma noção central. A noção de que ``nossa democracia não existe ainda, nossa democracia ainda não chegou, nós ainda esperamos uma democracia por vir''. \subsection*{Democracia por vir} O regime que nos governa pode não ser uma ditadura nem um sistema totalitário, mas ainda não é uma democracia. E nenhum de nós quer viver nesse limbo, no purgatório entre um regime de absoluto autoritarismo e uma democracia esperada. Não queremos uma democracia em processo contínuo, incessante, de degradação, que já nasce velha. Por isso, quando as mani\-fes\-tações de ocupação insistem que ainda falta muito para alcançarmos a democracia real, elas colocam uma questão que até o momento não podia ter direito de cidadania, porque nos ensinaram que, se criticarmos a democracia parlamentar tal como ela funciona hoje, estaremos, no fundo, fazendo a defesa de alguma forma velada de autoritarismo. Quantos não se comprazem em nos olhar e dizer: o que vocês querem? Vocês não querem um Estado democrático de direito? Então vocês querem o quê? No entanto, se há algo que a verdadeira política democrática nos exige é só falar de democracia no tempo futuro, só falar de democracia como democracia por vir. Quando se acredita que a democracia já está realizada no nosso ordenamento jurídico, já está realizada no nosso Estado, na situação social presente, então todas as imperfeições do presente ganham o peso da eternidade, aparentam ser eternas e impossíveis de superar. Na verdade, parece ser crimi\-noso tentar superá-las sem respeitar os procedimentos jurídico-normativos criados, na maioria das vezes, exatamente para que nenhuma superação real seja efetiva. É essa consciência de que as imperfeições do presente ganharam o peso da eternidade que levou manifestantes no Reino Unido, na Espanha e na França a exigirem ``democracia real''. Vocês podem se perguntar o que há de fictício na democracia de países que aprendemos a ver como exemplos de sistemas políticos consolidados. Por que largas parcelas de sua população compreendem que há algo no jogo democrático aparentemente reduzido exatamente à condição de mero jogo? Talvez os manifestantes tenham entendido que a democracia parlamentar é incapaz de impor limites e resistir aos interesses do sistema financeiro. Ela é incapaz de defender as populações quando os agentes financeiros começam a operar, de modo cínico, claro, a partir dos princípios de um capitalismo de espoliação dos recursos públicos. Não é por outra razão que se ouve, cada vez mais, a afirmação de que a alternância de partidos no poder não implica mais alternativas de modelos de compreensão dos conflitos e políticas sociais. Por isso, o cansaço em relação aos partidos tradicionais não é sinal do esgotamento da política. Na verdade, é o sintoma mais evidente de uma demanda de política, de uma demanda de politização da economia. Em momentos assim, devemos lembrar que a democracia parlamentar não é o último capítulo da democracia efetiva. A Islândia tem algo a nos ensinar sobre isso. Um dos primeiros países atingidos pela crise econômica de 2008, a Islândia decidiu que o uso do dinheiro público para indenizar os bancos seria objeto de plebiscito, Maneira de recuperar um conceito decisivo, mas bem esquecido, da democracia: a soberania popular. O resultado foi o apoio massivo ao calote. Mesmo sabendo dos riscos de tal decisão, o povo islandês preferiu realizar um princípio básico da soberania popular: quem paga a orquestra escolhe a música. Se a conta vai para a população, é ela quem deve decidir o que fazer, e não um conjunto de tecnocratas que terão seu emprego garantido nos bancos ou de parlamentares cujas campanhas são financiadas por estes. Como disse o presidente islandês Ólafur Ragnar Grímsson: ``A Islândia é uma democracia, não um sistema financeiro''. O interessante ê que, com isso, saiu-se dos impasses da democracia parlamentar para dar um passo decisivo em direção a uma democracia plebiscitária capaz de institucionalizar a manifestação necessária da soberania popular. É tal processo que nos situa nas vias de uma democracia real. Ele é a condição primeira para sair da crise, pois a verdadeira questão que esta nos coloca é política: ``Que regime político é esse que permitiu tamanho descalabro na calada da noite?''. \subsection*{Pensar é a melhor maneira de agir} No entanto, ao colocar questões dessa natureza é necessário de fato estar disposto a discutir. Esse é um ponto extremamente interessante, porque quando vocês afirmam ``nós queremos discutir'', outros logo respondem ``eis a prova de que eles não sabem o que querem''. Por exemplo, observem que interessante, quem passa por aqui não vê nenhuma palavra de ordem, nenhuma proposta no sentido forte do termo, ``nós queremos isso, isso e isso!''. Em princípio, pode parecer um problema, mas eu diria que se trata de uma grande virtude. Atualmente, boa parte da imprensa mundial gosta de transformá-los em caricaturas, em sonhadores vazios sem a dimensão concreta dos problemas. Como se esses arautos da ordem tivessem alguma ideia realmente sensata de como sair da crise atual. Na verdade, eles nem sequer sabem quais são os verdadeiros problemas, já que preferem, por exemplo, nos levar a crer que a crise grega não é o resultado da desregulamentação do sistema financeiro e de seus ataques especulativos, mas da corrupção e da ``gastança'' pública. Nesse sentido, nada mais inteligente do que uma pauta que afirme: ``Queremos discutir''. Trata-se de dizer que, após décadas de repetição compulsiva de esquemas liberais de análise socioeconômica, não sabemos mais pensar e usar a radicalidade do pensamento para questionar pressupostos, reconstruir problemas, recolocar hipóteses na mesa. Mas, com o objetivo de encontrar uma verdadeira saída, devemos primeiro destruir as pseudocertezas que limitam a produtividade do pensamento. Quem não pensa contra si nunca ultrapassará os problemas nos quais se enredou. lsso é o que alguns realmente temem: que vocês aprendam a força da critica. Quando perguntam ``afinal, o que voces querem?'', é só para dizer, após ouvir a resposta, ``mas vocês estão loucos''. Porém, toda grande ideia apareceu, para os que temem o futuro, como loucura. Se vocês me permitem, eu gostaria de fazer um pequeno parêntese em direção à história da filosofia. Em {\it Carta sobre O humanismo}\footnote{São Paulo, Centauro, 2005. (N.E.)}, Martin Heidegger é confrontado com uma pergunta a respeito da relação entre pensamento e práxis. Marx já dissera que a função da filosofia era transformar o mundo, e não simplesmente interpretá-lo\footnote{Karl Marx, ``{\it Ad} Feuerbach'', em Karl Marx e Friedrich Engels, {\sl A ideologia alemã} (São Paulo, Boitempo, 2007), p. 535. (N.E.)}. Heidegger faz um adendo de rara precisão: ``O pensamento age quando pensa''. Esse agir próprio ao pensamento talvez seja o mais difícil e decisivo. Não se trata da velha crença de o pensamento ser, no fundo, um subterfúgio contra a ação, uma compensação quando não somos capazes de agir. Se podemos dizer que o pensamento age quando pensa é porque ele é a única atividade com a força de modificar nossa compreensão do que, de fato, é um problema, de qual é o verdadeiro problema que temos diante de nós e que nos impulsiona a agir. É o pensamento que nos permite compreender a existência de uma série de ações que são, simplesmente, lances no interior de um jogo cujo resultado já está decidido de antemão. A sociedade capitalista contemporânea procura dar aos sujeitos a impressão de possibilidades infinitas, de que eles podem decidir sobre tudo a todo momento. Um pouco como as escolhas de consumo, cada vez mais ``customizadas'' e particularizadas. No entanto, talvez seja correto dizer que essa ação não é um verdadeiro ``agir'' pois é incapaz de mudar as possibilidades de escolha, previamente determinadas. Ela não produz seus próprios objetos, apenas seleciona objetos e alternativas já postos à mesa. Por isso, essa ação não é livre. Quando realmente pensamos, conseguimos ir além dessa liberdade reduzida a um simples livre-arbítrio, cujas escolhas são feitas no interior de um quadro imposto, e não produzido por cada um. Por isso, o pensamento, quando aparece, exige que toda ação não efetiva pare, com o intuito de que o verdadeiro agir se manifeste. Nessas horas, entendemos como, muitas vezes, agimos para não pensar. Pensar de verdade significa pensar em sua radicalidade utilizar a força crítica e radical do ensamento. uando a força crítica do pensamento começa a agir todas as respostas se tornam possíveis e alternativas novas aparecem na mesa. Nesses momentos, é como se o espectro das possibilidades aumentasse, pois para que novas propostas apareçam é necessário que saibamos, afinal de contas, quais são os verdadeiros problemas. \subsection*{O desencanto como afeto central do político} Mas por trás da necessidade de discussão, de reconstrução do Caráter real da democracia, há um afeto que vocês devem saber guardar sempre, porque é o motor de toda crítica. Trata-se do profundo sentimento de mal-estar e desencanto que todos vocês sentem e que os faz estar aqui. É a angústia do desencanto que nos une, que faz com que o mesmo sentimento apareça em Túnis e São Paulo, Cairo e Nova York. Esse é o sentimento mais verdadeiro que temos, aquele com mais força para nos colocar em ação. No entanto, vivemos numa sociedade em que o desencanto e o mal-estar são vistos imediatamente como sintomas de alguma doença que deve ser tratada o mais rápido possível nem que seja preciso dopar todos com antidepressivos ou qualquer coisa dessa natureza. Mas é isso que vocês têm de mais concreto, de mais real. Esse é o índice de que há algo errado, não com vocês como indivíduos, mas com a vida social da qual fazem arte. Por essa razão é muito importante que vocês sejam capazes de se mobilizar para dizer que esse mal-estar não é um problema individual, é um problema da sociedade, da vida social. Nesse sentido, eu diria que cada época tem um afeto que a caracteriza. Nos anos 1990, foi a euforia, marca de um mundo supostamente a sem fronteiras, pós-ideológico e animado pelas promessas da globalização capitalista. Na primeira década do século XXI, os ataques terroristas aos EUA conseguiram transformar o medo em afeto central da vida social. O discurso político reduziu-se a pregações, cada vez mais paranoicas, sobre segurança, perda de identidade e fim necessário da solidariedade social. Agora, porém, vemos uma mudança fundamental na dimensão afetiva: graças a vocês, novos laços sociais paulatinamente apareceram, levando em conta a força produtiva do desencanto. Esse é um dado novo. Desde o final dos anos 1970, as sociedades capitalistas não tinham mais o direito de acreditar na produtividade do desencanto. Fomos ensinados a ver nele um afeto exclusivamente ligado aos fracassados, depressivos e ressentidos, nunca aos produtores de novas formas. Em {\it Suave é a noíte}\footnote{Rio de Janeiro, Best Bolso, 2008. (N.E.)}, Scott Fitzgerald apresenta um de seus personagens dizendo que sua segurança intacta era a marca de sua incompletude. Tal personagem nunca sentira a quebra de suas certezas, a desarticulação de seus valores, por isso continuava incompleto. Ele não tinha o desencanto necessário para explorar, sem medo, a plasticidade do novo. Não temos mais esse problema, pois sabemos que todo verdadeiro movimento sempre começa com a mesma frase: ``Não acreditamos mais''. Não acreditamos mais nas promessas de desenvolvimento social, de resolução de conflitos dentro dos limites da democracia parlamentar, de consumo para todos. Sempre demora para que tal frase se transforme em um: ``Agora sabemos o que queremos''. Tal demora é o tempo que o desencanto exige para maturar sua produtividade. Como sempre, essa maturação acaba chegando quando menos esperamos. \subsection*{A geração que quebrou o mundo} Termino lembrando o seguinte: hoje, nem acredito, estou chegando aos qua\-ren\-ta anos. Lembro que na idade de vocês, dezoito, dezenove, vinte anos, costumava ouvir que não havia mais luta política a ser feita, que o mundo estava globalizado e o que valia era a eficácia, a capacidade de assumir riscos, de ser criativo, inovador, de preferência em uma agência de publicidade ou no departamento de marketing de uma grande empresa. Se assumíssemos essa nova realidade, entraríamos em um futuro radiante onde só haveria vencedores e {\it raves}, onde os que ficassem pra trás teriam, no fundo, um problema moral, pois não haviam tido a coragem de assumir riscos, a necessidade de inovação e coisas do tipo. Bem, vejam que interessante. Exatamente essas pessoas que ouviram e acreditaram em tal discurso há vinte anos e que, como eu, estão hoje perto dos quarenta anos foram trabalhar no sistema financeiro e conseguiram criar uma crise maior que a de 1929, da qual ninguém sabe sair. Ou seja, eles simplesmente conseguiram quebrar o mundo. Para essa geração, não era possível que o futuro fosse diferente do presente. Ela não acreditava, em hipótese nenhuma, na capacidade de transformação da participação popular, considerava isso chavão ideológico no limite do ridículo. Como assim participação popular? lsso não existe mais! Manifestaçöes, isso não existe! Vocês não deveriam existir. Por isso, essa geração é a primeira a dizer que vocês não sabem o que fazem, que vocês são sonhadores que, no máximo, podem aparecer como fundo de um comercial de jeans. Pois, se vocês mostrarem que a força crítica do pensamento é capaz de reconstruir nossas relações sociais, então eles se perguntarão: mas o que nós fizemos durante todo esse tempo? Como fomos capazes de acreditar piamente no que agora desmorona? Agora, vejam que coisa interessante. Se tivermos um pouco de de cuidado, notaremos que as manifestações que ocorreram este ano trouxeram pautas extremarnente precisas. Santiago do Chile colocou 400 mil pessoas na rua para pedir educação pública de qualidade e gratuita para todos. Esse é um belo exemplo. Eis uma proposta que parece ser de muito regional, mas-que no fundo modifica radicalmente a estrutura econômica do país. Para garantir a educação pública, o Estado tem de ter mais dinheiro. E como ele faz isso? Taxando mais dos ricos, que não pagam impostos em lugar nenhum da América Latina. No fundo, uma proposta como essa significa uma redistribuição de renda radical por meio do uso democrático do Estado como aparelho de consolidação de serviços públicos que melhorem a vida do cidadão. Ou seja, uma proposta extremamente precisa. Vejam, por exemplo, o que dizem os indignados na Espanha: ``Nossa democracia parlamentar faliu junto com o sistema econômico que ela sustentava''. Por que a crise econômica licou desse tamanho? Que maldito sistema político é esse que permite uma crise tão grande, que não con- segue enquadrar a ala mais terrorista do sistema financeiro? Façam esse exercício, acessem a internet e peguem os balanços dos bancos que estavam quebrados há três anos. Hoje, todos estão extremamente superavitários. De onde vem esse dinheiro? Vem do Estado! Então devemos nos perguntar que tipo de sistema político é esse que é incapaz de colocar contra a parede quem destrói a vida, a propriedade. Fala-se em defesa da propriedade privada. Como bem lembrou Slavoj Zizek, esses bancos conseguiram destruir a propriedade privada de um número maior de pessoas do que Lenin tinha tentado fazer em 1917. Alguém devia ter colocado esse pessoal para trabalhar para nós. Vejam bem, as pautas são extremamente precisas e conscientes, de uma clareza e visão cirúrgica. Esta é mais uma demonstração de quando o pensamento começa a agir: as pautas reais aparecem. Daqui a cinco anos vão se perguntar ``Como acreditamos durante tanto tempo que nenhum acontecimento real pudesse ocorrer?''. Daqui a cinco anos. o nível de descontentamento e a insatisfação serão tamanhos que vão se perguntar como se acreditou durante tanto tempo que a roda da história estava parada, que não havia muito mais a se esperar a não ser uma espécie de acerto gerencial de rota a partir dos princípios postos pelo liberalismo econômico. Vocês são o primeiro passo de um grande movimento que só começou agora, Esses processos são lentos. No entanto, como diz Freud, ``a razão pode falar baixo, mas nao se cala . Agora, percebemos algo fundamental: não dá mais para confiar em partidos, sindicatos, estruturas governamentais que podem ter suas funções em certos momentos, mas não têm nenhuma capacidade de ressoar a verdadeira necessidade de rupturas. Vejam, por exemplo, o caso da Grécia: qual partido governa a Grécia? Um clássico partido social-democrata (Movimento Socialista Pan-Helênico, Pasok na sigla original), em princípio de esquerda. Qual partido governa a Espanha? Um clássico partido social-democrata (Partido Socialista Operário Espanhol, PSOE), dito de esquerda. Com uma esquerda desse tipo, ninguém precisa de direita. Todos jogam no mesmo time. A única diferença é que um faz isso com dor no coração, ``Olha vou ter de arrebentar seu salário, não gostaria disso'', enquanto o outro o faz cantando ``Você era um funcionário público inútil'', e por aí vai. Fora isso, a diferença é mínima, retórica. lsso significa simplesmente o quê? A época em que nos mobilizávamos tendo em vista a estrutura partidária acabou, acabou radicalmente. Pode ser que ainda não saibamos o que vai aparecer, o que não vai acontecer, como as coisas se darão daqui para a frente. Podemos não saber o que vai acontecer no futuro, que tipo de nova organização política aparecerá, mas sabemos muito bem onde acontecimentos não ocorrerão. Com certeza não nas dinâmicas partidárias. Você tem uma força de pressão enquanto está fora do jogo partidário. Quando entrarmos nele, tal força diminui. Então, conservem este espaço! \vfill % (find-es "qrcode" "qrencode") \phantom{a} \hfill \begin{tabular}{r} \includegraphics[scale=0.4]{qrcode.png} \\ \href{http://angg.twu.net/\#quadradinho}{http://angg.twu.net/} \\ \href{http://angg.twu.net/\#quadradinho}{\#quadradinho} \\ \end{tabular} % (find-es "tex" "makeindex") % (find-anggfile "quadradinho/quadradinho-a5.ind") % (find-classespage 43 "\\newenvironment{theindex}") % (find-classestext 43 "\\newenvironment{theindex}") \def\indexname{Mini-índice} \def\indexspace{\ssk} \printindex % \show\theindex % \show\printindex % (eepitch-comint "q" "pdflatex quadradinho-a5.tex") % (eepitch-kill) % (eepitch-comint "q" "pdflatex quadradinho-a5.tex") % (setq last-kbd-macro (kbd "C-x 1 C-x 3 M-o <<c>>")) % Local Variables: % coding: raw-text-unix % ee-anchor-format: "«%s»" % End: